Faltou o comércio para o sucesso da Noite Branca
Iniciativa a meio gás cativou visitantes e turistas, mas faltou maior adesão dos comerciantes.
A noite estava amena e convidava ao passeio. A música ouvia-se um pouco por todas as ruas, tocou a banda, passaram as marchas populares a dar um toque de colorido, e o Grupo de Música e Cantares de Assafarge recordou velhos hábitos e ofícios na Praça 8 de Maio perante largas dezenas de pessoas. Ao convite para passarem a noite de sexta-feira em branco nas lojas da Baixa, responderam a população e os turistas, mas faltou o essencial: o comércio. Das quase 200 lojas da Baixa e baixinha de Coimbra, só cerca de 50 aderiram à Noite Branca, mantendo as portas abertas até às 24h00. Os visitantes estavam lá, a animação também, mas a maioria dos comerciantes optou por ter as portas fechadas e só alguns dos cafés mantiveram as esplanadas na rua. Só aqui ou ali se via uma porta aberta e nem os habituais vendedores ambulantes apareceram.
No entanto, para os que aceitaram o desafio, a noite até correu bem. De casa sempre cheia de clientes e curiosos, Hélder Gonçalves, proprietário da loja Coisas e Sabores, entende que esta é uma iniciativa «a repetir mais vezes». «O interesse destas noites é trazer pessoas que normalmente não vinham à Baixa, e se todos os comerciantes aderirem, podemos conseguir que este local volte a ser o que era», acredita. O vendedor, que participou também nas três edições anteriores, organizadas pela Agência de Promoção para a Baixa de Coimbra (APBC), foi além do que era pedido, e convidou o artista Raul Abrantes para estar à entrada da loja, pintando peças de cerâmica. A colaboração estendeu-se à Adega de Souselas, que ali realizou uma prova de vinhos. «É bom para os dois lados» diz Hélder Gonçalves que, ainda a noite ia a meio, e já tinha vendido «quatro caixas a turistas», que sã0 «70 a 80% dos clientes».
“Espírito aberto” é fundamental
Com menos vendas, mas com a mesma perspectiva empreendedora estavam Ruben e Maria Alice Santos, proprietários da loja Ruben, e também repetentes na Noite Branca. «Não posso dizer que está a correr bem a nível comercial, mas esse não é o objectivo», garante Maria Alice, que defende que «estas iniciativas fazem de facto a diferença». «Só é pena sermos tão poucos os comerciantes com espírito de sacrifício», lamenta a comerciante, que admite que «o dia foi mal escolhido, o que pode influenciar o sucesso da iniciativa».
A data, em período de férias, é mesmo o motivo que vários lojistas apontaram para não participarem no programa da APBC. Armindo Gaspar, presidente da agência, explica que «os proprietários demonstraram vontade, mas não tinham funcionários para abrir». Por isso, em Setembro há nova Noite Branca na Baixa, «com mais pujança e envolvendo mais a população», assegura, para contrariar a iniciativa a meio gás, mas que ainda assim manteve várias pessoas nas ruas até ao fecho das lojas. Atendendo à época, o responsável considera que «os resultados são positivos e ficámos com a ideia de que as pessoas gostaram e querem vir».
Armindo Gaspar salienta que a iniciativa «não é contra ninguém, mas sim para dignificar a Baixa». «Temos que transmitir que a Baixa existe, que estamos aqui, com diversidade comercial, um património riquíssimo, atendimento personalizado e a gerar riqueza que fica no país». Mas, avisa, «é fundamental que os comerciantes tenham espírito aberto e acreditem», porque o projecto tem que ser de todos e pode ser uma coisa fantástica».
Fonte: Diário de Coimbra
Assim vai ser complicado... se as pessoas aparecem e falham os comerciantes, não há muito a fazer. Provavelmente muitos dos que foram hoje já não devem voltar da próxima vez.