Universidade aplica regime de prescrições

[Pedro]

Assim como há muito professor que não é o que afirmam por aqui.

Também é verdade, mas infelizmente são uma minoria. O mal é que os professores acham que podem fazer tudo... metem na cabeça que, lá porque são professores universitários, são deuses. E o pior é que é a isso que os habituam. Desde professores que não sabem dar aulas até professores que não sabem gerir a carga de trabalho que dão aos alunos, passando por professores que acham que ter a mais elevada taxa de reprovação é sinónimo de qualidade até professores que dão aulas apenas como passatempo, para manterem a investigação, já vi de tudo. E a grande maioria dos que conheço são assim.

Quanto aos exemplos de alunos que dás, nem sei o que te diga. Acho que te andas a dar com o pessoal errado, porque só dás exemplos de pessoas que nem deviam ser alunos universitários. A realidade com que eu me deparei quando andava na universidade era completamente diferente.

[Dracula]

pois..quando eu andava por lá, também era diferente (embora não faltassem os borgas). Mas hoje em dia é um bocado assim: muito queixinhas e com pouca vontade de trabalhar.

Em relação aos professores, sabes que não é o dar aulas que faz progredir na carreira. E como todas as pessoas, os professores também gostam de progredir na carreira e ganhar mais. Quem não quer sempre ganhar mais e subir na carreira, que atire a primeira pedra

[Pedro]

pois..quando eu andava por lá, também era diferente (embora não faltassem os borgas). Mas hoje em dia é um bocado assim: muito queixinhas e com pouca vontade de trabalhar.

Ah, estás a basear-te no que ouves dizer... aí está a diferença. O que eu vi (e só saí de lá há um mês, pelo que duvido que tenha mudado) era completamente diferente. É a tal questão da imagem que eu digo... infelizmente, dá muito jeito a imensa gente passar a imagem de que os estudantes são preguiçosos.

Em relação aos professores, sabes que não é o dar aulas que faz progredir na carreira. E como todas as pessoas, os professores também gostam de progredir na carreira e ganhar mais. Quem não quer sempre ganhar mais e subir na carreira, que atire a primeira pedra

E é isso que está errado! É precisamente esse o ponto a que eu queria chegar. Se são professores, deviam progredir pela sua capacidade de dar aulas. Enquanto quem decide não entender isso, o nosso ensino dificilmente será de qualidade.

[Dracula]

Não, não estou a basear-me no que ouço dizer..estou a basear-me em experiência própria . Acho que ainda não percebeste é o que é que eu faço...

[Pedro]

Pois, já suspeito desde o início da discussão que és professor universitário. Logo, é normal teres essa visão das coisas. E esse é um dos pontos principais do problema... os professores estão demasiado habituados a não serem culpados.

[Dracula]

Sim, mas não te esqueças que antes disso já fui aluno . Sim, também apanhei com alguns professores, que deus me livre. Mas acho que no geral tive sorte . Creio também que tal se deve ao facto de ter frequentado o que considero uma das melhores universidades (na minha opnião, claro) deste país.

Além disso, tenho a sensação constante que o nivel de exigência está a baixar de mais (males de um financiamento baseado no número de alunos) e que os alunos que nos chegam parecem cada vez menos preparados e mais "queixinhas". É claro que felizmente também há excepções.

Continuo a achar também que uma grande culpa está naquele choque inicial que os alunos sofrem, quando entram pela primeira vez no ensino superior, choque este derivado da grande diferença de "ser" e estudar do ensino superior em relação ao ensino secundário (e que também já foi referido no outro tópico pela Jules).

É por isso que concordo com a iniciativa do ano zero, pois acho que pode ajudar a diminuir o choque.

Depois há outras coisas que tens que entender: o objectivo de uma universidade não é só ensinar os alunos. É essencialmente um local de investigação. Num sistema perfeito, numa boa universidade terias professores e investigadores. A carreira de investigador existe, só que os vinculos são tão fracos (entre outros problemas), que ninguem opta por essa opção .

Por isso a grande mudança deve vir é de cima.

[Pedro]

Sim, mas não te esqueças que antes disso já fui aluno . Sim, também apanhei com alguns professores, que deus me livre. Mas acho que no geral tive sorte . Creio também que tal se deve ao facto de ter frequentado o que considero uma das melhores universidades (na minha opnião, claro) deste país.

Eu aí tive azar. Posso contar com uma mão os professores bons que tive. Mas também venho de um departamento que, infelizmente, está "podre". Os maus professores é que prosperam apenas porque fazem investigação ou porque controlam determinada empresa, os programas das cadeiras estão adaptados às necessidades específicas das empresas das quais os professores são sócios (e que lidam em nichos de mercado pouco representativos) em vez de estarem adaptados às reais necessidades, os professores não têm a mínima capacidade de planeamento em termos de ajustar a carga de trabalho, etc.

Além disso, tenho a sensação constante que o nivel de exigência está a baixar de mais (males de um financiamento baseado no número de alunos) e que os alunos que nos chegam parecem cada vez menos preparados e mais "queixinhas". É claro que felizmente também há excepções.

Acho que é mais complicado do que isso. Os critérios de entrada no ensino superior precisam de uma renovação completa. A média do secundário não devia ser o único critério.

Continuo a achar também que uma grande culpa está naquele choque inicial que os alunos sofrem, quando entram pela primeira vez no ensino superior, choque este derivado da grande diferença de "ser" e estudar do ensino superior em relação ao ensino secundário (e que também já foi referido no outro tópico pela Jules.

Acho que o ano zero, como está definido, não vai alterar isso. Eu concordaria se fosse um ano a sério, agora três cadeiras básicas num ano inteiro? Três por semestre seria um bom começo, aproveitando para ensinar matérias que alguns alunos dão no primeiro ano. Eu não sou contra este conceito, apenas acho má a implementação que vai ter neste caso (e que parece apenas um modo de obter dinheiro).

Depois há outras coisas que tens que entender: o objectivo de uma universidade não é só ensinar os alunos. É essencialmente um local de investigação. Num sistema perfeito, numa boa universidade terias professores e investigadores. A carreira de investigador existe, só que os vinculos são tão fracos (entre outros problemas), que ninguem opta por essa opção .

Pois, é esse o problema. Neste momento, existem demasiados investigadores e poucos professores. Não sabem dar aulas, colocam a investigação à frente dos alunos, tratam alunos estagiários como "escravos pessoais"... há muita coisa errada no modelo actual. Por isso é que eu defendo uma avaliação a sério dos professores. No Departamento de Engenharia Informática posso garantir-te que seriam poucos a manter o emprego, se tal ocorresse.

[Ingersoll]

Eu acho que isto teria lógica se o ensino superior fosse gratuito e de qualidade.

Não há nada "gratuito". Alguém o tem que pagar.

[Pedro]

Não há nada "gratuito". Alguém o tem que pagar.

Ok... esse comentário é um bocado "duh". No contexto da discussão, acho que é óbvio que me refiro a ensino gratuito no sentido de quem estuda não ter de pagar propinas...

[Ingersoll]

Não há nada "gratuito". Alguém o tem que pagar.

Ok... esse comentário é um bocado "duh". No contexto da discussão, acho que é óbvio que me refiro a ensino gratuito no sentido de quem estuda não ter de pagar propinas...

Convém sempre lembrar, uma vez que há muita gente que se esquece disso.

[NiGhT]

Sim, mas não te esqueças que antes disso já fui aluno . Sim, também apanhei com alguns professores, que deus me livre. Mas acho que no geral tive sorte . Creio também que tal se deve ao facto de ter frequentado o que considero uma das melhores universidades (na minha opnião, claro) deste país.

Eu aí tive azar. Posso contar com uma mão os professores bons que tive. Mas também venho de um departamento que, infelizmente, está "podre". Os maus professores é que prosperam apenas porque fazem investigação ou porque controlam determinada empresa, os programas das cadeiras estão adaptados às necessidades específicas das empresas das quais os professores são sócios (e que lidam em nichos de mercado pouco representativos) em vez de estarem adaptados às reais necessidades, os professores não têm a mínima capacidade de planeamento em termos de ajustar a carga de trabalho, etc.

Além disso, tenho a sensação constante que o nivel de exigência está a baixar de mais (males de um financiamento baseado no número de alunos) e que os alunos que nos chegam parecem cada vez menos preparados e mais "queixinhas". É claro que felizmente também há excepções.

Acho que é mais complicado do que isso. Os critérios de entrada no ensino superior precisam de uma renovação completa. A média do secundário não devia ser o único critério.

Continuo a achar também que uma grande culpa está naquele choque inicial que os alunos sofrem, quando entram pela primeira vez no ensino superior, choque este derivado da grande diferença de "ser" e estudar do ensino superior em relação ao ensino secundário (e que também já foi referido no outro tópico pela Jules.

Acho que o ano zero, como está definido, não vai alterar isso. Eu concordaria se fosse um ano a sério, agora três cadeiras básicas num ano inteiro? Três por semestre seria um bom começo, aproveitando para ensinar matérias que alguns alunos dão no primeiro ano. Eu não sou contra este conceito, apenas acho má a implementação que vai ter neste caso (e que parece apenas um modo de obter dinheiro).

Depois há outras coisas que tens que entender: o objectivo de uma universidade não é só ensinar os alunos. É essencialmente um local de investigação. Num sistema perfeito, numa boa universidade terias professores e investigadores. A carreira de investigador existe, só que os vinculos são tão fracos (entre outros problemas), que ninguem opta por essa opção .

Pois, é esse o problema. Neste momento, existem demasiados investigadores e poucos professores. Não sabem dar aulas, colocam a investigação à frente dos alunos, tratam alunos estagiários como "escravos pessoais"... há muita coisa errada no modelo actual. Por isso é que eu defendo uma avaliação a sério dos professores. No Departamento de Engenharia Informática posso garantir-te que seriam poucos a manter o emprego, se tal ocorresse.

O Pedro disse tudo. Venho do mesmo departamento do Pedro e sei o que é ficar na merda por causa de um ou mais professores... E o pior é que são sempre os mesmos. Dracula, compreendo quando é dito que nem todos os professores têm culpo. Veritas. Mas nem todos os alunos são calões.

[dawn_to_dusk_]

o dracula fala comom se fosse o meu prof de calga do ano passado!

[dL]

Sim, mas não te esqueças que antes disso já fui aluno . Sim, também apanhei com alguns professores, que deus me livre. Mas acho que no geral tive sorte . Creio também que tal se deve ao facto de ter frequentado o que considero uma das melhores universidades (na minha opnião, claro) deste país.

olá

Eu, na qualidade de aluno, queria-te perguntar só umas coisas já que és professor..
vocês já sabiam disto das prescrições, quando entravam em vigor, e como?

é que acho que toda a gente ficou surpreendida.

já agora, concordas da forma que toda a gente foi informada, e principalmente, da forma tão tardia?

Obrigado