Candidatura da UC não pode ter carros nos passeios
Arquitecto responsável pelo gabinete de candidatura da UC a Património da Humanidade diz que nos últimos 30 anos se assistiu ao «decadentismo» da instituição e da cidade
Nuno Ribeiro Lopes alertou ontem para a complexidade do trabalho a desenvolver até à entrega do dossiê de candidatura da Universidade de Coimbra (UC) a Património da Humanidade ao Governo, tarefa essa que diz estar dificultada devido aos «30 anos de decadência e abandono» a que o centro histórico foi votado. «Temos que ter um olhar muito crítico em relação à Universidade e a Coimbra, que se constata até na forma como as pessoas tratam o espaço público», observou, acrescentando que «a cidade caminhou para o exterior e abandonou o centro histórico».
Em declarações aos jornalistas no final da inauguração da exposição “Alta entre Vistas”, na qual poderão ser apreciados os nove projectos em curso no âmbito da candidatura da UC, Nuno Ribeiro Lopes disse ser necessário «inverter os processos tidos como normais em Coimbra» e assumir os erros. «É preciso trabalhar em conjunto e fazer autocrítica», sublinhou, dando o exemplo da candidatura bem sucedida de Guimarães, na qual todas as instituições e a própria população se envolveram de forma apaixonada. Disse ainda que «não é possível entregar à Unesco uma candidatura com milhares de carros em cima dos passeios». «Ou mudamos a forma de actuar, ou não vamos lá», resumiu.
Sobre a forma como o processo será elaborado, o arquitecto disse ser necessário falar do que se fez, fazer o ponto zero e apresentar as correcções e propostas. «Temos que dar provas de boa-fé e convencer a Unesco de que nos próximos 10 ou 15 anos vamos continuar a fazer», frisou.
Depois da entrega do dossiê ao Governo, a quem cabe apresentar a candidatura à Unesco, prevista para Outubro de 2008, Nuno Ribeiro Lopes estima que, na melhor das perspectivas, o processo demorará mais ano e meio. Ou seja, só lá para Julho de 2010, se conhecerá a decisão da Unesco.