A Alta e a Baixa complementam-se, é óbvio que a Alta foi a origem da cidade.. romana, depois àrabe, depois cristã com residência real.. mas a Baixa tem igualmente a sua história.. não é por acaso que a Rua da Sofia é igualmente candidata a património mundial juntamente com a Alta.. e temos um Panteão Nacional na Praça 8 de Maio.. A Baixinha era a zona dos futricas, que tem a sua própria identidade bem diferenciada da Alta, uma identidade com costumes próprios que são ignorados por muitos dos habitantes da própria cidade.. por isso mesmo é que discordo deste parágrafo:Ruizito Escreveu:E por falar em demolir é bom não esquecer que existe uma enorme diferença entre a Baixa e a Alta. A Alta representa o verdadeiro centro histórico da cidade, e com pessoas ou sem elas, terá de ser preservada na sua essência, não defendo obviamente qualquer demolição.
Se a Alta é tão importante porque é foi arrasada para a construção do Pólo I? Porque é destruíram parte do Aqueduto de São Sebastião e parte do Aqueduto de Santa Clara? Porque é que as muralhas foram derrubadas? Porque é que o Castelo de Coimbra foi demolido? Porque é que a Torre de Santa Cruz foi demolida?Ruizito Escreveu:Já a Baixa é diferente, não me parece que tenha assim tanto interesse histórico (se tem porque é que demoliram tantos edificios para passar o metro?)
Conhecendo a história da cidade sabes que sempre existiu a ideia de uma via que ligasse a Praça 8 de Maio à zona ribeirinha, isso vê-se no Plano de De Groer, no Plano de Almeida Garrett, no do Arq Januário Godinho e o Arq Alberto Pessoa até propôs a destruição completa da Baixa para reconstruir no seu lugar uma cidade ampla com largas avenidas e prédios altos.. (aliás, como deves saber Corbusier nessa mesma época sugeriu a demolição do centro de Paris para a construção de torres de habitação e cá em Portugal, no Porto, na década de 50 foi proposto demolir todo o centro histórico.. felizmente por falta de verbas apenas foi feita a Avenida da Ponte)..
Não sei se me fiz entender..
Não quero nem sequer comparar um acidente natural com destruição consciente..Ruizito Escreveu:Afinal de contas quando Lisboa foi arrasada pelo terramoto em 1755, fizeram-se ruas novas mais largas e funcionais, e não se manteve a traça que existia até então. E será que se perdeu algo com isso? Não ouvi ainda ninguem a dizer que com a reforma pombalina a cidade ficou pior.
deixa estar a foto.. eu já andei várias vezes..jayniga Escreveu:deixa ver se descubro uma foto para me fazer entender melhor.
O que eu quis dizer é que é óbvio que não se vai investir numa linha que está a funcionar tendo uma frota completamente a cair de podre em linhas sub-urbanas.. e nem é só o custo do trólei, mas igualmente o custo das catenárias, linhas, etc..jayniga Escreveu:Desculpa lá mas um trólei não custa 500 mil euros nem que a vaca tussa......... e obviamente que não me refiro a circuitos suburbanos.
Voltando ao preço do trólei.. de acordo com o Diário de Notícias:
http://br.youtube.com/watch?v=xmkkwe9uw ... re=relatedCada carro destes pode custar entre 385 mil e 600 mil euros, prevendo os SMTUC importar mais alguns, ao ritmo de um por ano.
DN Online
Mudando um pouco o rumo da conversa.. é falácia dizer que a Baixa está desabitada.. ou desertificada como se quer fazer crer.. O que se passa é que a Baixa desceu consideravelmente a sua densidade que anteriormente era avassaladora.. De acordo com um inquérito exaustivo do CES a Baixa continua habitada, pois em 1280 alojamentos "apenas" 481 se encontram vagos..
Para a Baixa se revitalizar como todos queremos não existem fórmulas mágicas, mas pensei (e compilei ideias que li anteriormente) em algumas medidas que poderiam suavizar o problema e gostaria de saber se concordam:
1) Requalificação dos imóveis - parece-me essencial e não acredito que alguém ponha isto em causa.. é essencial e a intervenção da SRU só peca por lenta e tardia.. mas também todos sabemos as especificidades que cada caso requer..
Mas requalificar tendo em conta quem lá mora.. consultar os moradores, saber o que está bem e o que está mal, o que deve ser feito, de modo a que para ganhar uns habitantes não se percam outros..
2) Acessibilidades - O acesso automóvel deveria ser (não sei se actualmente já é) restrito a moradores e veículos de carga e descarga.. existindo um cartão de residente
A rede de transportes é complicada em zonas deste tipo mas julgo que na Baixa o metro poderá ser uma grande oportunidade ou uma grande trapalhada, logo se verá.. na Alta mais linhas de "pantufinhas" poderiam resolver (?)
3) Equipamentos - Uma escola de ensino básico na Alta.. Já existiu mas o Sr. Salazar encarregou-se de a demolir.. Julgo que é de extrema importância.. Um pequeno posto da PSP, uma coisa com um ou dois agentes que marquem presença.. ali no Quebra Costas ou no Largo da Sé Velha seria o ideal..
Outra coisa que não consigo entender.. Parques infantis.. existe algum na Alta e Baixa? É algo que requer pouquíssimo espaço e praticamente não existe. (Se conhecem a rua atrás da Manutenção Militar, onde está o Shot's Bar, logo acima existe um parque infantil que é o perfeito exemplo do que poderia e deveria ser feito nesta zona)
4) Chamar jovens - A Universidade não pode servir de mediador imobiliário, está proibida por lei, mas existe (julgo) a possibilidade de transformar a Fac de Medicina numa residência de estudantes.. isso seria óptimo! se a isso juntássemos uma política de incentivo fiscal da CMC a jovens casais para habitarem aquela zona poderia ser que resultasse..
5) Reaproximar a vida urbana da Alta - Neste momento o Pólo I vive àparte da vida urbana de Coimbra, mas os laços ainda não se perderam, um exemplo é a Feira dos Lázaros ser ainda feita no Largo D.Dinis, tal como era antes das demolições.. este tipo de tradições deveria ser incentivada de modo a que a cidade não se separe definitivamente da universidade.. a aposta no Museu da Ciência também é óptima neste aspecto pois chama pessoas à Alta.. mais equipamentos culturais seriam bem vindos
6) Actividades na Baixa - Gostei particularmente daquela ideia do Dia da Baixa, em que as lojas fechavam mais tarde (21h, por exemplo) todas as semanas, poderia resultar.. Mas não só isso, é preciso que todos os comerciantes se unam e que exista uma ligação entre consumo-cultura-espectáculo.. ou seja, a Baixa tem de ser uma referência para quem quer ir às compras, jantar, etc mas não só, deve atrair pela sua especificidade, tradição, oferta e chamando igualmente através de pequenos espectáculos, sejam artistas de rua até concertos.. lembro-me de há uns anos ter ido ver um concerto de fado (à noite) na Praça Velha e estava muita gente, grande parte depois acabou por ficar nas esplanadas ou a dar uma volta a ver montras.. Para isso seria também importante um acordo com o Museu no Edifício Chiado..
7) Equipamentos culturais - Para além do Museu da Ciência na Alta e do Museu no Ed. Chiado existem "n" possibilidades como, por exemplo, porque não ceder um espaço na Baixa ao Conservatório de Coimbra?.. Algo que fosse construído em parceria com a CMC que funcionaria não só como Escola de Música mas também como Casa da Música, que o público em geral poderia frequentar.. Estou-me a lembrar da zona ribeirinha onde era para ser a CinemaCity (antiga Triunfo), ou algo do tipo.. é só um exemplo, o que é essencial é voltar a criar centralidades na Baixa de modo a que a população sinta necessidade/vontade de lá ir..
8) Criar um gabinete autárquico que lidasse directamente com os comerciantes e habitantes da Baixa de modo a evitar processos burocráticos longos
Não me estou a lembrar de mais, depois completo.. entretanto gostava que a discussão continuasse colocando mais ideias, ou criticando (construtivamente, de preferência) ideias entretanto apresentadas.. quem sabe alguma até seja boa e esteja alguém importante a ler..