ANSIÃO - Computadores substituem sebentas
As escolas do Avelar, Ansião e Arouca entraram ontem no futuro através do projecto “Escolas Navegadoras”. Na prática, os cadernos e os lápis foram substituídos por computadores.
A sala de aulas tradicional já não é o que era nas escolas do Avelar, no concelho de Ansião e na escola Secundária de Arouca. Os referidos estabelecimentos de ensino foram seleccionados pelos promotores do projecto “Escolas Navegadoras” para servirem de “cobaias” nesta experiência que os coloca directamente no futuro.
Na prática, nos referidos estabelecimentos de ensino, os alunos vão encontrar em cima das mesas das salas de aula computadores portáteis em substituição dos tradicionais cadernos e lápis que sempre usaram para aprender a ler e a escrever.
A apresentação do projecto realizou–se ontem nas escolas básica do 1º, 2º e 3º ciclo do Avelar, concelho de Ansião, na presença da ministra da Educação Maria do Carmo Seabra. O projecto foi apresentado pelos seus mentores, nomeadamente, Roberto Carneiro, ex–ministro da Educação e coordenador deste projecto e ainda por Diogo Vasconcelos, presidente da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento. Segundo os promotores desta ideia, o projecto tem por objectivo alterar a forma tradicional de ensino nos diferentes níveis utilizando as tecnologias de informação e comunicação.
O investimento nesta fase de arranque ascende aos 150 mil euros e está a decorrer apenas no Avelar e em Arouca. Na prática, este novo sistema de ensino abrange um total de 1360 alunos (98 na EB1 do Avelar, 262 na EB2/3 de Avelar e 1000 na escola secundária de Arouca). Segundo a ministra, este projecto será alargado em Setembro a mais 150 estabelecimentos de ensino que, para isso, deverão apresentar a respectiva candidatura num concurso público que o Ministério lançou para o efeito.
“Um dos critérios foi o interior porque entendemos que se deve estimular a dinâmica das zonas rurais”, disse. E acrescentou que a formação dos professores foi outro factor que pesou na balança que decidiu a escolha, por exemplo do Avelar. Segundo António Rodrigues, os professores dos estabelecimentos de ensino daquele agrupamento tem formação no Centro que dirige desde 1998.
“O Centro tem por preocupação formar professores para fazerem coisas”, esclareceu.
António Rodrigues explicou que as novas tecnologias não serão apenas usadas pelos “meninos e meninas” do Avelar.
“Dentro de duas/três semanas as escolas irão abrir as portas à noite para receberem os pais que, acompanhados pelos filhos, aprendem de forma gratuita a aceder às novas tecnologias”, explicou.
Mas com tantas facilidades surge uma dúvida: “Como irão os professores vigiar os alunos e ter a certeza que eles estão a aprender a lição e não estão, por exemplo a navegar na Net?”
António Rodrigues esclareceu que, a partir de agora, o professor e a disposição da sala de aula vai abandonar os métodos antigos. No caso dos professores estes terão um papel de “vigias” mas irá permitir acompanhar as dificuldades dos alunos com maior facilidade porque terá a ajuda do computador.
Reconhecimento
do trabalho do município
Durante a cerimónia oficial de apresentação do projecto, o autarca anfitrião, Fernando Marques, esclareceu que a escolha da escola do Avelar para servir de piloto nesta experiência deixou o concelho muito satisfeito porque é “o reconhecimento do investimento que a Câmara tem efectuado nesta área”.
Para Roberto Carneiro, o mentor do projecto, a ideia transporta as mentes dos portugueses à época gloriosa dos descobrimentos. Há cinco séculos, foram os portugueses que deram utilidade aos conhecimentos científicos e tecnológicos da época adaptados às suas necessidades. Hoje, a navegação é feita através dos mares do futuro.
“A ideia surge da união de alguns esforços, ou seja fomos buscar o conhecimento onde ele existia e agora vamos aplicar nas escolas onde estão a preparar os cidadãos do futuro”, esclareceu.
A encerrar, Maria do Carmo Seabra, ministra da Educação, admitiu que seria a sua última acção enquanto governante, e por isso estava particularmente feliz por estar contribuir para o desenvolvimento tecnológico do país. A ministra admitiu que o projecto foi possível concretizar graças à união de várias entidades (privadas, Estado e autarquias). O financiamento surgiu através de umas “sobras” dos cofres do Estado que foram reencaminhadas para este projecto.
in As Beiras