TRANSPORTES - Nova linha nasce para ligar Solum à Universidade
SMTUC alargam rede de tróleis
Expansão da rede de tróleis, com abertura de um novo troço na Solum, desperta a cidade para as vantagens deste transporte ecológico.
Os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) estão a finalizar a instalação da nova linha de troleicarros entre a Solum e a Universidade, passando pelos Olivais e Praça da República.
A Câmara Municipal rejeitou, dia 10, o trajecto do metro ligeiro proposto pela Metro Mondego para a Solum, tendo o presidente do executivo municipal, Carlos Encarnação, exigido do Governo um compromisso escrito para a imediata electrificação do troço urbano do projecto, que abrange o Ramal da Lousã.
Manuel Oliveira, administrador-delegado dos SMTUC, prevê que o novo percurso de trólei, um investimento de 400 mil euros, comparticipado pelo Estado em 90 por cento, seja inaugurado até fim de Março.
A conclusão das obras depende de uma autorização do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) para fazer escavações no centro histórico, permitindo a substituição de três postes da rede de tracção.
A ambientalista Maria de Lurdes Cravo elogia a aposta no alargamento da rede de tróleis, que deve traduzir um “sinal claro” de que Coimbra opta por “um meio de transporte inteligente e ecológico”.
“É um desafio que se coloca novamente à sociedade e aos governantes”, disse à agência Lusa a presidente da assembleia-geral da organização ambientalista Quercus, ex-líder do Conselho da Cidade de Coimbra.
Em defesa do ambiente
Ao realçar a “necessidade inequívoca de combate às alterações climáticas”, optando por energias não poluentes, em detrimento dos combustíveis fósseis, lembrou que os tróleis são veículos eléctricos que têm rodas com pneus e são, por isso, praticamente silenciosos.
Manuel Oliveira disse à Lusa que Coimbra é a única cidade da Península Ibérica a dispor ainda deste meio de transporte.
António Arnaut, criador do Serviço Nacional de Saúde, é utente assíduo dos transportes colectivos numa cidade que se reclama “capital da saúde”.
Entre a residência, na margem esquerda do rio Mondego, e o escritório, na Baixa, o advogado utiliza os autocarros a diesel dos SMTUC.
Mas, quando precisa de ir à Casa-Museu Miguel Torga, apanha o trólei dedicado ao autor de “Os Bichos”, que o leva à rua Dias da Silva.
Faz depois, a pé, o resto do percurso até à vivenda que pertenceu à família de Torga.
Uma “razão cívica e ambiental”, além da comodidade, fazem do socialista António Arnaut, de 72 anos, um passageiro habitual dos transportes públicos.
“Tenho muitas saudades dos tróleis, que foram inaugurados na minha juventude”, declarou à Lusa, confessando ter ainda “pena que tivessem acabado os eléctricos” na cidade.
16 troleicarros em circulação
Em Coimbra, segundo Manuel Oliveira, circulam actualmente 16 troleicarros, um número que já foi maior no passado.
A primeira linha da rede foi inaugurada há 60 anos, em 1947, correspondendo ao itinerário entre a rua António Granjo, junto à estação ferroviária de Coimbra A, e o Alto de Santa Clara.
“Os SMTUC deveriam privilegiar os transportes públicos eléctricos”, defendeu António Arnaut.
E parece ser esta a aposta da empresa. Manuel Oliveira faz contas e garante que existe também um ganho económico.
Cem quilómetros realizados numa viatura a diesel custam em média 44 euros.
Já com o trólei, os SMTUC despendem apenas 40,10 euros pelo mesmo percurso.
Cada carro destes pode custar entre 385 mil e 600 mil euros, prevendo os SMTUC importar mais alguns, ao ritmo de um por ano.
Segundo o responsável, a assistência técnica aos veículos e à rede de tracção aérea é assegurada por trabalhadores especializados dos SMTUC.
Também o município da Amadora “vai investir nos troleicarros até fins de 2009”, adiantou Manuel Oliveira.
Esta opção integra o “conceito de mobilidade sustentável” do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, que apoia a expansão da rede em Coimbra.
Em 1947, quando foi inaugurada a primeira linha de tróleis, João Ferreira Araújo era chefe das redes de distribuição e manutenção dos Serviços Municipalizados de Coimbra.
Embora não simpatize com o actual modelo das viaturas eléctricas da cidade – “tróleis sim, mas não estes” –, Ferreira Araújo defende que, “dentro da cidade, os transportes devem ser mais económicos e rápidos”.
Afirma que os tróleis podem atingir a velocidade de 80 quilómetros por hora.
Vereador do PSD nos anos 80, o engenheiro entende que a rede deve ser alargada e servir também áreas suburbanas.
(*) – Agência Lusa
As beiras
S. José - Universidade (via olivais)
