Convívios no Botânico incomodam moradores
Vizinhos do Botânico estão incomodados com as repercussões, para a sua vida e para a do próprio jardim, da realização naquele espaço de convívios nocturnos de estudantes
Moradores nas imediações do Botânico não gostam de ver os estudantes a realizarem convívios até altas horas da manhã dentro das instalações do jardim, não só porque os decibéis (muito acima do permitido, garantem) não os deixam dormir, mas porque consideram que um espaço como aquele «não pode ser utilizado para aqueles fins». Este mês, já foram dois convívios, num espaço de oito dias. Incomodados, prometem reclamar junto da direcção do jardim.
De facto, a última festa realizou-se na noite de quinta para sexta-feira passada e anteontem, espalhados pelo chão, ainda estavam uns quantos copos de plástico amassados, alguns panfletos a anunciar o convívio e os caixotes amontoados de lixo. Restos de uma noite que, garantem os moradores, durou até para lá das sete da manhã, com Dj’s a «”bombar” música» e muitos estudantes alcoolizados a incomodar quem ainda tentava dormir.
Francisco Oliveira, filho de um casal residente no Bairro Sousa Pinto, garante que «o barulho [vindo do Jardim Botânico] é ensurdecedor» e que nas duas noites de convívio «ninguém conseguiu dormir». No entanto, mais do que as noites em claro, que incomodam quem trabalha mas também os muitos idosos que vivem naquela zona, o que revolta os moradores é o facto de se terem autorizado festas daquele género num espaço que «supostamente deveria ser protegido» e «ainda por cima para estudantes de Biologia, que deviam ser os primeiros a protegê-lo».
«É um absurdo um espaço de interesse público, com a importância daquele, considerado uma igreja ambiental, serem permitidas festas como aquelas», reclama António Barão, proprietário da Residencial Antunes, na Rua Castro Matoso, que garante ter já «reclamações orais de alguns clientes», não só pelo barulho, mas também por não entenderem como é que o Jardim Botânico acolhe aquele tipo de iniciativas.
«Não percebemos como é que a direcção do jardim decide fechar o Botânico ao fim-de-semana e aos feriados e depois permite uma coisa destas», acrescenta Francisco Oliveira, para quem «aquele espaço não é o mais indicado» para convívios de estudantes que, como é normal, se excedem no barulho, no álcool e na destruição, dentro e fora dos portões. Desta vez, as consequências foram «um caixote do lixo incendiado, uma caixa da TV Cabo e da PT partidas» e muitas portas de casas a servirem de casa de banho de quem se divertiu até de madrugada no convívio.
Francisco Oliveira, que também é jovem e estudante universitário, até entende a necessidade de os “colegas” arranjarem verbas para financiarem os carros da próxima Queima das Fitas, mas diz que existem outros locais mais indicados. Aliás, o morador deixa até uma sugestão, não só de angariação de verbas, mas também para voltar a abrir o Jardim Botânico aos fins-de-semana e aos feriados: «por que é que os estudantes não vêm para aqui assegurar as entradas e recebem uma percentagem da receita de bilheteira?».
Helena Freitas defende alunos
“É a forma de lhes retribuir”
Confrontada com as queixas dos moradores quanto ao barulho e aos distúrbios provocados pelos estudantes, Helena Freitas entende-as e considera-as «legítimas». No entanto, não aceita e até repudia as que reportam à suposta falta de respeito dos alunos pelo Botânico. «Aquele espaço tem sido financiado directamente pelos estudantes que o Departamento de Botânica alberga, são eles que patrocinam a sua manutenção através das suas propinas, portanto entendo que aquele património é deles e que lhes deve isso», atira a directora do Jardim Botânico, frisando que apenas autoriza convívios de alunos de Biologia e de Engenharia do Ambiente.
«Eles acarinham o Jardim Botânico mais do que ninguém, aceitar essas festas é a forma do jardim lhes retribuir». «Um convívio é uma contrapartida menor face ao que tem sido o contributo deles», continuou a responsável, acrescentando que os lucros dos convívios «não revertem a favor do departamento, mas sim do jardim». Aliás, Helena Freitas fez questão de agradecer as três árvores que os alunos de Engenharia do Ambiente vão oferecer para o pomar do Botânico e de sublinhar que os estudantes de Biologia «vão fazer o mesmo».
Quanto à sugestão de Francisco Oliveira, adianta que, realmente, a direcção do Botânico pondera a hipótese de serem os estudantes universitários a responsabilizar-se pela manutenção daquele espaço aos fins-de-semana e feriados, resolvendo, assim, um problema de «falta de orçamento» que obrigou à decisão de fechar os portões do jardim fora dos dias úteis.
«Essa é realmente uma possibilidade que está a ser estudada», afirmou ao Diário de Coimbra, adiantando que está a ser criada «uma bolsa de alunos mais carenciados» para que sejam eles a realizar este trabalho e a receber dinheiro por ele. Ainda não é uma decisão definitiva, uma vez que falta definir «o enquadramento» desta actividade, mas, a concretizar-se «arrancará rapidamente».
começa a ser cada vez mais comum os convivios "externos" a discotecas fecharem mais cedo devido ao barulho! Será isto o prenuncio de um fim anunciado???
e a queima durante 1 semana sem parar até o sol nascer???








