Um outro caso de avaliação que se torna bastante penoso é o da Anatomia I. A cadeira já de si é bastante difícil de fazer, e o método adoptado de avaliação torna-a algo... 'marcante'.
Para se passar à cadeira temos de ter aprovação à parte prática (eliminatória) e à parte teórica. A parte teórica consiste em várias orais (por vezes, 2, 3 ou 4!!) feitas com o regente e com vários assistentes. Para quem não morre de amores por estar frente a um professor com uma plateia atrás cheia... ainda por cima não tendo nenhuma experiência anterior (é a primeira cadeira que se tem de fazer por oral nos cursos na F.M.U.C.) e ver-se confrontado com mais que uma oral... é de ficar sem saber bem para onde se virar!
Mas não é a parte teórica que eu queria enfatizar, ela só acentua a dificuldade da cadeira (especialmente por ser o 1º ano da faculdade, e a grande maioria não está habituada a grandes estudos, de nível universitário), mas sim a componente prática!
A componente prática, também designada por 'gincana' (são duas, cada uma com matéria de um semestre, pois a cadeira é anual) é uma avaliação feita em moldes particulares: são realizadas numa sala de aulas práticas, portanto com mesas; existem 10 mesas, formando duas filas de 5; em cada uma das mesas colocam-se duas peças anatómicas (partes do corpo de plástico) cada uma delas com um palito colocado sobre um sítio especial; junto a cada uma das peças, está um pedaço de papel onde faz uma pergunta relacionada com a estrutura sob o palito (não a simples designação, mas sim enumeraçao de 2, 3, 4 estruturas relacionadas com a apontada, ou partes dessa estrutura, ou ramos caso seja artéria, nervo, etc., no fundo perguntas teóricas -> estou a especificar este tipo de perguntas porque é relevante, como já vão poder perceber); são então 20 perguntas diferentes. Vem agora a parte gira da coisa, cada aluno tem exactamente 1 minuto para cada mesa, i.e. 30seg para cada pergunta. Digo exactamente porque há uma campainha que toca de minuto a minuto. Os alunos não estão espalhados pela faculdade à espera da sua vez, se assim fosse, os que iam saindo poderiam contar as perguntas aos que ainda não tinham feito... então, são todos colocados numa ante-sala, ao molho, e vão sendo chamados junto à porta de comunicação com a sala do exame, sempre que toca a campainha. O pior de tudo são as pessoas que, por motivos de ordem alfabética, são chamados só no fim. É que esse fim, por vezes só é atingido passadas 3h ou mais!! Os alunos são mantidos naquela sala pequena durante tempos e tempos, onde vão ficando cada vez mais ansiosos e nervosos. Não podem comer porque não lhes é permitido sair, não podem fazer muito barulho porque ao lado estão a fazer exame, não podem fazer nada... Enfim.
Quando toca a campainha e é a nossa vez, entramos na sala de exame, dirigimo-nos até uma mesa onde nos dão uma folha de exame com 20 espaços para as respostas. Um minuto para preencher os dados pessoais e a pessoa q está na primeira mesa sair (dps avançam todos, tipo cadeia de montagem fabril), e finalmente é a nossa vez! Sobre toda a tensão e pressão que fomos acumulando na ante-sala, somando à pressao adicional do tempo, ainda nos deparamos com perguntas do género: diga 4 afluentes da veia cava inferior (foi pergunta para mim). Aparentemente isto parece simples... Acreditem que não é. Não é porque sabemos de muitas histórias de pessoas que não passam porque não escreveram tudo completo e direitinho e por isso não contaram a resposta. Assim sendo, só o tempo de escrever (MESMO admitindo q a resposta surgia sem termos de pensar um instante) algo como: veias renais, veia supra-renal esquerda, veia testicular/ovárica esquerda e veias supra-hepáticas; já demorava um pouco... e depois ainda faltava a segunda pergunta dessa mesa, onde provavelmente teriamos já pouco tempo e seria muito difícil responder, até porque só de teres respondido ah anterior ja estavas stressado por ter sido tão longa e que o prof. tinha sido um parvalhão (entretanto, no meio disto -> campainha!) tens de saltar para a próxima mesa, mas a tua cabeça ainda está no que viste na outra, a ver se consegues responder só pela memória visual com que ficaste dela, e a partir dai... everything is fucked up!!! Ou esqueces a outra, ou fazes muito rapidamente e consegues recuperar para as próximas.
Mas ainda há uma outra situação que pode acontecer... essa então é a minha preferida... Podes simplesmente falhar a resposta porque o palito estava a apontar para uma zona diferente da original, porque alguém lhe tocou para ver melhor a área ou qualquer coisa semelhante...
Para culminar tudo isto, normalmente passa-se com 10 perguntas certas em 20, certo? Ali não, têm de estar correctas 12 questões em 20, para se ter 10 valores.
Agora, passaste na gincana?? PARABÉNS... Já só falta a segunda..... e, claro, as orais.







