"Ano zero" no ISEC?

Para professores, alunos e funcionários do ensino superior
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Pedro
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"Ano zero" no ISEC?

Mensagem por Pedro »

ISEC avança com ano zero

Em vez de ficarem um ano arredados dos estudos, os candidatos excluídos do ensino superior, por não obterem a nota mínima exigida nas específicas, vão poder preparar-se melhor no ISEC

O Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) pretende implementar um ano zero, destinado aos alunos que não obtiveram nota suficiente nas provas específicas de Matemática para poderem aceder ao ensino superior.

A medida, que carece ainda de autorização do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, deverá entrar em funcionamento no próximo ano lectivo e destina-se a «aumentar a produtividade do ensino, especialmente nas áreas tecnológicas, que são uma aposta deste Governo», afirma o presidente do Conselho Directivo do ISEC, Jorge Bernardino.

De acordo com este responsável, o ano zero traz várias vantagens aos estudantes, que, impedidos de frequentar um curso de engenharia por não terem atingido a nota mínima de 9,5 valores nas provas de ingresso – pela primeira vez exigida em todos os subsistemas –, se vêem na iminência de ficar um ano arredados dos estudos.

Olhando para os resultados dos exames de Matemática em 2005 (31% de notas negativas), Jorge Bernardino fala em «15.190 alunos que ficam logo de fora do ensino superior».

Cadeiras que dão créditos

Com este ano zero, «o ISEC pretende cativar os alunos a fazerem uma experiência no ensino superior», que passa pela frequência de uma cadeira de Matemática – de preparação para os exames do ano seguinte – e de, no máximo, «mais duas disciplinas, de introdução às diversas engenharias», explica o presidente do Conselho Directivo.

De forma a tornar a proposta mais atractiva, e também a captar mais alunos para os cursos do ISEC, no caso de obterem aproveitamento às disciplinas específicas (exclui-se a Matemática), os estudantes que frequentarem o ano zero «podem acumular créditos que serão tidos em consideração» numa eventual matrícula. Ou seja, não necessitarão de as voltar a fazer.

Os alunos que frequentarem o ano zero – caso avance o projecto – deverão pagar propinas, mas «ficarão mais baratos aos pais do que se andarem em explicações lá fora», sustenta, ainda, o presidente do Conselho Directivo.

Em vésperas de tomar posse do cargo, Jorge Bernardino já dizia ao Diário de Coimbra que o «impacto» da introdução da nota mínima de 9,5 nos exames de acesso ao ensino superior seria «muito forte» na maioria dos cursos do ISEC – todos eles têm como exigência nas específicas a disciplina de Matemática –, podendo representar uma significativa redução do número de alunos que entram na instituição.

Apenas em Engenharia Química e no Curso Europeu de Informática o impacto será nulo, uma vez que, para estas formações, o ISEC já estipulara aquela nota mínima nas provas específicas.

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos estima que cerca de 20% dos jovens anualmente admitidos nas instituições públicas e privadas fiquem de fora do sistema, devido à imposição do 9,5 nas específicas.

Fonte: Diário de Coimbra
Mais uma maneira de ganhar dinheiro... o ensino superior público está a ficar cada vez mais apenas um negócio. Quem é que se mete numa universidade numa coisa destas, quando a sua principal preocupação é fazer novamente os exames? É que eu não estou a ver aulas de universidade a substituír explicações privadas... e se é para pagar, ao menos paga-se por qualquer coisa de jeito.

Dracula
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Mensagem por Dracula »

E sabes se é de jeito ou não, para estares já a falar mal?

Não será melhor não perder o ritmo e ficar melhor preparado para as especificas, do que andar um ano inteiro a "vadiar" ?

Caso não saibas, o ano zero é algo que já é implementado na alemanha há muito tempo (embora de outra forma).

Além disso, se os sucessivos governos conseguiram dar cabo do ensino de tal forma, que as medias a matemática são o que se vê, ao menos que haja acções que tentem remediar o assunto....

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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Três cadeiras num ano é de jeito? Não perder o ritmo é andar no secundário ou em explicações para depois fazer os exames. Agora ir ter aulas "ao estilo universitário" e pagar propinas para isso, parece-me mais uma maneira de arranjar mais um dinheirito do que uma medida útil.

Não é com acções destas que se resolvem os problemas do secundário... esses devem ser "atacados" logo no início. Não vão ser aulas com o regime da universidade que irão resolver o problema, porque provavelmente as aulas na universidade ainda estão em pior estado que as do secundário.

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the_celtic
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re:

Mensagem por the_celtic »

3 cadeiras é melhor do que andar um ano a fazer apenas uma cadeira numa escola secundaria a ir ás aulas de matematica de les a les, sem motivacao nenhuma por apenas se ver pessoas mais novas, e a pagar balurdios por explicacoes mal aproveitadas!

Aplaudo a decisao, ate por ter um amigo nessas condicoes!

PS: DEIS rocks :P

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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Se as explicações são mal aproveitadas, aconselho seriamente a mudar de explicador e em Coimbra há alguns bastante bons (o que tive a Matemática levou-me da negativa ao 18 e a que tive a Química a mesma coisa, por exemplo). Quanto a ir às aulas "de lés a lés", isso é da responsabilidade de cada um... um aluno responsável tem consciência de que deve ir lá. Se o aluno não vai às aulas do secundário, também dificilmente se motiva para ir às aulas da universidade.

JulesS
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Mensagem por JulesS »

Pedro Escreveu:Mais uma maneira de ganhar dinheiro... o ensino superior público está a ficar cada vez mais apenas um negócio.
Não há nada de mal em se tornar um negócio desde que seja um negócio rentável. O grande mal do sector publico é mesmo esse: a falta de visão empresarial e estratégica.

Em relação as 3 cadeiras tb não acho mal nenhum, eu ainda sou da antiga reforma e só tinha 3 cadeiras no 12º ano, é o ideal para se preparar o melhor possivel para os exames ou provas especificas ou lá o que se chama agora.

Acho que o ano zero na universidade pode ser muito bom para antecipar a adaptação ao ritmo de universidade. Para mim foi uma transição complicada, acho que os dois niveis nao tem nada a ver em termos de ritmo e método de estudo, eu era uma aluna de 18 e 19 no secundário e qdo cheguei a Universidade não passava do 10-12 até me habituar.
“Não existe coisa mais inútil do que fazer com grande eficiência as coisas que não precisam ser feitas”. Peter Drucker

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Mensagem por Pedro »

JulesS Escreveu:Não há nada de mal em se tornar um negócio desde que seja um negócio rentável. O grande mal do sector publico é mesmo esse: a falta de visão empresarial e estratégica.
Aí discordo e bastante... o ensino nunca deveria ser um negócio. A educação é um investimento que é feito para tirar contra-partidas no futuro, em termos de qualificação da mão-de-obra de que o país dispõe. Deve ser tudo menos um negócio em que o lucro é o único objectivo (como, infelizmente, está a ficar).

JulesS
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Mensagem por JulesS »

há muitas formas de lucro... se uma universidade prestar serviço de qualidade em vez de simplesmente prestar serviço, irá ter "lucro".
Talvez não seja correcto o termo, ou talvez sim, porque a escolha dos estudantes também depende da reputação das escolas, e o valor das propinas que irão receber etc, etc... só que em muitos lados limitam-se a cumprir calendários e programas e pronto. Na Feuc algumas sebentas eram as mesmas há 20 anos, nem se davam ao trabalho de melhorar, de adequar a coisas que mudaram.
Eu acho bem que se vão tomando algumas medidas novas, e ninguem é obrigado a frequentar o ano zero, se não li mal, é opção.
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Mensagem por Pedro »

Mas isso não é lucro financeiro. É precisamente esse o ponto a que quero chegar... o valor de uma universidade tem de ser medido de maneira diferente, o seu objectivo não deveria ser apenas juntar dinheiro. E é isso que está a acontecer.

Quanto a este ano zero, acho que mais valia terem feito uma coisa decente. Não é obrigatório, mas não me parece que justifique o pagamento adicional de propinas. Já para não falar que irá afectar negativamente os outros cursos, pois irá ocupar os seus recursos (dependendo da ocupação actual, isto pode afectar seriamente os alunos... no DEI bastaram os 40 alunos do primeiro ano de LCM para se começar a notar a diferença).

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Ingersoll
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Mensagem por Ingersoll »

Pedro Escreveu:Mas isso não é lucro financeiro. É precisamente esse o ponto a que quero chegar... o valor de uma universidade tem de ser medido de maneira diferente, o seu objectivo não deveria ser apenas juntar dinheiro. E é isso que está a acontecer.
Ainda não percebi quel é o teu argumento contra as universidades poderem ter lucro...

Note-se que não existe uma única universidade pública que tenha lucro; as propinas cobrem uma pequena fracão do custo dos alunos, o restante vem do orçamento do estado.

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Mensagem por Pedro »

Ingersoll Escreveu:Ainda não percebi quel é o teu argumento contra as universidades poderem ter lucro...
O meu problema não é com o lucro, é com más medidas tomadas apenas para obter lucro. A educação deve ser um investimento, deve-se tomar as decisões necessárias para melhorar a qualidade de ensino e não as decisões que prejudicam essa qualidade, mas dão dinheiro.

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Mensagem por Ingersoll »

Pedro Escreveu:
Ingersoll Escreveu:Ainda não percebi quel é o teu argumento contra as universidades poderem ter lucro...
O meu problema não é com o lucro, é com más medidas tomadas apenas para obter lucro. A educação deve ser um investimento, deve-se tomar as decisões necessárias para melhorar a qualidade de ensino e não as decisões que prejudicam essa qualidade, mas dão dinheiro.
As pessoas são livres de "comprar" essa "má medida". Ninguém é coagido a ingressar no ano 0.

De facto, as Universidades deveriam ter uma automia total para se financiar. O Estado deixaria de as financiar directamente, passando a subsidiar os alunos com um montante que cobrisse uma parte das propinas dependente do rendimento do agregado familiar.

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Ingersoll Escreveu:As pessoas são livres de "comprar" essa "má medida". Ninguém é coagido a ingressar no ano 0.
Eu não disse o contrário. :? Apenas acho que podiam ter aproveitado melhor o conceito.

Dracula
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Mensagem por Dracula »

E não achas que mais vale a pena começar por um lado, do que ficar sentados à espera que as ideias caiam do céu?

Depois acho que estás a criticar algo que ainda não começou e que ainda não apresentou resultados sem saberes se terá sucesso ou não. Há que haver sempre um ponto de partida. Depois, podem-se melhorar as coisas, com o tempo :wink:

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Dracula Escreveu:E não achas que mais vale a pena começar por um lado, do que ficar sentados à espera que as ideias caiam do céu?
Acho preferível começar com algo em condições em vez de algo assim...

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