REABILITAÇÃO URBANA - Baixa da cidade “requalifica” 360 casas
A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) de Coimbra apresentou ontem o projecto base do Documento Estratégico da 1.ª Unidade de intervenção na Baixa da cidade.
Cerca de 360 casas vão ser requalificadas ao longo de três quarteirões da Baixa da cidade de Coimbra: a área diz respeito à Rua da Moeda, Rua Direita, Rua João Cabreira, Rua da Nogueira, Travessa da Rua Nova e a própria Rua Nova.
O projecto base do Documento Estratégico da 1.ª Unidade de intervenção na Baixa da cidade foi apresentado ontem, numa sessão pública que juntou algumas dezenas de cidadãos.
Na sessão, João Rebelo, vereador da autarquia responsável pelo pelouro do Urbanismo, lembrou que esta fase inicial vai intervir sobre o canal que corresponde ao atravessamento da Baixa pelo metropolitano rápido de superfície. “Era, por isso, uma área prioritária”, lembrou o edil, sem esquecer, no entanto, a importância de se proceder a uma intervenção “sustentada e sustentável” do ponto de vista ambiental e económico. “Queremos levar actividades e pessoas a toda aquela área através de passos seguros”, acrescentou. Outra das prioridades é a de valorizar os equipamentos e estruturas de animação cultural, social e urbana. Está, por isso, proposta a localização de um equipamento colectivo (creche/jardim de infância) na Rua João Cabreira.
O traçado da infra-estrutura do metro, em corte na malha urbana entre a Rua da Sofia e a margem ribeirinha, vai ser aquele que mais interfere com a malha urbana existente, mas o arquitecto responsável pelo projecto garantiu ontem que “todas as fachadas da construção devem ser mantidas”. Aliás, a “preservação da morfologia parcelar constitui assim um dos principais critérios de intervenção”, pode ler-se no documento apresentado.
De referir ainda que, apesar da inserção da plataforma do metro, o refechamento dos três quarteirões vai ser assegurado pelo edifício-ponte da Rua da Sofia (através do rompimento parcial da actual construção, que será porticada), pelo edifício-ponte proposto para o Largo das Olarias, e por estruturas a instalar nos hiatos rasgados nas frentes da Rua Direita.
“Os novos espaços públicos onde se insere a plataforma do metro, a nascente e a poente da Rua Direita, adquirem características específicas pelas suas geometrias e proporções”, referem os projectistas.
João Paulo Craveiro, presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana, lembrou ontem que a Coimbra Viva SRU está a proceder à consulta aos interessados no projecto base do Documento Estratégico da 1.ª Unidade de Intervenção. A consulta decorre até ao dia 9 de Junho, entre as 14H00 e as 19H00, no edifício situado no Largo da Fornalhinha.
“Temos a noção de que não se faz reabilitação dos centro urbanos se não fizermos a reabilitação das pessoas. Porque a população deve também ser objecto de um cuidado específico”, disse, por seu turno, Ricardo Bexiga, o vogal da Comissão Directiva do Instituto Nacional de Habilitação.
De acordo com o plano de actividade da A Coimbra Viva SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana SA –, este ano será ainda dado início à definição mais concreta da Unidade de Intervenção 2 (que deverá abranger a zona do Terreiro da Erva). Todas as obras a efectuar nas oito unidades de intervenção existentes deverão estar concluídas dentro de 10 anos. As obras desta fase inicial arrancam no segundo semestre deste ano.
in Diário As Beiras
Parece que afinal sempre vai para a frente a conclusão da tão falada Avenida Central, que ligará a Rua Cidade Aeminium à Rua da Sofia e à Rua Olimpio Nicolau Fernandes, atravessando o Largo das Olarias ("Bota-Abaixo") ao passar por baixo do edifício onde de encontra a Loja do Cidadão. Desde que nasci que ouço falar deste projecto.Recuperação não será “segundo Bota-Abaixo”
Requalificação, respeitando o edificado existente, é a regra para a 1.ª Unidade de Intervenção da Baixa. As obras deverão começar no próximo semestre e fica a promessa de que não teremos um «segundo Bota-Abaixo»
A equipa de projectistas responsável pela 1.ª Unidade de Intervenção (UI) da Baixa de Coimbra garante que os trabalhos realizados nos três quarteirões, envolvendo as ruas da Moeda, Direita, João Cabreira e da Nogueira, «não serão rupturas morfológicas com o que existe na Baixa, como já aconteceu» com o edifício do Bota-Abaixo, que consideraram ser «um ruptura morfológica» com o resto do edificado.
«Queremos recuperar as construções e requalificar a esfera pública, mantendo as mesmas volumetrias, o mesmo ritmo de linguagem e de construção dos edifícios», garantiram, durante a apresentação pública do projecto da 1.ª UI que decorreu ontem à tarde na Câmara de Coimbra.
Um cidadão questionava se o que se vai realizar naquele espaço não será «um segundo Bota-Abaixo», uma «coisa moderna» que descaracterize a Baixa, e a equipa responsável pelo documento admitiu ter sido essa «uma das principais preocupações» de quem realizou o projecto-base que agora está – e até 9 de Junho – para consulta pública, no Largo da Fornalhinha.
Requalificação e revitalização são, por isso, exigências, tanto para as funções e actividades instaladas, como para o edificado, o espaço público e as infra-estruturas ali existentes. Ressalta do projecto a intenção de «preservar todos os valores» (fachadas, volumetrias, paredes meeiras, traseiras, pés direitos), aumentando-lhes, no entanto, «os padrões de habitabilidade e conforto» para cumprir um dos objectivos desta intervenção: «trazer mais pessoas para esta área da cidade», de preferência a população mais jovem.
É certo que haverá novas construções, nomeadamente na Rua João Cabreira, mas fica a garantia de que também aqui se seguirão regras de coerência construtiva em relação ao edificado existente.
Com a inserção do metro a marcar «profundamente» a intervenção nestes três quarteirões, o que é proposto é que, depois de recuperados os edifícios e melhorados os espaços de fruição pública (com a criação de largos, praças e lagos), os pisos superiores dos prédios sejam para habitação – estão ensaiados 360 fogos de tipologias diversas – e os pisos térreos passam a ser para comércio e serviços, preferencialmente de proximidade, para que «se reforce a centralidade da Baixa».
Obras sem interrupções
As regras estão criadas, agora é preciso que os proprietários estejam dispostos a realizar as obras, quando convidados pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). Se isso acontecer, o papel da SRU será de apoio técnico e financeiro, para que se cumpram os critérios definidos no documento estratégico. A venda dos imóveis será, nesta circunstância, da responsabilidade dos privados.
Se os proprietários não quiserem fazer obras, terá que ser a SRU a avançar (sozinha ou com parceiros), ficando depois na posse dos edifícios e com a responsabilidade de estabelecer preços para futura venda. Uma coisa é certa, garantiu ontem João Paulo Craveiro, uma vez iniciado este processo não há como o deixar a meio.
«A legislação obriga-nos a levar a obras de qualquer UI até ao fim», adiantou o presidente da SRU, explicando que «tudo terá que ser feito de seguida, e de acordo com as regras do documento estratégico». João Paulo Craveiro confirma que durante o próximo semestre se iniciam as obras nos três quarteirões que compõem esta primeira UI e que o processo das unidades seguintes se fará de uma forma encadeada. «É para ver se acabamos com esta vergonha colectiva para todos nós, que é a Baixa de Coimbra», rematou.
A sessão contou com a presença de João Rebelo, em substituição de Carlos Encarnação, que se encontrava ausente, em Viseu. O vereador desejou que esta seja «uma intervenção exemplar do ponto de vista ambiental, urbanístico e também económico», até porque, como terão de ser os proprietários a definir se fazem ou não as obras, ainda não há valores definitivos do investimento público no projecto.
As palavras do vice-presidente do Conselho Directivo do Instituto Nacional de Habitação (INH) - que se passará a chamar em breve Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana - foram também neste sentido. Ricardo Bexiga está convencido de que este projecto será «um exemplo para outras cidades médias», especialmente por se tratar de «uma cidade muito rica, mas com problemas graves e situações sociais que têm de ser rapidamente resolvidas».
in Diário de Coimbra
Espero que não se repitam "mamarrachos" como o do "Bota-Abaixo". Espero que se traga sangue novo à Baixa de Coimbra, sem esquecer a população actual que personifica a identidade da zona. Espero que a zona não se torne em mais um feudo da especulação imobiliária. Espero preços de aquisição convidativos e espero principalmente que se aproveite esta oportunidade para priveligiar os arrendamentos. Afinal, o Governo fala tanto em criar um verdadeiro mercado de arrendamento não é?







