Estudante homicida enforca-se na cela
Mata ex-namorada à facada por esta se recusar a reatar.
Pai de Maria José lamenta desfecho.
25 Julho 2010
António Assunção, estudante da Universidade de Coimbra que assassinou a ex-namorada com dezenas de facadas em Setembro de 2007, foi ontem encontrado morto dentro de uma cela do Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC), onde cumpria uma pena de 16 anos. A notícia da sua morte, aos 27 anos, por enforcamento, deixou Carlos Maurício, pai da jovem morta, 'arrepiado'.
'Lamento profundamente este desfecho. Nós só queríamos que se fizesse justiça e que ele cumprisse a sua pena dentro da lei', afirmou ontem ao CM o pai de Maria José Maurício, a estudante de 20 anos assassinada com dezenas de facadas por se recusar a reatar namoro.
O corpo de António Assunção foi encontrado ontem, às 08h00, pelos guardas prisionais durante a contagem dos presos. O recluso terá usado os lençóis da cama, que prendeu nas grades da janela da cela, para se suicidar por enforcamento. Após as diligências das autoridades dentro da cela, o cadáver foi transportado para autópsia no Instituto de Medicina Legal.
António Assunção, que à data do crime tinha 24 anos, estava preso desde 2007. Foi condenado em primeira instância a 16 anos de cadeia. O Tribunal da Relação de Coimbra reduziu a pena para 12, mas o Supremo Tribunal de Justiça fixou-a novamente em 16 anos. Desde o início, quando foi detido, que o estudante de Engenharia Civil confessou o homicídio, mas em julgamento disse não se lembrar do momento fatal: 'Ela insultou-me por causa das minhas consultas de psiquiatria, chamou-me cobarde e infantil. Eu só queria que ela se calasse'. Segundo os inspectores da PJ, matou-a com grande violência. A jovem foi encontrada 'degolada' e tinha 'um aglomerado de golpes no coração'.
A faca usada para matar Maria José Maurício tinha-a retirado, na noite anterior, da cozinha de uns amigos. Em julgamento disse que tinha levado a faca para se suicidar.
No âmbito da perícia psiquiátrica a que foi submetido na sequência do homicídio, António Assunção classificou o seu acto como 'absolutamente bárbaro', garantindo aos peritos que tinha 'ódio de si próprio'. Três anos após o homicídio, pôs termo à vida. 'Só desejo à família dele muita força para continuar a viver. Nós, apesar das circunstâncias serem diferentes, sabemos o que é perder um filho', diz Carlos Maurício.
DEZ CASOS EM SETE MESES
A morte de António Assunção, por enforcamento, é o décimo caso de suicídio registado este ano nas cadeias portuguesas. Segundo dados da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), no ano passado 16 reclusos puseram termo à vida, enquanto que, em 2008, tinham ocorrido sete mortes por suicídio nas prisões. Só no Estabelecimento Prisional Regional do Vale do Sousa, Paços de Ferreira, já se verificaram três mortes por enforcamento desde o início do ano. Para tentar travar o aumento dos casos de suicídio, em finais de 2009, a DGSP lançou um programa específico de monitorização e prevenção, na cadeia de Custóias, onde sete presos se mataram. O sociólogo António Pedro Dores, da Associação contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED), defende 'um diagnóstico urgente da situação'.
Correio da Manhã - 25 Julho 2010
Deixo aqui a notícia que deve ter passado despercebida a muita gente. Como o caso foi muito badalado na altura, foi surpreendente (ou talvez não) o seu desfecho.










