Burla de compra de apartamentos terá chegado à Quinta da Portela
Moradores queixam-se de ambiente hostil criado por indivíduos de etnia cigana, que terão comprado apartamento por 90 mil euros, exigindo mais do triplo para sair
Um casal bem parecido faz o negócio com o construtor, compra o apartamento ou, pelo menos, assina um contrato de compra e venda, e passados uns dias, os verdadeiros moradores, de etnia cigana, instalam-se. Os vizinhos começam a queixar-se do barulho e da confusão, exigem a saída do grupo, que, por sua vez, não arreda pé sem, no mínimo, o dobro do valor firmado no contrato, como, aliás, consta na lei. Estes são os contornos de uma burla que há anos está a lesar dezenas de construtores no país, resultantes em várias queixas na Polícia Judiciária e noutras forças de segurança, e que parece ter chegado à Quinta da Portela, em Coimbra.
«Têm-nos feito a vida negra», conta uma moradora, relatando a situação que se arrasta há meses e que, sexta-feira, motivou a deslocação da Polícia de Segurança Pública (PSP) ao local. Ao que foi possível apurar, o mal-estar instalou-se num dos lotes do Condomínio da Vinci, mas está a motivar queixas entre moradores de outros prédios, que, de um momento para o outro, viram o passeio da via pública transformar-se em verdadeiros amontoados de roupa. «Eram para aí 1,5 metros de roupa», relatou uma moradora da Quinta da Portela, sublinhando que, nos últimos tempos, essa espécie de “feira” deixou a via pública para passar para uma zona de acesso à entrada do lote, especialmente à sexta-feira, sublinhou outra fonte.
Aos domingos seria também habitual que ali estivesse estacionada uma «carrinha toda furada de tiros» com música alta, enquanto os elementos de etnia cigana aproveitavam para dormir a sesta na rua.
Apartamentos ficam por vender
Actualmente, o lote em causa está a ser comercializado pela Proabita, mas antes de chegar “às mãos” desta empresa da Batalha já tinha duas fracções vendidas, uma delas a esse grupo de etnia cigana, não informando a Proabita desse facto. Ao que o DC apurou, apenas terão sido vendidos mais dois apartamentos num total a rondar as 15 unidades.
Da parte da Proabita ninguém quer prestar declarações por se tratar de uma questão «delicada», mas o Diário de Coimbra sabe que a empresa tem um advogado a tentar contornar uma situação que começa a resultar em milhares de euros de prejuízo, pela falta de compradores para as restantes fracções do lote, mas também de outros prédios nas imediações.
Negócio é fechado por pessoas “bem vestidas”
O cenário (ao que tudo indica único) da Quinta da Portela é em tudo semelhante a outros relatados na zona da Grande Lisboa e margem sul do Tejo. Regra geral, duas ou três pessoas, bem vestidas e com bons carros, abordam o construtor ou o mediador junto de prédios recentes com vários andares à venda, acabando o acordo por ser selado com um contrato-promessa e o pagamento de um sinal de valor elevado. Em poucos dias, ocupam o apartamento e cria-se um ambiente que a maioria dos vizinhos contesta. Há, então, que negociar, porque, criticam alguns, «ninguém os pode obrigar a sair», acabando os proprietários dos lotes, na maioria dos casos ocorridos no país, por acatar os prejuízos, para conseguir desbloquear as vendas. No caso da Quinta da Portela, o que os vizinhos adiantam é que o apartamento em causa foi comprado por 90 mil euros e o que está a ser pedido é 300 mil, valores não confirmados pela empresa proprietária do lote.
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Diário Coimbra 21 Setembro 2010