Entre um mergulho e uma partida de mini-golfe
A cidade ainda desconhece as ofertas, mas os turistas estrangeiros começam a aprender o caminho para o Parque de Campismo de Coimbra. Todos elogiam a qualidade das condições e o prazer de um mergulho na piscina. Se houvesse mais sombra… seria o cenário perfeito
«A dança do tubarão, tubarão, tubarão. É a nova onda que chegou este Verão». A música da rádio é animada, mas a verdadeira animação está na piscina onde a Inês, de sete anos, dá umas braçadas com uma amiga, sob o olhar atento da avó. Na água juntam-se outros “nadadores”… Até porque o calor é muito e a água, com certeza fresquinha, convida a uns mergulhos.
A mesma vontade tem a Ana Carolina. Esta menina de cinco anos bem queria divertir-se na água azul da piscina do Parque de Campismo, mas a mãe e a avó, que estão com ela, não podiam imaginar que aquela nova infra-estrutura, pensada para campistas e turistas, estaria a funcionar para o público em geral. Resultado: a Ana Carolina não tem fato de banho e não pode mergulhar.
O ar triste da menina obriga mãe e avó a justificarem-se. «Muito provavelmente grande parte das pessoas não sabe o que há aqui», desabafa Susana Romão. «Vínhamos só para ver e não fazia a mínima ideia que este lugar era tão agradável», acrescenta Ângela Romão, a mãe da Ana Carolina, prometendo voltar no dia seguinte com a pequenita, mas desta vez com direito a mergulho, braçadas e muita animação.
Instalado no Alto do Areeiro há quase um ano, o Parque de Campismo parece só agora estar a ser descoberto pelo povo da cidade. Criado para dar resposta às necessidades dos que nos visitam com caravanas, tendas ou iglus e não têm onde ficar, esta infra-estrutura é também, assumidamente, virada para os que aqui vivem.
“Portas abertas” a turistas e a Coimbra
É por isso que tem “portas abertas” para quem queira apanhar sol ou dar umas braçadas na piscina (por três euros para crianças e cinco euros para adultos) ou até praticar (gratuitamente) hidroginástica, mas também para quem queira levar os pequenitos a brincar no parque infantil ou até aproveitar uma tarde para jogar no campo de mini-golfe que ali está a funcionar.
«Há ainda a visão de um parque como um recinto com vedação, uma recepção, onde as pessoas põem tendas. Nós queremos ir mais longe e abrir as portas ao público da cidade», explica Carlos Catarino, responsável pelo parque de campismo, satisfeito pela receptividade de turistas e conimbricenses à infra-estrutura, apesar de estar consciente de que «este nunca pode ser um grande negócio em Coimbra».
Seja como for, só em Julho, a ocupação média é de 150 a 200 pessoas por dia, o que significa «uma pequena surpresa», para quem não tinha colocado a fasquia tão alta para este Verão. Italianos, holandeses, alemães, franceses e espanhóis são as nacionalidades que mais procuram o Parque de Campismo que é, confirma Carlos Catarino, maioritariamente ocupado por estrangeiros. «Cerca de 90% são de fora de Portugal», confirma.
No máximo, a estadia é de quatro dias, até porque muitos dos que se instalam no Parque de Campismo chegam a Coimbra vindos de outras cidades e com o objectivo de visitarem outros destinos durante o período de férias. Nada disto impede, no entanto, quem conhece as instalações de fazer um balanço positivo da hospitalidade e, até, de voltar depois.
“Sensação de liberdade”
É caso de Valentÿn. O calor convida a uns momentos de descanso e puro relaxe na espreguiçadeira que tem estrategicamente colocada em frente à caravana, de modo a que possa chegar à Holanda, a sua terra natal, com uma “corzinha”. O livro e um charuto servem de companhia, até porque o marido, que a acompanha nestas viagens anda pela «cidade, às compras».
É a segunda vez que a holandesa visita Coimbra e se instala no parque de campismo. Primeiro porque gosta da «sensação de liberdade» que as instalações lhe dão. E depois porque se confessa «apaixonada pela parte velha da cidade», de tal maneira que não conseguiu resistir e voltou novamente este ano a escolher Coimbra para ficar «mais quatro dias». Quanto às condições do parque, «nada a apontar». «É um sítio amoroso que ainda não está concluído, mas que tem condições muito boas», opina, desdramatizando a falta de sombra e dando como resposta o ar mais do que agradado com que desfruta dos raios quentes de sol.
O mesmo já não se pode dizer de Alfredo e Eloísa que, acompanhados pela filha, acabam de chegar a Coimbra vindos de Málaga. Ainda a conhecer o parque, os três não poupam elogios às condições de lavabos, casas de banho e outras infra-estruturas de apoio. O que faz este casal “engelhar o nariz” é a falta de sombra, especialmente porque, como explicam, «temos uma tenda e o sol é muito incómodo». «Falta-lhe árvores e sombras, precisava de ser mais cuidado», desabafa Alfredo.
Depois de uma volta pelo parque, lá decidem instalar-se. Até porque é grande a curiosidade de conhecerem os atractivos de Coimbra, descobertos ao navegar pela Internet. «Este é o parque mais perto da cidade e é o que nos permite conhecer o Portugal dos Pequenitos, a Universidade ou o Jardim Botânico que nos chamou a atenção durante uma pesquisa sobre a cidade», explica Eloísa, pronta a permanecer em Coimbra por, pelo menos, «um par de dias», para depois visitarem outras localidades da Região Centro, como é o caso da Batalha, Alcobaça ou Nazaré.
Fonte: Diário de Coimbra
Fica novamente o aviso já mencionado neste tópico de que as infra-estruturas do parque podem também ser usadas por pessoas da cidade.