Marido confirma que co-proprietária de restaurante “saiu de livre vontade”
Alfredo das Neves avança que a mulher desapareceu “com alguém”
Faz amanhã três meses que Maria Antunes das Neves, co-proprietária do restaurante D. Pedro, na Avenida Emídio Navarro, em Coimbra, desapareceu. Passado todo este tempo desde o misterioso sumiço, Alfredo das Neves não tem dúvidas que a mulher - de quem estava separado há décadas, embora mantivessem negócios em comum - «saiu de livre vontade».
Ontem, questionado pelo Diário de Coimbra, Alfredo das Neves começou por dizer estar «tudo na mesma», mas, quase de imediato, confessou que «está mais ou menos confirmado que saiu de livre vontade». Sem se alongar nos pormenores, o marido da desaparecida revelou que, «segundo as análises da Polícia Judiciária [PJ], que ouviu várias pessoas, e a minha também, chegou-se à conclusão que saiu voluntariamente e com alguém».
Alfredo das Neves revelou, ainda, que «não há indicação nenhuma de onde esteja», baseando as afirmações de “desaparecimento voluntário” em depoimentos de diversas pessoas ouvidas no processo. «A mim não, mas manifestava ao pessoal que qualquer dia fugia e nunca mais ninguém a via», divulgou o sócio do restaurante D. Pedro, que, apesar de já não falar com a PJ «há mais ou menos um mês», julga que o caso «ainda não foi encerrado».
«É maior e vacinada. Se as pessoas querem ir, não há nada a fazer. Já esqueci. Que Deus a conserve», avançou Alfredo das Neves, confirmando que a mulher «só levou os documentos, o dinheiro e os cheques». Ainda para mais, «deixou tudo como costumava deixar, fechou as portas todas e deixou as chaves no sítio delas». Por último, o marido de Maria Antunes das Neves, de 70 anos, informou: «Nem levou as chaves de casa dela».
Recorde-se que desde o dia 10 de Maio, data em que Maria Antunes das Neves foi dada como desaparecida, a PJ levou a efeito várias diligências. As várias operações de busca efectuadas, inclusive com a ajuda da Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra, a alguns dos locais mais inabitáveis da cidade, baseadas numa suposta rota de Maria Antunes das Neves naquela manhã, não tiveram resultados práticos.
À data do desaparecimento, relembre-se, Alfredo das Neves associou o sumiço da mulher a um assalto, pois, avançou, desapareceram sete mil euros em dinheiro, verba resultante de uma semana de trabalho do restaurante. «A minha mulher vem sempre abrir o restaurante cedo, às 06h30. E na segunda-feira ela também esteve lá, porque deixou um casaco e a máquina de café ligada. Mas levaram-na e desde aí não tenho mais nenhuma notícia dela», afirmou, à data, o empresário, que tem um filho do casamento com Maria Antunes das Neves.
O dono do estabelecimento percebeu o que tinha acontecido por volta das 9h00, quando chegou ao restaurante, depois de ter sido alertado pelos funcionários, que encontraram a porta fechada e várias pessoas na rua, à espera para entrar. «No início pensei que ela tinha adormecido, mas depois abri a porta, procurei, procurei, mas não a encontrei em lado nenhum», explicou, então, Alfredo das Neves, que estava casado há quase 50 anos, em regime de comunhão de bens, com Maria Antunes das Neves, embora estivessem maritalmente separados.
Diário de Coimbra, 09-Agosto-2010