22-09-2005
Marcelo Nuno
A sondagem que conta é a das urnas
O Dr. Batista teve esta semana outro tropeção. Depois ter andado a “cantar” vitória nos debates, e de apregoar aos sete ventos a existência de sondagens que o colocavam “perto” do seu opositor, eis que mais uma insuspeita sondagem arrasa a estratégia das últimas semanas, e confirma aquilo que, apesar do esforço de encenação do Dr. Batista, já toda a gente sabia: o Dr. Encarnação ganhará as eleições autárquicas com uma margem bastante folgada.
A referida sondagem sugere aliás uma diferença de mais do dobro entre os votos no Dr. Encarnação e os votos no Dr. Batista (54% dos votos para um e 26 por cento para o outro), o que me parece suficientemente esclarecedor dos méritos que os cidadãos de Coimbra reconhecem a um e (não reconhecem) a outro.
Ora, se as diferenças são tão grandes como pode o Dr. Batista afirmar que está “muito perto”, apenas a uns “pontitos” do seu opositor? Será possível um engano tão grande? Alguém no seu perfeito juízo acreditará nisso?
A resposta parece–me óbvia: o Dr. Batista tem que alimentar a esperança dos que o seguem para ter um resultado, ao menos, sofrível.
Eu acho que faz mal. Primeiro porque as pessoas que o ajudam gostam de acreditar no que fazem, logo não é com mentiras que as vai mobilizar. Depois porque ficará à mercê dos seus adversários internos quando o seu capital político for delapidado pelo resultado nas urnas. Mais lhe valia partir das sondagens (que são de facto muito más!) e tentar obter um resultado final mais honroso, cantando vitória por cada pontito a mais em relação à projecção mais desfavorável.
Basta ver o que aconteceu recentemente a um outro político (bem mais mediático que o Dr. Batista) que também insistia em negar as evidências e vociferava contra as sondagens, para ver que o caminho que o Dr. Batista está a seguir o vai levar a uma estrondosa decepção. E os seus adversários internos não lhe vão perdoar quando tiverem a oportunidade de cobrar pelos resultados que apresentar ao seu partido.
Por outro lado, já vai sendo penoso ver o Dr. Batista, cada vez mais nervoso, a convocar conferências de impressa cada vez que surge uma sondagem desfavorável. E lá vem ele de sondagem no bolso mostrar que está apenas a um “pontito”!...
Onde estão as ideias?
Temos que reconhecer que o Dr. Batista é um político esforçado. Anda por todo o lado, fala de tudo o que lhe aparece pela frente, enfim, é um autêntico “todo–o–terreno”.
Contudo, a sua propensão para os números e para as contas é o que se sabe!... Quem não se lembra da célebre contagem dos tractores numa manifestação? E, mais recentemente, os números do desemprego em Coimbra? Agora, numa festa organizada pela autarquia, na qual estiveram presentes 610 idosos, o Dr. Batista (que nem lá esteve!!) contou apenas 150. O episódio por si só não tem o menor interesse (não é por estarem mais ou menos idosos numa festa organizada pela autarquia que alguém vai ganhar as eleições!), mas revela bem o desespero em que o Dr. Batista começa a cair.
Este desespero que fará aumentar o tom das críticas e descer o nível do debate e da campanha à medida que a data das eleições se aproximar, sem que o Dr. Batista veja a sua figura reconhecida pelos eleitores. À medida que vai sentindo o tempo fugir–lhe por entre as mãos o Dr. Batista preferirá a chicana política ao debate o insulto às ideias a maledicência às propostas para a cidade. Conhecendo a estirpe da personagem não será de esperar muito mais.
Resta por isso esperar que os cidadãos de Coimbra reforcem de facto a votação no Dr. Carlos Encarnação, num gesto de reconhecimento por tudo o que trouxe a Coimbra nestes 4 anos, mas sobretudo numa atitude de clara afirmação das evidentes diferenças entre as alternativas que têm pela frente na escolha de quem deve conduzir os destinos da autarquia nos próximos 4 anos.
Todos sabem que o Dr. Encarnação é uma primeiríssima escolha e que o Dr. Batista foi uma escolha de recurso. As opções que os partidos fazem para a cidade demonstram também o respeito que têem pelos seus cidadãos. E isto deve pesar na escolha dos eleitores.
Dos melhores artigos de jornal que li até hoje!!!
Está excelente..a seriedade vale mil e uma palavras!
