É preciso ter "tomates" para avançar com uma candidatura a Património Mundial, depois do crime da demolição da Alta na década de 40.À procura de vestígios arqueológicos na Alta
As sondagens geofísicas que começam no Largo D. Dinis procuram vestígios de outras vivências e épocas. Este é o primeiro local da Alta a ser visionado por sondagens tipo raios X. O objectivo é construir uma carta global
O projecto de construção de um parque de estacionamento no Largo D. Dinis é o pretexto usado para as primeiras sondagens geofísicas a realizar na Alta de Coimbra. Há a intenção de estender as prospecções que agora começam a vários pontos da Alta, de forma a «termos uma carta global», afirma-nos o arquitecto Nuno Ribeiro Lopes, responsável pelo gabinete de candidatura a Património Mundial à UNESCO.
Avaliar o potencial arqueológico é o objectivo destas sondagens geofísicas, «que determinam o sítio onde a arqueologia pode intervir, em vez de se começarem a abrir buracos por aí e por isso a prospecção vai começar agora no local onde se prevê construir o parque de estacionamento», esclarece.
Pretende-se antecipar o que poderá ser encontrado, depois de esburacado o terreno que há-de receber a nova construção. «Faremos sondagens prévias tipo raios X, aqui, e sempre que se prevê uma intervenção na Alta». Nuno Ribeiro Lopes explica que, desde que foi criado este gabinete, no âmbito do processo de candidatura à UNESCO, todos os projectos que aguardam execução têm uma ligação connosco, de acompanhamento». Isto porque, deste tipo de operações podem resultar mais-valias ou elementos úteis ao processo da própria candidatura a Património Mundial. Com esta metodologia, evita-se o estigma da arqueologia, que só interrompe e atrasa obras, mas também é possível fazer desvios, sempre que se detecte um vestígio com valor, que pode dar lugar a uma investigação e a uma mais-valia para a candidatura da Universidade. «Ficamos com certezas», sublinha Nuno Ribeiro Lopes.
Para o projecto do parque de estacionamento, a construir no Largo D. Dinis, ainda falta assegurar o financiamento necessário, só que antecipam-se estes trabalhos, «necessários e obrigatórios», para que todo o processo esteja pronto e concluído assim que for possível fazer uma candidatura.
A prospecção que vai começar está planeada de forma a não causar muito transtorno, pelos que os trabalhos vão decorrer sempre de noite. Contudo, há que registar as condicionantes previstas e que começam amanhã, sábado, a partir das 9h00, para executar as marcas das linhas a seguir pelas sondagens. Este processo prossegue no domingo, o que justifica a interrupção do estacionamento no Largo D. Dinis e troços de arruamentos adjacentes entre as 9h00 e as 22h00 em todo o fim-de-semana. A partir de segunda-feira e até dia 30 de Agosto, mantém-se a interrupção do estacionamento e acrescenta-se o condicionamento de trânsito, mas sempre entre as 20h00 e as 7h00 do dia seguinte. A excepção é feita para o último dia da operação, 30 de Agosto, em que os condicionamentos também vão afectar os troços da Calçada Martim de Freitas e da Rua Arco da Traição.
in Diário de Coimbra
Espero que as sondagens sejam feitas com isenção de modo a que não venham alegar que não existe nada no subsolo, podendo assim "escavacar" à vontade. Cabe ao preocupado e activo cidadão comum a fiscalização do património que é de todos. Sou bem capaz de lá passar "armado" em turista para inspeccionar os trabalhos...
De qualquer forma é de louvar esta iniciativa por aquilo que poderá elucidar sobre o passado mais primordial da nossa cidade, que se encontra sem dúvida naquela zona.




