Crise da Marsans

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Jo@o
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Crise da Marsans

Mensagem por Jo@o »

E caução é pelo valor mínimo
Crise da Marsans ainda é só a ponta do iceberg
“Grosso” das reservas é para Julho e Agosto
Presstur 05-07-2010 (19h13) O escândalo este fim de semana de clientes da Marsans Portugal que não tinham as viagens que pagaram diz respeito a apenas uma pequena parcela das reservas da subsidiária portuguesa do grupo espanhol, segundo informações recolhidas pelo PressTUR junto de operadores turísticos portugueses, que também indicam passivos de grande monta.
Nenhum desses operadores tinha até hoje à tarde uma perspectiva do que fazer com as reservas efectuadas por agências Marsans Portugal para as próximas semanas, designadamente para o período de meados de Julho a finais de Agosto, que é quando ocorre o maior “êxodo” de férias dos portugueses.
A perspectiva que transmitiram, porém, foi de que há milhares de reservas para as próximas semanas, designadamente de cruzeiros e pacotes turísticos nas ilhas espanholas e Caraíbas, e até agora não houve da parte da direcção geral da Marsans Portugal iniciativas no sentido de trabalharem em conjunto para serem encontradas soluções.
Fontes do mercado garantiram ao PressTUR que têm sido os próprios trabalhadores da Marsans que se têm empenhado em encontrar soluções para os problemas com que são confrontados por clientes que sinalizaram ou chegaram mesmo a pagar integralmente as reservas.
“O pessoal da Marsans está a fazer um esforço extraordinário”, disse ao PressTUR um dos operadores.
A questão, dizem as fontes contactadas pelo PressTUR, é que os operadores não estão apenas confrontados com os problemas dos clientes, embora estes sejam a sua prioridade, pois têm também o problema dos “atrasados”, referindo-se a montantes em dívida por parte da Marsans.
No que diz respeito aos clientes, e enquanto decorre o levantamento das várias situações, a preocupação que já emerge é como é que poderão ser ressarcidos, quando a caução da Marsans é pelo valor mínimo de 25 mil euros, quando, pelo seu volume de negócios (38,7 milhões de euros em 2008, incluindo pacotes e aviação) deveria ser no valor máximo de 250 mil euros (a caução corresponde a 5% do valor de vendas de pacotes turísticos, tendo os limites mínimo e máximo de 25 mil e 250 mil euros, respectivamente), o qual, pelo que se perspectiva, também “seria curto” para o total de reservas que parece estar em causa.
“Não se compreende”, disse ao PressTUR uma fonte do sector sobre esse montante da caução, acrescentando que espera que o Turismo de Portugal venha esclarecer a situação.

Operadores já estavam de “pé atrás”, mas...
Os operadores com quem o PressTUR contactou não aceitaram concretizar valores, tanto do número de reservas como dos montantes em causa, mas alguns admitiram que no conjunto do mercado se esteja na ordem de alguns milhões de euros, e isto apesar de vários dizerem que já há uns meses tinham uma abordagem conservadora em relação à Marsans.
Os operadores não podiam relacionar-se com a Marsans como se a rede de agência de viagens não enfrentasse problemas, sob pena de correrem o risco de os passivos aumentarem, mas também não podiam “fechar a torneira”, sob pena de provocarem o colapso de um dos grandes players do mercado — explicaram as fontes contactadas pelo PressTUR.
Este “dilema” explica porque os operadores terão continuado a aceitar reservas da Marsans apesar das notícias que chegavam de Espanha e de França.
O que ninguém esperava, porém, era a atitude assumida no fim de semana pelo novo director-geral da Marsans Portugal de fechar as lojas sem consideração pelos clientes que tinham pago as suas viagens e que as não poderiam desfrutar.
Um dos operadores contactados pelo PressTUR comentou que, nesse sentido, o comunicado divulgado hoje pela Marsans é a clássica “pior emenda que o soneto”.
“Como é possível fechar as lojas alegadamente para dar descanso ao pessoal, como dizem no comunicado, e deixar os clientes abandonados?” — interrogou um dos operadores contactados pelo PressTUR.
Esse operador referia-se ao comunicado divulgado pela Marsans onde se dizia que “a actividade foi interrompida durante o fim-de-semana por decisão da Direcção Geral da empresa, que optou por dar descanso aos empregados depois de várias semanas de jornadas intensas de trabalho”.
Outro operador, além de se mostrar escandalizado com este tipo de comportamento, também questionou a veracidade da afirmação nesse comunicado de que todas as 30 lojas Marsans em Portugal tinham reaberto hoje “e operam com normalidade, atendendo todos os clientes que se dirigem aos seus escritórios”.
Fontes do mercado disseram que nem todas as lojas reabriram, mas o PressTUR apenas pode averiguar que não foi possível contactar várias delas telefonicamente, embora isso não signifique que não estivessem abertas.
Outro aspecto do comunicado que escandalizou alguns dos operadores contactados pelo PressTUR é a afirmação de que os problemas em Portugal “prende[m]-se com problemas de tesouraria que afectam a empresa, consequência de atrasos de pagamento por parte de alguns clientes de grande dimensão”.
“O que assistimos este fim de semana foi precisamente ao contrário, que receberam dinheiro dos clientes e não pagaram aos fornecedores das viagens”, salientou uma das fontes do PressTUR, que pôs como condição falar sob anonimato.
Esta fonte também destacou que o comunicado publicado hoje pela Marsans “passou uma esponja” sobre o facto de nas instruções para este fim de semana transmitidas em nome de José Vicente Semper, novo director-geral da Marsans Portugal, se reconhecer explicitamente que haveria clientes a ficarem sem viagens e deixar à consideração dos trabalhadores avisá-los ou não.
“No caso dos clientes que vão ficar sem viagem este fim de semana, fica ao vosso critério avisá-los desta situação, mas se o fizerem tenham em atenção que não o devem fazer na loja e nem devem ter a loja aberta, certifiquem-se que não correm nenhum risco”, dizia o email que foi enviado aos directores de lojas da Marsans Portugal (clique para ler: “É um caso de polícia” – acusa Vera Jardim / “Comportamento execrável” – lamenta João Passos).
como é que é possível?!?!?!? (desculpem o post tão longo)

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athena
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Mensagem por athena »

"Quem aproveitou a situação foi a Ryanair, que lançou uma campanha para os clientes lesados pela Marsans: a low-cost irlandesa oferece 500 mil bilhetes a nove euros a quem ficou sem férias. "Jornal i, 06.07.10

Talvez alguém queira aproveitar...

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

O que eu não percebo é o que é que a Associação das Agências de Viagens, que se mostra tão escandalizada e surpreendida, andou a fazer durante estes meses todos (desde finais de 2009) quando as noticias vindas de Espanha já eram tão alarmantes.

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athena
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Mensagem por athena »

Ruizito Escreveu:O que eu não percebo é o que é que a Associação das Agências de Viagens, que se mostra tão escandalizada e surpreendida, andou a fazer durante estes meses todos (desde finais de 2009) quando as noticias vindas de Espanha já eram tão alarmantes.
É uma associação profissional, defende os interesses da classe, apenas "faz-de-conta" que está chocada com a situação dos lesados! A entidade reguladora é o Turismo de Portugal - essa instituição sim tem culpa, deveria ter intervindo atempadamente e consta que "olhou para o lado"...Os organismos reguladores em Portugal existem para cobrar taxas, nada mais - na saúde, comunicação social, energia, all the same shit! :twisted:

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Paulo Almeida
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Mensagem por Paulo Almeida »

Passei ontem no Dolce Vita e aparentemente a Loja da Marsans lá estava aberta . Esperemos que tudo e resolva pelo melhor.

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

athena Escreveu: É uma associação profissional, defende os interesses da classe, apenas "faz-de-conta" que está chocada com a situação dos lesados!
Isso não os desculpabiliza. Uma associação para defender os interesses de uma classe deve estar atenta às "maçãs podres" (só para utilizar uma expressão que está na ordem do dia), porque senão quem sofre é toda a classe, como aconteceu neste caso, em que já toda a gente anda desconfiada das agências de viagens.
Mas tens razão quando dizes que o Turismo de Portugal também tem culpa. Até na caução que devia ter sido prestada pela Marsans que devia ser de 250 000 €, e ficou-se por 10 vezes menos.

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athena
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Mensagem por athena »

Ruizito Escreveu: Isso não os desculpabiliza. Uma associação para defender os interesses de uma classe deve estar atenta às "maçãs podres" (só para utilizar uma expressão que está na ordem do dia), porque senão quem sofre é toda a classe, como aconteceu neste caso, em que já toda a gente anda desconfiada das agências de viagens.
Não desculpabiliza, bem pelo contrário. A minha critica é precisamente no sentido de não exercer as funções para que foi criada - não intervir e ficar quietinha a receber as quotas. Sei do que falo: na Páscoa, quando a TAP anunciou a greve, fiquei a perceber muito bem como (não) funciona este sector em Portugal.