Baixa de Coimbra

Para conversar e discutir temas relacionados com Coimbra
daniel322
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Mensagem por daniel322 »

Ruizito Escreveu:E por falar em demolir é bom não esquecer que existe uma enorme diferença entre a Baixa e a Alta. A Alta representa o verdadeiro centro histórico da cidade, e com pessoas ou sem elas, terá de ser preservada na sua essência, não defendo obviamente qualquer demolição.
A Alta e a Baixa complementam-se, é óbvio que a Alta foi a origem da cidade.. romana, depois àrabe, depois cristã com residência real.. mas a Baixa tem igualmente a sua história.. não é por acaso que a Rua da Sofia é igualmente candidata a património mundial juntamente com a Alta.. e temos um Panteão Nacional na Praça 8 de Maio.. A Baixinha era a zona dos futricas, que tem a sua própria identidade bem diferenciada da Alta, uma identidade com costumes próprios que são ignorados por muitos dos habitantes da própria cidade.. por isso mesmo é que discordo deste parágrafo:
Ruizito Escreveu:Já a Baixa é diferente, não me parece que tenha assim tanto interesse histórico (se tem porque é que demoliram tantos edificios para passar o metro?)
Se a Alta é tão importante porque é foi arrasada para a construção do Pólo I? Porque é destruíram parte do Aqueduto de São Sebastião e parte do Aqueduto de Santa Clara? Porque é que as muralhas foram derrubadas? Porque é que o Castelo de Coimbra foi demolido? Porque é que a Torre de Santa Cruz foi demolida?

Conhecendo a história da cidade sabes que sempre existiu a ideia de uma via que ligasse a Praça 8 de Maio à zona ribeirinha, isso vê-se no Plano de De Groer, no Plano de Almeida Garrett, no do Arq Januário Godinho e o Arq Alberto Pessoa até propôs a destruição completa da Baixa para reconstruir no seu lugar uma cidade ampla com largas avenidas e prédios altos.. (aliás, como deves saber Corbusier nessa mesma época sugeriu a demolição do centro de Paris para a construção de torres de habitação e cá em Portugal, no Porto, na década de 50 foi proposto demolir todo o centro histórico.. felizmente por falta de verbas apenas foi feita a Avenida da Ponte)..

Não sei se me fiz entender..
Ruizito Escreveu:Afinal de contas quando Lisboa foi arrasada pelo terramoto em 1755, fizeram-se ruas novas mais largas e funcionais, e não se manteve a traça que existia até então. E será que se perdeu algo com isso? Não ouvi ainda ninguem a dizer que com a reforma pombalina a cidade ficou pior.
Não quero nem sequer comparar um acidente natural com destruição consciente..
jayniga Escreveu:deixa ver se descubro uma foto para me fazer entender melhor.
deixa estar a foto.. eu já andei várias vezes..
jayniga Escreveu:Desculpa lá mas um trólei não custa 500 mil euros nem que a vaca tussa......... e obviamente que não me refiro a circuitos suburbanos.
O que eu quis dizer é que é óbvio que não se vai investir numa linha que está a funcionar tendo uma frota completamente a cair de podre em linhas sub-urbanas.. e nem é só o custo do trólei, mas igualmente o custo das catenárias, linhas, etc..

Voltando ao preço do trólei.. de acordo com o Diário de Notícias:
Cada carro destes pode custar entre 385 mil e 600 mil euros, prevendo os SMTUC importar mais alguns, ao ritmo de um por ano.

DN Online
http://br.youtube.com/watch?v=xmkkwe9uw ... re=related Imagem



Mudando um pouco o rumo da conversa.. é falácia dizer que a Baixa está desabitada.. ou desertificada como se quer fazer crer.. O que se passa é que a Baixa desceu consideravelmente a sua densidade que anteriormente era avassaladora.. De acordo com um inquérito exaustivo do CES a Baixa continua habitada, pois em 1280 alojamentos "apenas" 481 se encontram vagos..

Para a Baixa se revitalizar como todos queremos não existem fórmulas mágicas, mas pensei (e compilei ideias que li anteriormente) em algumas medidas que poderiam suavizar o problema e gostaria de saber se concordam:

1) Requalificação dos imóveis - parece-me essencial e não acredito que alguém ponha isto em causa.. é essencial e a intervenção da SRU só peca por lenta e tardia.. mas também todos sabemos as especificidades que cada caso requer..

Mas requalificar tendo em conta quem lá mora.. consultar os moradores, saber o que está bem e o que está mal, o que deve ser feito, de modo a que para ganhar uns habitantes não se percam outros..

2) Acessibilidades - O acesso automóvel deveria ser (não sei se actualmente já é) restrito a moradores e veículos de carga e descarga.. existindo um cartão de residente
A rede de transportes é complicada em zonas deste tipo mas julgo que na Baixa o metro poderá ser uma grande oportunidade ou uma grande trapalhada, logo se verá.. na Alta mais linhas de "pantufinhas" poderiam resolver (?)

3) Equipamentos - Uma escola de ensino básico na Alta.. Já existiu mas o Sr. Salazar encarregou-se de a demolir.. Julgo que é de extrema importância.. Um pequeno posto da PSP, uma coisa com um ou dois agentes que marquem presença.. ali no Quebra Costas ou no Largo da Sé Velha seria o ideal..

Outra coisa que não consigo entender.. Parques infantis.. existe algum na Alta e Baixa? É algo que requer pouquíssimo espaço e praticamente não existe. (Se conhecem a rua atrás da Manutenção Militar, onde está o Shot's Bar, logo acima existe um parque infantil que é o perfeito exemplo do que poderia e deveria ser feito nesta zona)

4) Chamar jovens - A Universidade não pode servir de mediador imobiliário, está proibida por lei, mas existe (julgo) a possibilidade de transformar a Fac de Medicina numa residência de estudantes.. isso seria óptimo! se a isso juntássemos uma política de incentivo fiscal da CMC a jovens casais para habitarem aquela zona poderia ser que resultasse..

5) Reaproximar a vida urbana da Alta - Neste momento o Pólo I vive àparte da vida urbana de Coimbra, mas os laços ainda não se perderam, um exemplo é a Feira dos Lázaros ser ainda feita no Largo D.Dinis, tal como era antes das demolições.. este tipo de tradições deveria ser incentivada de modo a que a cidade não se separe definitivamente da universidade.. a aposta no Museu da Ciência também é óptima neste aspecto pois chama pessoas à Alta.. mais equipamentos culturais seriam bem vindos

6) Actividades na Baixa - Gostei particularmente daquela ideia do Dia da Baixa, em que as lojas fechavam mais tarde (21h, por exemplo) todas as semanas, poderia resultar.. Mas não só isso, é preciso que todos os comerciantes se unam e que exista uma ligação entre consumo-cultura-espectáculo.. ou seja, a Baixa tem de ser uma referência para quem quer ir às compras, jantar, etc mas não só, deve atrair pela sua especificidade, tradição, oferta e chamando igualmente através de pequenos espectáculos, sejam artistas de rua até concertos.. lembro-me de há uns anos ter ido ver um concerto de fado (à noite) na Praça Velha e estava muita gente, grande parte depois acabou por ficar nas esplanadas ou a dar uma volta a ver montras.. Para isso seria também importante um acordo com o Museu no Edifício Chiado..

7) Equipamentos culturais - Para além do Museu da Ciência na Alta e do Museu no Ed. Chiado existem "n" possibilidades como, por exemplo, porque não ceder um espaço na Baixa ao Conservatório de Coimbra?.. Algo que fosse construído em parceria com a CMC que funcionaria não só como Escola de Música mas também como Casa da Música, que o público em geral poderia frequentar.. Estou-me a lembrar da zona ribeirinha onde era para ser a CinemaCity (antiga Triunfo), ou algo do tipo.. é só um exemplo, o que é essencial é voltar a criar centralidades na Baixa de modo a que a população sinta necessidade/vontade de lá ir..

8) Criar um gabinete autárquico que lidasse directamente com os comerciantes e habitantes da Baixa de modo a evitar processos burocráticos longos

Não me estou a lembrar de mais, depois completo.. entretanto gostava que a discussão continuasse colocando mais ideias, ou criticando (construtivamente, de preferência) ideias entretanto apresentadas.. quem sabe alguma até seja boa e esteja alguém importante a ler.. :p
Última edição por daniel322 em sábado, 15 novembro 2008 19:17, editado 4 vezes no total.

DaniFR
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Mensagem por DaniFR »

BAIXA - Iniciativa da Agência para a Promoção

Pista de Gelo na Praça do Comércio

Imagem

De 1 de Dezembro de 2008 até 5 de Janeiro de 2009, será possível andar de patins na pista de gelo natural que ficará instalada na Praça do Comércio.
asbeiras
É uma boa iniciativa. Esperemos que atraia mais gente á baixa.

RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

Brutal, lá estarei de novo este ano! :D

De resto, é preferível esta localização à do ano passado pois é uma excelente forma de promoção da baixa. :wink:

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userN
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Mensagem por userN »

RuiSantos Escreveu:Brutal, lá estarei de novo este ano! :D

De resto, é preferível esta localização à do ano passado pois é uma excelente forma de promoção da baixa. :wink:
concordo a 100% contigo!
é disto que a baixa precisa, que esteja viva!
já agora e a iluminação de natal da cidade? começaram a por tudo bem cedo e agora que era necessário estagnou? concordam? quando os cc já têm todos o natal como tema para cativar clientela?
já era tempo de cheirar a natal sobretudo na baixa da cidade, chama clientela e trás gente para passear e talvez comprar qualquer coisa.

DaniFR
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Mensagem por DaniFR »

userN Escreveu: já agora e a iluminação de natal da cidade? começaram a por tudo bem cedo e agora que era necessário estagnou? concordam? quando os cc já têm todos o natal como tema para cativar clientela?
já era tempo de cheirar a natal sobretudo na baixa da cidade, chama clientela e trás gente para passear e talvez comprar qualquer coisa.
Tambem estranhei, começaram a pôr os suportes para as iluminações bastante cedo, e agora pararam. Apenas colocaram iluminações na avenida Emido Navarro.
Na baixa, normalmente, so ligam no fim de novembro.

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banjix
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Mensagem por banjix »

OFF-TOPIC: Embora não concorde com algumas coisas que se vão aqui dizendo, tenho de destacar a forma como esta discussão está a ser feita. Embora haja bastantes opiniões divergentes, as pessoas estão a respeitar-se e isso é óptimo! Espero que continue assim, pois só com o confronto de ideias é que se pode chegar a algum lado e, quem sabe, encontrar-se uma solução a sério para a Baixa.

ON-TOPIC: Relativamente ao que se passa na maior parte das zonas históricas de Espanha, alguém referiu que lá, ao contrário do que se pensa, não vive muita gente. Até pode ser verdade, mas o que é facto é que, tanto de dia como de noite, as zonas históricas são bastante frequentadas! Se a solução da Baixa de Coimbra não passa por viverem lá mais pessoas, não vejo qualquer inconveniente em que a mesma passe a ter o tipo de realidade das zonas históricas de cidades espanholas! A meu ver, o que mais interessa é ter uma zona histórica viva, em que as pessoas se sintam bem lá. Se é a viver ou a conviver, é pouco importante. O que interessa mesmo é que as pessoas continuem a frequentar a Baixa.

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

daniel322 Escreveu: A Alta e a Baixa complementam-se, é óbvio que a Alta foi a origem da cidade.. romana, depois àrabe, depois cristã com residência real.. mas a Baixa tem igualmente a sua história.. não é por acaso que a Rua da Sofia é igualmente candidata a património mundial juntamente com a Alta.. e temos um Panteão Nacional na Praça 8 de Maio.. A Baixinha era a zona dos futricas, que tem a sua própria identidade bem diferenciada da Alta, uma identidade com costumes próprios que são ignorados por muitos dos habitantes da própria cidade.. por isso mesmo é que discordo deste parágrafo.
Estou de acordo. Aliás o que disseste aplica-se a toda e qualquer zona da cidade, bem como a qualquer cidade, vila e aldeia deste país. O que continua a não justificar que obrigatóriamente tenha de se manter tudo tal como foi planeado há muito anos sem qualquer modificação.
daniel322 Escreveu: Se a Alta é tão importante porque é foi arrasada para a construção do Pólo I? Porque é destruíram parte do Aqueduto de São Sebastião e parte do Aqueduto de Santa Clara? Porque é que as muralhas foram derrubadas? Porque é que o Castelo de Coimbra foi demolido? Porque é que a Torre de Santa Cruz foi demolida?
Obviamente que não te posso responder a isso, nem ninguem poderá pois certamente quem tomou essas decisões já cá não está para responder. Mas lá por se terem cometido abusos no passado, não significa que se caia no extremo oposto no presente (uma coisa aliás tipicamente portuguesa que é de passar do 8 ao 80!)
daniel322 Escreveu: Conhecendo a história da cidade sabes que sempre existiu a ideia de uma via que ligasse a Praça 8 de Maio à zona ribeirinha, isso vê-se no Plano de De Groer, no Plano de Almeida Garrett, no do Arq Januário Godinho
E isso é mau? Afinal implica demolições...
daniel322 Escreveu:Não quero nem sequer comparar um acidente natural com destruição consciente..
A questão não é saber o que levou a que as coisas acontecessem, mas sim o resultado final. Se o Marquês de Pombal tivesse a febre de preservar tudo tal como está, tería reconstruido a cidade com a mesma traça que existia antes, não teria feito uma coisa totalmente diferente. A pergunta que faço é, teria Lisboa ficado melhor?



daniel322 Escreveu: Mudando um pouco o rumo da conversa.. é falácia dizer que a Baixa está desabitada.. ou desertificada como se quer fazer crer.. O que se passa é que a Baixa desceu consideravelmente a sua densidade que anteriormente era avassaladora.. De acordo com um inquérito exaustivo do CES a Baixa continua habitada, pois em 1280 alojamentos "apenas" 481 se encontram vagos..
Ou seja 38 % de alojamentos vagos é sinal de muito habitada?
Ou a diminuição da população da freguesia de S. Bartolomeu (a que emgloba a maioria da Baixinha) que passou de 3451 habitantes em 1960, para 2172 em 1981 e para 900 em 2001?
daniel322 Escreveu:
2) Acessibilidades - O acesso automóvel deveria ser (não sei se actualmente já é) restrito a moradores e veículos de carga e descarga.. existindo um cartão de residente
A rede de transportes é complicada em zonas deste tipo mas julgo que na Baixa o metro poderá ser uma grande oportunidade ou uma grande trapalhada, logo se verá.. na Alta mais linhas de "pantufinhas" poderiam resolver (?)
Não é só os transportes, é também o estacionamento para os residentes. Onde é que o farão com as condições actuais das ruas?
daniel322 Escreveu:
3) Equipamentos - Uma escola de ensino básico na Alta.. Já existiu mas o Sr. Salazar encarregou-se de a demolir.. Julgo que é de extrema importância..
As escolas de Almedina e S. Bartolomeu (1.º Ciclo) e Jaime Cortesão (3.º e Secundário) julgo que chegam. Falta apenas o 2.º Ciclo...

daniel322 Escreveu: 4) Chamar jovens - A Universidade não pode servir de mediador imobiliário, está proibida por lei, mas existe (julgo) a possibilidade de transformar a Fac de Medicina numa residência de estudantes.. isso seria óptimo! se a isso juntássemos uma política de incentivo fiscal da CMC a jovens casais para habitarem aquela zona poderia ser que resultasse..
Estudantes não resolvem o problema. Aliás com a descentralização da Universidade, cada vez menos procurarão estas zonas. Quanto aos casais jovens, por tudo o que já disse em posts anteriores, será preciso uma mudança muito grande para que venham a achar estas zonas da cidade atractivas.

O resto das medidas são no sentido de se visitar a Baixa e não de viver nela, o que é completamente diferente.

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

Ruizito Escreveu:o que disseste aplica-se a toda e qualquer zona da cidade, bem como a qualquer cidade, vila e aldeia deste país.
Há zonas e zonas.. umas são património, outras não.. recomendava-te a ler alguns artigos de historiadores e arquitectos sobre o património da tua cidade.. e há que distinguir que património não se refere só a edificado..
Ruizito Escreveu:Mas lá por se terem cometido abusos no passado, não significa que se caia no extremo oposto no presente (uma coisa aliás tipicamente portuguesa que é de passar do 8 ao 80!)
Não sou pessoa de 8 ou 80, mas defendo o 8 que resta do 80 que tínhamos..
Ruizito Escreveu:E isso é mau? Afinal implica demolições...
Não disse que era bom ou mau.. deixei ao teu critério.. o que achas das demolições salazaristas?..
Ruizito Escreveu:A questão não é saber o que levou a que as coisas acontecessem, mas sim o resultado final. Se o Marquês de Pombal tivesse a febre de preservar tudo tal como está, tería reconstruido a cidade com a mesma traça que existia antes, não teria feito uma coisa totalmente diferente. A pergunta que faço é, teria Lisboa ficado melhor?
Essa pergunta revela bem a tua posição sobre o assunto.. Deves saber bem o que valor que até há bem pouco tempo se dava ao património histórico: zero. Na mentalidade da altura não existia o conceito de património a preservar.. para além disso tendo um edifício em ruínas o mais fácil e barato é fazer de novo, não reconstruir..

e, só para complementar, não foi o marquês o "visionário" da baixa pombalina.. ele simplesmente entregou a zona aos engenheiros militares Eugénio dos Santos e Carlos Mardel, que traçaram a baixa como se de um acampamento militar se tratasse.. com sucesso neste caso..
Ruizito Escreveu:Ou seja 38 % de alojamentos vagos é sinal de muito habitada?
Ou a diminuição da população da freguesia de S. Bartolomeu (a que emgloba a maioria da Baixinha) que passou de 3451 habitantes em 1960, para 2172 em 1981 e para 900 em 2001?
Opá, lê o que lá está escrito.. o que é que dizer "não está desertificada" tem a ver com "está muito habitada"?

E esses são valores de população formal, como deves imaginar existe população a viver na Baixa de modo informal..

É que, isso até vai ao encontro daquilo que digo.. antigamente a zona tinha era demasiada gente, senão repara nas densidades actuais:

Sé Nova: 5 800,7 hab./km²
São Bartolomeu: 3 890,9 hab./km²
Santo António dos Olivais: 2 065,7 hab./km²
Almedina: 1 428,4 hab./km²
Santa Cruz: 1 257,9 hab./km²
Santa Clara: 986,4 hab./km²
São Martinho do Bispo: 840,0 hab./km²

Com os 3451 habitantes de 1960 em São Bartolomeu tinhas uma densidade de 15 686,3 hab./km²..
Ruizito Escreveu:Não é só os transportes, é também o estacionamento para os residentes. Onde é que o farão com as condições actuais das ruas?
A imaginação humana não tem limites.. não te estou a criticar, mas o comodismo torna tudo muito difícil, com uma boa rede de transportes até se poderia chegar ao cúmulo de proibir o trânsito nessa zona.. como acontece em muitas cidades por essa Europa fora..
Ruizito Escreveu:Estudantes não resolvem o problema. Aliás com a descentralização da Universidade, cada vez menos procurarão estas zonas. Quanto aos casais jovens, por tudo o que já disse em posts anteriores, será preciso uma mudança muito grande para que venham a achar estas zonas da cidade atractivas.
Estudantes não resolvem mas ajudam.. Em relação aos jovens casais ficou demonstrado ao longo deste tópico que existe vontade em viver nesta zona.. basta 10% da cidade estar interessado que o problema fica resolvido..
Ruizito Escreveu:O resto das medidas são no sentido de se visitar a Baixa e não de viver nela, o que é completamente diferente.
O que por si só atrai movimento, criando mais segurança e mais oportunidades de comércio, que provoca a criação de postos de trabalho e novamente mais movimento.. mas se tens medidas melhores a propor este é o tópico ideal..

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

daniel322 Escreveu: Há zonas e zonas.. umas são património, outras não..
E existe património arquitectónico, histório, ambiental, natural etc. etc. e que é que isso tem a ver com o que eu disse?
daniel322 Escreveu: Não disse que era bom ou mau.. deixei ao teu critério.. o que achas das demolições salazaristas?..
Não acho nada, não sou assim tão velho, não conheci a cidade antes disso. Claro que me choca que tenham destruído parte do aqueduto de S. Sebastião por exemplo, mas em relação à Alta, nem eu nem tu certamente poderemos afirmar com rigor se estaria melhor ou pior...
daniel322 Escreveu: Essa pergunta revela bem a tua posição sobre o assunto.. Deves saber bem o que valor que até há bem pouco tempo se dava ao património histórico: zero. Na mentalidade da altura não existia o conceito de património a preservar.. para além disso tendo um edifício em ruínas o mais fácil e barato é fazer de novo, não reconstruir..
Não foi essa a questão que eu coloquei. Questionei se teria sido melhor para Lisboa se tivesse sido reconstruída com a traça original. E nunca ouvi ninguem a defender isso, aliás todos elogiam o espirito visionário e moderno do Marquês (ou dos seus arquitectos).
daniel322 Escreveu: E esses são valores de população formal, como deves imaginar existe população a viver na Baixa de modo informal..
Desconheço o que seja a população "informal" da baixa. O que os Censos diferenciam é população presente de população residente e em ambos os caso a mesma diminuiu de forma avassaladora na freguesia de S. Bartolomeu.
daniel322 Escreveu: A imaginação humana não tem limites..
Vai ser preciso algo mais que imaginação para resolver esse problema com as ruas actuais.
daniel322 Escreveu: Em relação aos jovens casais ficou demonstrado ao longo deste tópico que existe vontade em viver nesta zona.. basta 10% da cidade estar interessado que o problema fica resolvido..
Ficou demonstrado? Não vi assim tanta gente interessada nisso.
daniel322 Escreveu: O que por si só atrai movimento, criando mais segurança e mais oportunidades de comércio, que provoca a criação de postos de trabalho e novamente mais movimento.. mas se tens medidas melhores a propor este é o tópico ideal..
Já aqui se fez a distinção entre viver e visitar. Não me parece que a Baixa seja pouco visitada, portanto não é aí que está o problema. Quanto às medidas, já aqui enumerei algumas, embora pelos vistos não estejas de acordo com elas.

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

Ruizito Escreveu:E existe património arquitectónico, histório, ambiental, natural etc. etc. e que é que isso tem a ver com o que eu disse?
por isso mesmo é que escrevi "e há que distinguir que património não se refere só a edificado.. "
Ruizito Escreveu:Não acho nada, não sou assim tão velho, não conheci a cidade antes disso.
Não é preciso ter vivido para se saber como era.. neste caso específico existe muita informação e bastante acessível..
Ruizito Escreveu:Não foi essa a questão que eu coloquei.
Não te respondi directamente de propósito.. a questão que colocas duvido que alguém a consiga responder com sim ou não
Ruizito Escreveu:(ou dos seus arquitectos).
..engenheiros..
Ruizito Escreveu:Desconheço o que seja a população "informal" da baixa.
ilegal
Ruizito Escreveu:O que os Censos diferenciam é população presente de população residente e em ambos os caso a mesma diminuiu de forma avassaladora na freguesia de S. Bartolomeu.
claro.. em 1960 tinhas 4 ou 5 famílias a morar no mesmo espaço onde hoje mora uma.. o poder de compra cresceu assim como a exigência de uma maior qualidade de vida.. felizmente..
Ruizito Escreveu:Vai ser preciso algo mais que imaginação para resolver esse problema com as ruas actuais.
se tivermos essa atitude de cruzar os braços então é que nada feito..


nem vou comentar o resto, se quiseres volta a ler o tópico que as resposas estão lá.. eu não estou interessado em trocar farpas contigo, se entretanto tiveres uma opinião construtiva a colocar, muito bem, eu e outros estaremos interessados em ler..

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

daniel322 Escreveu: eu não estou interessado em trocar farpas contigo, se entretanto tiveres uma opinião construtiva a colocar, muito bem..
Não fazia ideia que isto que estavamos a fazer era trocar farpas. Pensei que era uma troca civilizada de ideias, mas pronto enganei-me.
Parece que qualquer pessoa que tenha uma opinião diferente da tua ou troca farpas ou então não é construtiva. Nos meus posts expliquei quais as minhas ideias, se não as achas construtivas só porque são diferentes das tuas, paciência. Até porque já vi este filme antes...
daniel322 Escreveu: ...eu e outros estaremos interessados em ler..
PS: Não és obrigado a ler os meus posts, mas escusas de falar pelos outros...

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

não estávamos, mas aparentemente para lá caminhava.. e eu não estou disposto a isso..
Ruizito Escreveu:Até porque já vi este filme antes...
normal.. tens sido o protagonista, independentemente do assunto ou intervenientes.. Imagem
DaniFR Escreveu:Tambem estranhei, começaram a pôr os suportes para as iluminações bastante cedo, e agora pararam. Apenas colocaram iluminações na avenida Emido Navarro.
Na baixa, normalmente, so ligam no fim de novembro.
Sabes se já estão ligadas?
Ruizito Escreveu:Quanto às medidas, já aqui enumerei algumas, embora pelos vistos não estejas de acordo com elas.
Não... estou de acordo com algumas coisas que dizes.. não com todas, obviamente :wink:
RuiSantos Escreveu:Brutal, lá estarei de novo este ano! :D

De resto, é preferível esta localização à do ano passado pois é uma excelente forma de promoção da baixa. :wink:
Concordo, foi uma excelente medida para a Baixa este Natal

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Kika2
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Mensagem por Kika2 »

BRUTAL :D

E eu adoro patinagem no gelo... lá estarei para dar uns giros no gelo xD

SusanaP
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Mensagem por SusanaP »

Será que a atitude aqui interpretada é destruir tudo ou praticamente tudo, para construir de novo???

Se a baixa de Lisboa ficou destruída acidentalmente e teve obrigatoriamente que ser reconstruída, as duas opções eram válidas: respeitar a traça anterior ou modificá-la.

Num centro que não está destruído, a idéia deverá ser preservá-lo. Modificá-lo com a intensidade que aqui vejo a ser defendida, seria tirar-lhe a identidade.

Se querem algo sem essa identidade, podem então optar por viver noutros lugares, com edifícios modernos e ruas largas.... Nesse sentido, nem terá grande lógica estarmos a defender a baixa, se a idéia é torná-la igual ao "resto". Estaremos apenas a discutir uma mera zona centro de Coimbra, que passa a ser equiparada a qualquer outra zona.

O que me chamaria a viver na baixa é exactamente a sua estrutura de base e a sua história.

Pensa-se que somos velhos do restelo porque defendemos o património. Pois se assim é, eu sou um velho do restelo. Mesmo assim defendo o que considero a diversidade de modelos habitacionais e modos de vida. Viveria na baixa de Coimbra, pela suas características específicas. Se quero mais do mesmo (tudo muito moderno), tenho outras opções, não???

Fazendo uma analogia...Oferecem uma bola azul velhinha e uma verde. Se eu prefiro uma verde e a oferta já existe, não tenho razão para transformar a bola azul numa semelhante bola verde. Contudo, posso melhorar-lhe as condições, preservar a sua cor, defender a sua sobrevivência, oferecendo novas oportunidades a quem por essa bola quiser optar.

O que se defende, não será a habitação por si só. O que se defende é despertar o interesse das pessoas pela habitação dentro das características existentes.

Todos temos consciência que se viesse tudo abaixo e se construíssem edifícios modernos de raíz, teríamos tudo habitado. Mas não é esse modelo, igual a tudo o que é feito actualmente e que prolifera, que queremos.

Blábláblá.....

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

SusanaP Escreveu:Será que a atitude aqui interpretada é destruir tudo ou praticamente tudo, para construir de novo???

Se a baixa de Lisboa ficou destruída acidentalmente e teve obrigatoriamente que ser reconstruída, as duas opções eram válidas: respeitar a traça anterior ou modificá-la.

Num centro que não está destruído, a idéia deverá ser preservá-lo. Modificá-lo com a intensidade que aqui vejo a ser defendida, seria tirar-lhe a identidade.

Se querem algo sem essa identidade, podem então optar por viver noutros lugares, com edifícios modernos e ruas largas.... Nesse sentido, nem terá grande lógica estarmos a defender a baixa, se a idéia é torná-la igual ao "resto". Estaremos apenas a discutir uma mera zona centro de Coimbra, que passa a ser equiparada a qualquer outra zona.

O que me chamaria a viver na baixa é exactamente a sua estrutura de base e a sua história.

Pensa-se que somos velhos do restelo porque defendemos o património. Pois se assim é, eu sou um velho do restelo. Mesmo assim defendo o que considero a diversidade de modelos habitacionais e modos de vida. Viveria na baixa de Coimbra, pela suas características específicas. Se quero mais do mesmo (tudo muito moderno), tenho outras opções, não???

Fazendo uma analogia...Oferecem uma bola azul velhinha e uma verde. Se eu prefiro uma verde e a oferta já existe, não tenho razão para transformar a bola azul numa semelhante bola verde. Contudo, posso melhorar-lhe as condições, preservar a sua cor, defender a sua sobrevivência, oferecendo novas oportunidades a quem por essa bola quiser optar.

O que se defende, não será a habitação por si só. O que se defende é despertar o interesse das pessoas pela habitação dentro das características existentes.

Todos temos consciência que se viesse tudo abaixo e se construíssem edifícios modernos de raíz, teríamos tudo habitado. Mas não é esse modelo, igual a tudo o que é feito actualmente e que prolifera, que queremos.

Blábláblá.....
Eu estou plenamente de acordo com tudo o que dizes, nem nunca falei em "destruir tudo" para começar do zero. Aquilo que eu defendi foi que não me chocaria se fosse necessário deitar algumas coisas abaixo em busca de uma melhoria significativa, sem aquele fervor de preservar tudo e qualquer coisa só porque tem uns anitos!
E a verdade é que independentemente da tua boa vontade (e de outros aqui manifestada) em viver na Baixa, esta continua cada vez mais às moscas. Significa que apesar dessas boas vontades na prática há algo que falha. O que será? O que é que de facto leva a que as pessoas não vivam lá apesar de gostarem?