IVA a 21% e outras medidas incompreensíveis

[Pedro]

Com o défice a 6.83%, o governo decidiu tomar medidas para o combater. No entanto, ao contrário do que eu esperaria, em vez de tomar medidas para dinamizar a nossa economia, optou por tomar medidas que a irão atrofiar ainda mais. Embora eu concorde com algumas (como a subida dos impostos sobre o tabaco e o alcool), há outras que me deixam completamente surpreendido perante a estupidez que representam. Vou falar em apenas duas que me parecem críticas, começando pelo aumento do imposto sobre os combustíveis.

Os combustíveis são um dos elementos mais importantes da nossa sociedade. Uma alteração no preço dos combustíveis altera o preço de praticamente tudo, já que irá afectar o custo dos transportes. Ou seja, ao aumentar o imposto sobre os combustíveis para gerar mais receitas, o governo está a fazer com que praticamente tudo fique mais caro, diminuindo assim o nosso poder de compra.

A juntar à medida anterior, segue-se outra "pérola": o aumento do IVA para 21%. O poder de compra dos portugueses está a diminuir cada vez mais, o país está a entrar em crise, cada vez há menos investimento... e aumenta-se o IVA para tornar tudo mais caro? Mas que raio de medida é esta? Ainda por cima tendo em conta que ainda há pouco tempo o IVA foi aumentado também em 2% pelo governo anterior e os resultados demonstraram tratar-se de uma medida errada.

Eu sei que é necessário gerar receitas, mas não é preferível gerá-las de maneira sensata, em vez de lançar o país numa espiral negativa da qual dificilmente poderá recuperar? Aumentam-se os impostos agora... mais tarde descobre-se que não resultou (como irá acontecer)... e depois? Aumentam-se de novo? Até quando? Até pagarmos 210% de IVA?

As medidas que o nosso país precisa são exactamente as opostas. Nós precisamos de baixar os impostos. Isso não só iria devolver às pessoas algum do seu poder de compra, como também iria permitir às pequenas e médias empresas aumentarem os seus lucros, atraindo também mais investimento. Muito provavelmente teria como efeito secundário uma forte diminuição nas fugas aos impostos, já que um dos motivos pelos quais isto ocorre no nosso país prende-se com os impostos aberrantes que temos de pagar. Como é que um governo pode ser tão estúpido a ponto de não ver isto e insistir numa tentativa de "solução rápida", que apenas irá piorar a nossa situação? A este ritmo, temos o mundo inteiro a recuperar da crise e Portugal a afundar-se cada vez mais devido ao "inferno" que se está a tornar.

Eu comparo esta situação à de uma empresa que está em crise. A solução mais correcta seria analisar o estado da empresa e descobrir onde se pode melhorar para obter lucro. Explorar outras áreas, diversificar os produtos, etc. Agora imaginem uma empresa que decide que, para ultrapassar a crise, os funcionários devem começar a trabalhar 12h por dia, irão receber um corte de 20% nos salários e mais nenhum será promovido. Ridículo, não é? Mas é exactamente isto que o governo está a fazer. E o pior é que não vejo quando irão parar.

Que é que nós podemos fazer contra isto? Eu não vejo grandes hipóteses... manifestações não resultam, porque não afectam o governo. Mudar de governo também não é uma hipótese, porque ainda agora foram eleitos (e ainda por cima com maioria). Um novo 25 de Abril também não seria uma boa solução, já que aumentaria a confusão no país. Infelizmente, acho que estamos um bocado dependentes do governo acordar e ver a porcaria que está a fazer. A menos que se decida tentar métodos de protesto que "doam" mesmo ao governo (como parar o pagamento de impostos a nível nacional até o governo tomar medidas correctas, uma espécie de "voltamos a cumprir a nossa parte quando cumprirem a vossa"), não vejo grandes hipóteses de melhoria. Também se coloca outro problema... quem coordenaria estas medidas? Todos estamos descontentes, mas falta união...

Desculpem o post incrivelmente longo, mas vejo a situação cada vez pior e muita da responsabilidade é dos políticos que vão sendo eleitos, que não têm quaisquer capacidades de visão a médio prazo e que, a este ritmo, apenas vão conseguir "enterrar" o nosso país. Eu perdi toda a confiança na classe política.

[|Johnnywalker|]

a pois.... neustros hermanos têm o iva a 16%... é desta k isto vai.... de mal a pior... so pode

[guidinha2004]

Eles tinham mas era juízo:

- se cortassem nos ordenados chorudos de todos os políticos (Presidente da República, Primeiro-Ministro, Ministros, etc.);

- se em vez de terem carros topo de gama, andassem de transportes públicos como as outras pessoas;

- se diminuissem as despesas com almoços, jantares, viagens ao estrangeiro e despesas de representação;

- devem haver muitos mais exemplos, mas para já só me estou a lembrar destes...


Mais uma vez o Zé Povinho é que aguenta...

[bluestrattos]

Acho que não tarda começa a haver um surto de emigração, porque o pessoal começa a ver que Portugal está-se a enterrar cada vez mais, e pouco ou nada podem fazer, já que o Governo ajuda a escavar.

Em vez de pensarem em diminuir as despesas, não! Tentam aumentar as receitas, aumentando os impostos. Sobre o tabaco e o álcool acho que deviam aumentar 70%, e reduzir a carga fiscal sobre os combustíveis.

O nosso país é um barco que está a meter água, e o governo em vez de tapar os buracos, acha que comprando um motor para tirar água, consegue resolver o problema.

Se a situação, não melhorar (se o governo não abrir os olhos) acho que mais tarde ou mais cedo, vou-me pôr ao fresco

[usaralho]

O dia q ponho ali o pezito noutro pais acho que se aproxima cada vez mais

[duffy]

Pois é meus amigos... estamos a ir de patins direitinhos ao abismo....

[Pedro]

Acho que não tarda começa a haver um surto de emigração, porque o pessoal começa a ver que Portugal está-se a enterrar cada vez mais, e pouco ou nada podem fazer, já que o Governo ajuda a escavar.

Esse parece-me ser cada vez mais o provável futuro de muita gente. E não é por quererem, mas sim por serem obrigados a tal. Não percebo como é que o governo prefere tomar estas medidas ridículas em vez de preparar adequadamente o nosso futuro. E nem estou a falar de uma tarefa impossível... as medidas necessárias até são bastante simples, quase que basta apenas fazer praticamente o oposto do que estão a fazer agora.

[SilentNoise]

Vamos ser sinceros... Desde que nasci que ouço falar em contenção de despesas, de crise, de apertos de cinto e de défices disparatados.
Todos se queixam dos salários reduzidos, dos impostos demasiado elevados, dos preços dos produtos de primeira-necessidade. Resumindo, que o dinheiro não chega para tudo.
Como é que reagimos a isto tudo?

Chega o Verão e lá vamos nós de guarda-sol e toalha debaixo do braço para as melhores praias de Portugal, alojados nos melhores hoteis.
Estamos fartos de Portugal? Então toca a ir fazer turismo para ilhas paradisíacas que o dinheiro não chega para tudo.
Acabou o Verão? Aiiiii que o dinheiro não chega para tudo. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba!!!

Chega o Natal, toca a fazer compras e gastar o 13.º mês em prendinhas do melhor para não ficarmos mal vistos.
Começou o ano novo? Então vamos para a neve que o dinheiro é para gastar e a Sra. X disse que as pistas de ski dos Alpes é só gente fina.
Passados uns dias: Aiiii que o dinheiro não chega para tudo e as contas públicas revelam um défice de quase 8%. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba.

Agora imaginem este cenário todos os meses, por volta do dia 23, data em que a maioria recebe o seu ordenado. Acreditem que a maior parte das famílias portuguesas gasta o seu salário todo e começa a endividar-se mesmo antes de o mês seguinte começar.
Se o mais comum português pensa e age assim, como poderiam reagir os políticos que nos dirigem?

[Pedro]

Chega o Verão e lá vamos nós de guarda-sol e toalha debaixo do braço para as melhores praias de Portugal, alojados nos melhores hoteis.
Estamos fartos de Portugal? Então toca a ir fazer turismo para ilhas paradisíacas que o dinheiro não chega para tudo.
Acabou o Verão? Aiiiii que o dinheiro não chega para tudo. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba!!!

Chega o Natal, toca a fazer compras e gastar o 13.º mês em prendinhas do melhor para não ficarmos mal vistos.
Começou o ano novo? Então vamos para a neve que o dinheiro é para gastar e a Sra. X disse que as pistas de ski dos Alpes é só gente fina.
Passados uns dias: Aiiii que o dinheiro não chega para tudo e as contas públicas revelam um défice de quase 8%. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba.

Neste caso, fala por ti... eu não sou assim e a maioria das pessoas que conheço também não é.

[SilentNoise]

Não estava a falar em nenhum caso particular. Estava a generalizar.

[duffy]

Chega o Verão e lá vamos nós de guarda-sol e toalha debaixo do braço para as melhores praias de Portugal, alojados nos melhores hoteis.
Estamos fartos de Portugal? Então toca a ir fazer turismo para ilhas paradisíacas que o dinheiro não chega para tudo.
Acabou o Verão? Aiiiii que o dinheiro não chega para tudo. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba!!!

Chega o Natal, toca a fazer compras e gastar o 13.º mês em prendinhas do melhor para não ficarmos mal vistos.
Começou o ano novo? Então vamos para a neve que o dinheiro é para gastar e a Sra. X disse que as pistas de ski dos Alpes é só gente fina.
Passados uns dias: Aiiii que o dinheiro não chega para tudo e as contas públicas revelam um défice de quase 8%. Racionamento lá em casa. O estado só nos rouba.

Neste caso, fala por ti... eu não sou assim e a maioria das pessoas que conheço também não é.

Nem eu.... n conheço os alpes, e férias so mesmo no algarve...

[Ingersoll]

Este aumento de impostos não me surpreende nada e já o esperava há vários meses. Só quem andou completamente desatento é que imaginou que com o novo governo vinha a salvação da pátria.

Os portugueses vivem num mundo de fantasia. Acham muito bonito haver SCUTS, rendimentos mínimos garantidos, cultura subsidiada, institutos públicos para isto e para aquilo e esquecem-se que estes serviços têm que ser pagos. E são pagos subtraindo recursos à economia privada. Isto até não seria um problema se o estado conseguisse gerir estes recursos de uma forma mais eficiente do que o sector privado. Contudo, a história ensina-nos que normalmente isso não acontece.

O estado vem engordando constantemente desde os finais dos anos 80 e, actualmente, mais de metade dos recursos gerados pela a economia servem para alimentá-lo. Como existe uma correlação negativa entre o peso do estado e o desempenho económico (ver, por exemplo, http://www.workforall.org/html/faq_en.html) alguma coisa tem que ser feita para reduzir o tamanho daquele. Mas o quê? Vamos começar a cortar por onde? Os estudantes não querem pagar propinas, os utentes hospitalares não querem pagar taxas moderadoras, os funcionários públicos querem aumentos de salário e reformas mais cedo, os artistas querem subsídios, os jovens querem juros bonificados, etc, etc...

[Pedro]

Pois, por isso mesmo. Eu diria que não é uma generalização muito justa. Admito que haja quem pense assim, mas acredito que seja uma minoria. Para a maioria, férias são provavelmente uns diazitos na praia mais próxima.

E sim, o estado só nos rouba. E, quase tão mau como isso, rouba também aqueles que nos podiam começar a tirar deste "buraco": os investidores. Considerando as condições oferecidas noutros países europeus, acho que seria preciso um maluco para investir neste momento em Portugal. E isto é péssimo para o nosso país... por isso é que digo que, a este ritmo, não nos vamos salvar da crise.

Basta olharmos para Espanha para ver que tal era possível. O nível de vida deles é melhor, os salários são melhores, as condições de vida são melhores... e, há uns anos atrás, não estavam assim tão distantes de nós. Enfrentaram praticamente os mesmos problemas que nós tivemos e tiveram praticamente os mesmos benefícios. Só que enquanto eles tiveram, por exemplo, um Aznar... nós tivemos um Guterres e um Durão Barroso.

[Pedro]

Mas o quê? Vamos começar a cortar por onde? Os estudantes não querem pagar propinas, os utentes hospitalares não querem pagar taxas moderadoras, os funcionários públicos querem aumentos de salário e reformas mais cedo, os artistas querem subsídios, os jovens querem juros bonificados, etc, etc...

Eu acho que é possível manter benefícios e avançar na mesma. A questão é que estão a tentar obter-se os recursos para tal da maneira errada. Se tentássemos dinamizar a economia para gerar mais dinheiro, a médio prazo poderíamos melhorar o nosso nível de vida. Mas atrofiar a economia como estão a fazer apenas para gerar dinheiro agora? E daqui a 10 anos? Aumentam-se de novo os impostos? E depois? Ou seja, as soluções apresentadas não irão resolver o problema, apenas vão afundar-nos mais.

Eu acho que existem coisas críticas das que mencionaste que se devem manter. Devíamos ter uma educação superior gratuita (embora com penalizações para quem não tivesse aproveitamento), já que precisamos de trabalhadores formados em várias áreas. Afinal, com quem é que vamos competir se a nossa força de trabalho possuír o 9º ano? Com a China? Devemos procurar especializar-nos em áreas tecnológicas onde o custo da mão-de-obra não seja factor crítico, em vez de ficarmos todos contentes por os países do centro da Europa virem cá colocar fábricas. Quanto aos hospitais, também acho importante serem financiados pelo Estado, é um direito que nós temos. Os apoios aos jovens também são importantes, já que estão no início da sua vida. Agora que há coisas inúteis que o Estado financia sabe-se lá porquê (como as famosas frotas de carros de cada ministério), também é verdade. E é nisso que se deve cortar, nunca em coisas críticas para o bem-estar das pessoas. Cortando esses benefícios importantes para o bem-estar, também eliminamos a razão pela qual pagamos impostos.

[SilentNoise]

A questão é que, pelos vistos, não estamos habituados à democracia. É triste, mas é verdade. Não nos podemos esquecer que ainda ontem estavamos na mão de um ditador que valorizou Portugal mas esqueceu-se do mais importante: o bem-estar da população.
Em Portugal, Salazar caiu (literalmente ) e Marcello Caetano foi deposto. O governo do país foi entregue a militares e seguidamente a políticos. Tiveram que improvisar um modelo económico que comportasse com as despesas públicas, tendo em conta que a maior parte da riqueza vinha das ex-colónias.
Em Espanha, depois de Francisco Franco e do seu sucessor morrerem, o estado não teve problemas em continuar um trabalho que estava definido desde os tempos do ditador, visto que as cortes possuiam uma grande parte da riqueza do país. Foi uma questão de equilibrio de contas.

Com isto, é complicado comparar Portugal e Espanha, pelo menos do ponto de vista económico.