Polis sem dinheiro para fazer avançar obras
Obra da Entrada Poente do Parque Verde, por túnel subterrâneo, bem como a 1.ª e a 2.ª fases do Programa Polis (intervenções no Choupalinho) arrancam este ano. Mas continua a faltar financiamento para algumas intervenções necessárias
É sobretudo devido à insuficiência das verbas comunitárias afectas ao Programa Polis (houve um corte de 9,4 milhões de euros relativamente ao inicialmente previsto), mas também ao desajuste entre alguns valores estimados para determinadas intervenções e os seus custos actuais, que várias obras não vão poder arrancar.
Quem o diz é o vereador do urbanismo da Câmara Municipal de Coimbra, João Rebelo, que, ontem, participou numa reunião da Comissão Local de Acompanhamento do Programa Polis, que serviu para fazer o ponto de situação na cidade.
Há um conjunto de intervenções que vão ser iniciadas durante este ano. Porém, uma das obras mais dispendiosas, o desnivelamento da Avenida Inês de Castro (que faria a ligação à Avenida de Conímbriga, passando por baixo da Avenida João das Regras) fica à espera de ser bafejada pela disponibilidade dos apoios financeiros.
De acordo com João Rebelo, serão necessários 20 milhões de euros para o desnivelamento, obra essencial para posterior arranjo urbanístico do eixo da Avenida João das Regras, desde o Portugal dos Pequenitos, até à Ponte de Santa Clara (que ficaria sobretudo para uso de peões), e para o qual também não há cabimento financeiro.
No entanto, a verba prevista no plano estratégico (desde 2001) para o desnivelamento era de 2,5 milhões de euros. «Manifestamente insuficiente», observa João Rebelo.
Também ontem, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação, afirmou que «não é muito exigir, do próximo Quadro Comunitário de Apoio, o necessário para finalizar» as obras do Polis e do Parque Verde do Mondego, tanto mais quando há estudos e projectos já realizados, que «custam dinheiro».
Mas vamos à realidade. Com a obra da ponte pedonal sobre o Rio Mondego em curso – custa 3,8 milhões de euros e deverá ser aberta ao público no início do 2.º semestre do ano –, e a 3.ª fase do Parque Verde (entre o Parque Dr. Manuel Braga e o Pavilhão Centro de Portugal) concluída há cerca de ano e meio, em breve se seguirão as intervenções na margem esquerda.
Segundo foi anunciado, prevê-se que a obra da Entrada Poente do Parque Verde, em fase de adjudicação (está a ser ultimada a avaliação das propostas), se inicie no primeiro trimestre de 2006. Vai custar cerca de 1,8 milhões de euros.
Através de uma passagem pedonal em túnel subterrâneo (cerca de 27,5 metros por baixo da Avenida Inês de Castro), será feito o acesso de um futuro jardim, encostado ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, ao Parque Verde do Mondego, sendo esta a sua entrada poente.
Entre outras intervenções, será, ainda, criado um circuito pedonal, que permitirá observar o interior do Convento de Santa Clara-a-Velha de uma cota superior à do terreiro.
Também quanto às designadas 1.ª e 2.ª fases do Parque Verde do Mondego (orçadas em 4,9 milhões de euros), deverá ser lançado o respectivo concurso público no primeiro trimestre do ano.
Da autoria do arquitecto Camilo Cortesão, esta intervenção, numa área de 13 hectares, entre o recinto da actual Praça da Canção (Choupalinho) e o Clube Náutico, contempla a criação de equipamentos de apoio aos desportos náuticos e aos visitantes ocasionais, além de um parque radical, de um parque infantil e de um parque de merendas. Será, ainda, reforçada a área verde e arbórea, além das alterações a fazer ao nível do pavimento e da vedação.
Finalmente, a 4.ª fase do projecto (entre a Ponte Rainha Santa Isabel e a rotunda das Lajes), que será uma intervenção menos pesada, poderá avançar no segundo trimestre de 2006. Contempla, sobretudo, percursos e a limpeza do espaço, estando a ela associada uma piscina descoberta. Deverá estar pronta até 2007.
Excluída fica, ainda, a 5.ª fase do Polis, uma intervenção menos profunda (na margem direita), que consiste no prolongamento da 3.ª fase até à Ponte Rainha Santa Isabel. Está estimada em 1,5 milhões de euros.
Fonte: Diário de Coimbra
Não percebo duas coisas mencionadas nesta notícia. Em primeiro lugar, como é que um governo cria um programa e depois decide cortar os fundos? Tendo em conta que só há obras que fazem sentido e foram planeadas em conjunto, parece-me uma decisão que não foi bem pensada. Em segundo, como é que estimam que algo vai custar 2.5 millhões de euros e depois a conta é de 20 milhões?