é triste ver a baixa de Coimbra ir morrendo aos poucos, com algumas casas bastante antigas e históricas a fecharem!“A Baixa está a morrer”
O encerramento de lojas na Baixa já quase não é notícia, pelo menos para os comerciantes que ali persistem com os seus negócios. É com angústia que comparam as pouco movimentadas ruas de hoje com o bulício de alguns anos atrás. Passa pouca gente e menos ainda ousa entrar nas lojas, outros vêem, mexem, mas nada levam. Os cartazes “vende-se” e “trespassa-se” encontram-se em quase todas as ruas, lojas encerradas mas ainda com produtos lá dentro, outras já com os vidros tapados a papel. Os empregados ocupam-se da melhor maneira, vêm de quando em vez à rua, tentam aliciar transeuntes desinteressados. «A Baixa está a morrer e ninguém faz nada», desabafava ontem o dono de uma loja, naquele que foi o último dia de trabalho.
A pequena loja tem 42 anos e o responsável, que preferiu não se identificar, conta já 25 anos de trabalho naquele que foi, durante décadas, o centro comercial a céu aberto da cidade. A insegurança, a falta de estacionamento e a falta de moradores são apontadas como causas da decadência. No entanto, há quem critique o facto de terem sido autorizados tantos centros comerciais, «demasiados para a população e para o poder de compra de Coimbra», dizia este comerciante. Num ciclo vicioso, o encerramento de lojas vai levando a novos encerramentos. «Até Janeiro sei de pelo menos mais três lojas que também vão fechar», acrescentou.
Não será preciso esperar tanto tempo, pelo menos para as Galerias Coimbra e para a loja Traje, algumas ruas à frente. Ao que o Diário de Coimbra conseguiu apurar eram até para já ter fechado, mas estarão de portas abertas pelo menos até segunda-feira ao fim do dia. Com um total de oito funcionários, as duas lojas de vestuário e calçado têm já meio século de história e são uma referência no comércio tradicional da cidade.
Requalificar quando?
A situação é, para a Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC), «altamente preocupante». Arménio Pratas, vice-presidente, nota que pior do que fecharem lojas é não abrirem outras no seu lugar. «Estamos a assistir à desertificação da Baixa. Sabe-se que a crise está instalada no país, mas também seria oportuno que o Estado não apoiasse apenas as pequenas e médias empresas (PME) e olhasse para os milhares de micro-empresas que existem e de que são exemplo a maior parte das lojas do comércio tradicional».
Para o responsável do sector comercial da ACIC, o tão reclamado apoio nem sequer necessita de ser financeiro, antes passa pelo acesso a juros bonificados, por acabar com os pagamentos por conta e por diminuir e agilizar a carga fiscal. Dar este apoio significa, no seu entender, evitar que os comerciantes e lojistas vão engrossar as listas dos desempregados.
No que se refere ao caso concreto de Coimbra, Arménio Pratas pergunta para quando estará prevista a anunciada requalificação da Baixa e do centro histórico. Preocupado com a saída do Tribunal da Rua da Sofia e com o impacto na diminuição do movimento de pessoas, o responsável confirma que «o desânimo está instalado» entre os comerciantes e que «começam a esgotar-se as forças para lutar».
Lutar por «mais apoio, mais policiamento, pelo regresso das pessoas à Baixa, para que esta seja habitada e vivida». «Temos um centro histórico tão bonito, é uma pena», lamenta.
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