PSP disse que foi ao local mas advogada desmente
PSP confirmou ontem assalto a loja de informática no antigo prédio da Infinito, mas diz que enviou uma patrulha ao local, que não viu nem ouviu ninguém. Advogada Manuela Ferreira reafirmou que a Polícia não compareceu ao pedido de ajuda e apresentou reclamação
Na sequência da notícia avançada ontem pelo nosso Jornal sobre o assalto a uma loja de Informática no antigo imóvel da Infinito, na Rua da Sofia, a PSP de Coimbra confirmou, através de comunicado, que em 18 de Outubro foi assaltado o edifício n.º 97 da Rua da Sofia, onde funcionam estabelecimentos e escritórios.
De acordo com a PSP, «o alerta foi dado por uma senhora que se encontrava no quinto andar, cerca da 1h45 para a central deste Comando, que afirmou ter ouvido barulho no primeiro andar». «Um primeiro apuramento dos factos pelo Comando da PSP de Coimbra confirma parcialmente o relato da reclamante», disse a Polícia, acrescentando que enviou uma patrulha ao local, respondendo desta forma à solicitação. «Chegados junto à entrada para o edifício, que se faz pela Rua da Sofia, os agentes não detectaram qualquer sinal de arrombamento ou intrusão, nem ninguém se lhes dirigiu», prosseguiu a PSP, que explicou que o acesso ao primeiro andar faz-se também pela porta virada para a Rua da Sofia pelo que os elementos policiais não tinham acesso ao interior do edifício.
Segundo a PSP, os agentes permaneceram no local cerca de 10 minutos, tendo rondado o edifício, mas não viram nem ouviram ninguém, seguindo o serviço de patrulhamento normal à zona. «Foi assaltada uma loja de informática, desconhecendo-se se algo foi furtado, visto que até ao momento não foi apresentada qualquer queixa», de acordo com o comunicado recebido ontem à tarde no nosso Jornal. Ainda segundo aquela nota, a «actuação da PSP será objecto de averiguação interna para apuramento de eventuais responsabilidades no sentido de melhorar continuamente as nossas intervenções, reafirmando o nosso comprometimento com a segurança de todos os conimbricenses».
Conforme noticiámos ontem, o prédio foi alvo de «pelo menos duas» visitas indesejadas que roubaram dinheiro e computadores de uma loja de informática situada no primeiro andar e pertença do senhorio do edifício.
Apesar de terem sido detectados por dois advogados, que trabalhavam no quinto andar, os assaltantes tiveram «todo o tempo do mundo para fazer o que lhes apeteceu».
“É totalmente falso”
Recorde-se que a advogada Manuela Ferreira contactou quinta-feira o nosso Jornal para dar conta da sua indignação com a PSP, que disse ter contactado duas vezes para se deslocar ao local mas sem que tal tenha acontecido. «Eu e o meu colega ficámos a trabalhar até mais tarde, quando por volta da 1h00 ouvimos barulho que parecia de um martelo a bater no interior do prédio. Como não é normal, descemos, meio às escuras, as escadas para ver o que se estava a passar, vimos um indivíduo aos pontapés à porta da loja de informática e a entrar no seu interior», descreveu ao nosso Jornal.
De seguida os advogados voltaram ao escritório e telefonaram para a PSP a dar conta da ocorrência. «O agente respondeu-me que ia enviar um carro. Fui para a varanda espreitar à espera que o carro da Polícia chegasse mas nada. Vi foi o indivíduo a saltar da varanda do primeiro andar para cima do caixote do lixo que está ao lado da cabine telefónica e a ir emboora», prosseguiu Manuela Ferreira.
Para sair do prédio, aquela advogada disse que voltou a telefonar para a PSP. «Disseram-me o mesmo que tinham dito 30 minutos antes, não veio ninguém e saímos sozinhos», acrescentou, afirmando ainda que os agentes só foram ao local de manhã.
Contactada ontem à tarde pelo nosso Jornal, Manuela Ferreira disse que o teor do comunicado da Polícia «é completamente falso» e deu-nos conta que apresentou reclamação na PSP.
De acordo com aquela reclamação, a que tivemos acesso, Manuela Ferreira refere que é advogada e exerce a sua actividade na morada supra indicada (Rua da Sofia, 97-5º andar). «Na realidade, segundo pude apurar, o primeiro andar do prédio, a “UNIFASE, Lda,” estava a ser assaltada, tendo um indivíduo partido a fechadura da porta com um martelo. Nisto, a reclamante ligou para o número geral da PSP alertando do que se passava e da necessidade de ali se deslocarem, também pelo justo receio da sua integridade física», pode ler-se na reclamação. «Certo é que ninguém da PSP lá apareceu e o assalto foi concretizado quando podia e devia ser evitado pois é esta a função da PSP», concluiu a queixosa.
Diário de Coimbra - 20 - Outubro - 2007