Autoridade da Concorrência (AdC) investiga Galp em negócio de combustíveisChong Li Escreveu:Pois, também reparei nessa... já estão a fazer a aproximação ao preço dos outros lados.
Em causa estão oito bombas que a Galp desistiu de comprar à Sonae em 2008 e que agora têm a sua marca
Ano de 2008. É anunciada em Fevereiro a intenção de compra pela Galp à Sonae de oito postos de abastecimento de combustível do Continente, herdados da aquisição do Carrefour. Em Agosto, a Autoridade da Concorrência (AdC) anuncia, por sua vez, uma investigação aprofundada ao negócio, por este ser "susceptível, à luz dos elementos recolhidos, de criar ou reforçar uma posição dominante da qual possam resultar entraves significativos à concorrência efectiva em alguns dos mercados". A AdC disse ao i que não chegou a emitir qualquer parecer na altura porque o negócio não avançou - a Petrogal apresentara a desistência a 14 de Janeiro de 2009.
Julho de 2010. As mesmas oito bombas que a Galp quis comprar em 2008 (Braga, Vila Nova de. Gaia, Aveiro, Coimbra, Montijo, Portimão, Paços de Ferreira e Torres Novas) aparecem agora com os logos da Galp e a vender o seu combustível. Acrescidas de mais duas, também em hipermercados, em Valongo e Famalicão.
Segundo o porta-voz da Galp Energia, Pedro Marques Pereira, a operação de 2008 "não avançou porque com a aquisição entretanto concretizada das redes ibéricas da Agip e da Esso, os oito postos do Continente deixaram de ser tão importantes na estratégia de expansão da rede".
Ceder a exploração O que aconteceu? É o que a AdC quer perceber. Fonte da entidade, contactada pelo i, informa que a Autoridade está "a investigar a situação e já pediu esclarecimentos às empresas envolvidas".
Ao i, a Galp nega ter adquirido directamente qualquer bomba da Sonae e diz ter sido contactada por revendedores interessados em vender a sua gasolina, com a sua bandeira, sem que estes postos integrem a rede própria da marca.
Contactada, a Sonae informou apenas que, por não fazer parte do seu core business, "decidiu ceder a exploração da sua rede de postos de abastecimento de combustíveis, em funcionamento junto dos hipermercados Continente". Acrescenta que esta cedência de exploração foi feita "a favor de um conjunto alargado e diferenciado de concessionários, em qualquer dos casos empresas com experiência na distribuição retalhista de combustíveis". Sobre a ligação contratual esclarece que se estabeleceu um "contrato de locação de estabelecimento comercial" com os revendedores, embora não especifique por quanto tempo.
Preços Mesmo não sendo os postos propriedade da Galp, importa perceber como são definidos os preços finais, já que estas bombas praticavam até aqui preços mais baixos. E aqui surgem versões contraditórias. Fonte da Anarec (Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis) diz que, em postos com bandeira de uma grande marca, o revendedor "sujeita-se às regras do contrato impostas pela petrolífera, até ao limite". Neste caso, seria "a Galp a definir os preços praticados".
Pedro Marques Pereira refuta: os revendedores nos postos Sonae "são totalmente independentes da Galp, tendo a liberdade de definir todos os elementos da política comercial". Essa liberdade "inclui a definição dos preços de venda ao público". Assim, "não sabe a Galp, nem dela depende, a política de preços" seguida. "A Galp apenas fixa um preço máximo de venda, que o comercializador é obrigado a respeitar".