Baixa de Coimbra

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daniel322
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Re: Sugestão

Mensagem por daniel322 »

Mister Escreveu:A primeira quinta de cada mês poderia ser publicitada com o "dia da baixa" ou algo assim
gostei.. é uma ideia engraçada e que poderia funcionar..
Ruizito Escreveu:O problema da Baixa (e já agora da Alta também) é a falta de habitantes.
É verdade.. mas esse problema está hà muito identificado.. o que falta é soluções..
Ricky147 Escreveu:Seria tão simples: bastava dificultar o licenciamento de novas obras em benefício da reabilitação do património imobiliário já existente.
Resultado: afastavas o investimento privado para concelhos vizinhos..
Ricky147 Escreveu:E para que não venham dizer "ah! e o problema do estacionamento e tal", reservam-se alguns prédios para servirem como silo automóvel, mantendo, obviamente, as fachadas originais.

Simples, não é?
Também acho...
Simples?.. os problemas começam logo em encontar edifícios com porte suficiente para tal intervenção.. existem poucos na Baixa que consigam suportar tal estrutura.. para já só me lembro do espaço ao lado do Hotel Bragança.. ou na antiga Triunfo, entretanto demolida..
depois, como vem sendo dito, o problema não é falta de estacionamento.. é este ser a pagar, mesmo com a tal promoção da 1a hora paga pelos comerciantes, iniciativa muito boa mas igualmente desconhecida do publico.. e, com o investimento num silo, o estacionamento não poderia ser gratuito, por compromissos de exploração e por rentabilizar o capital investido
DaniFR Escreveu:A reabilitaçao e ocupação de todas aquelas casas era o ideal, mas o problema é que as casas não são da camara e muitos dos proprietários nao esta dispostos a gastar um único centimo na reabilitação dos edificios, preferindo vê-los em ruina.
Os proprietários são a Santa Casa da Misericórdia? Tu se tivesses um imóvel, mesmo que no meio da serra, gostarias de o ver cair por gosto?

Umas continhas rápidas.. imagina que tens um imóvel na baixa, um apartamento, para simplificar.. herdaste essa propriedade e lá vive um casal de velhotes com rendas que estiveram congeladas no pós 25 Abril.. ou seja, pagam-te 15€/mês.. ora, 15€ x 12 = 180€.
Sendo um imóvel no centro da cidade pagarias de contribuição, por exemplo, 150€.. restam-te 30€

Desses 30€ tens de substituir telhas, arranjar estores, tratar de pinturas, canalizações, enfim todas as despesas de conservação e reparação obrigatórias ao senhorio.. resultado: tens um elefante branco que te dá mais prejuízo que lucro e não o consegues vender porque ninguém lhe pega tendo inquilinos.. qual a solução? rezar para que não caia.. ou rezar para que caia, se formos maquiavélicos..

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

Ricky147 Escreveu: Seria tão simples: bastava dificultar o licenciamento de novas obras em benefício da reabilitação do património imobiliário já existente.
Isso não é boa ideia. Alguem que possua um terreno em zona de construção prevista como tal no PDM, não pode ser impedido de lá construir só porque alguém entende que enquanto houver casas na baixa para recuperar, não se constroi mais nada.
Ricky147 Escreveu:E para que não venham dizer "ah! e o problema do estacionamento e tal", reservam-se alguns prédios para servirem como silo automóvel, mantendo, obviamente, as fachadas originais.

Simples, não é?
Também acho...
E porquê "mantendo obviamente as fachadas?" Essa insistência em manter a traça, as fachadas etc. é algo que nunca percebi.
As pessoas confundem muito, coisas velhas com coisas bonitas, o que não é sempre verdade. Lá por um edificio ter 200 anos não significa que seja digno de ser preservado, pode apenas ser um enorme mamarracho que para ali esteja a pedir que o deitem abaixo. Julgo até que o que há mais é disso na Baixa. Que interesse existe em preservar um edificio antigo horrivel, quando se pode fazer um novo mais bonito e funcional.
Aliás a própria politica camarária é bastante dúbia nesse aspecto, pois tão depressa insistem na preservação de fachadas sem qualquer tipo de interesse arquitectónico, como depois permitem que se deitem abaixo outros edificios muito mais bonitos.
Querem exemplos? Na Av. Emídio Navarro em frente ao Parque D. Manuel Braga existiu uma série de vivendas todas com óptima traça (algumas até brasonadas), que foram sucessivamente deitadas abaixo para construir prédios. A última, que foi durante muitos anos sede do MDP/CDE, foi abaixo há cerca de 7-8 anos para se construir um prédio com 6 ou 7 andares. Já para não falar em tudo o que foi e será demolido na Baixa para passar o metro...

DaniFR
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Re: Sugestão

Mensagem por DaniFR »

daniel322 Escreveu: Umas continhas rápidas.. imagina que tens um imóvel na baixa, um apartamento, para simplificar.. herdaste essa propriedade e lá vive um casal de velhotes com rendas que estiveram congeladas no pós 25 Abril.. ou seja, pagam-te 15€/mês.. ora, 15€ x 12 = 180€.
Sendo um imóvel no centro da cidade pagarias de contribuição, por exemplo, 150€.. restam-te 30€

Desses 30€ tens de substituir telhas, arranjar estores, tratar de pinturas, canalizações, enfim todas as despesas de conservação e reparação obrigatórias ao senhorio.. resultado: tens um elefante branco que te dá mais prejuízo que lucro e não o consegues vender porque ninguém lhe pega tendo inquilinos.. qual a solução? rezar para que não caia.. ou rezar para que caia, se formos maquiavélicos..
Pois, o habitual problema das rendas baixas. Mas muitas da casas da baixa estão desabitadas e se os proprietarios não as arranjam é porque não têm posses ou não estão para se meter em problemas.

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banjix
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Mensagem por banjix »

DaniFR Escreveu:A reabilitaçao e ocupação de todas aquelas casas era o ideal, mas o problema é que as casas não são da camara e muitos dos proprietários nao esta dispostos a gastar um único centimo na reabilitação dos edificios, preferindo vê-los em ruina.
Isso talvez nunca funcione da maneira que se quer e, se a solução fosse essa, tenho a certeza que ela já tinha sido adoptada. Até podia criar-se legislação que fizesse com que o dono do imóvel devoluto passasse a ser a autarquia local, mas isso era como estar a deixar uma criança nos braços de alguém. As autarquias também estão a sofrer algum sufoco e, provavelmente, não teriam condições para fazer as obras necessárias nesses imóveis (e em Coimbra há imensos).
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

A questão não é só a recuperação dos imóveis. É dar uma volta completa à baixa em termos de traçado de ruas, acessos, espaços livres e de lazer etc.
Se só se recuperarem os imóveis e actualizarem as rendas o que vai acontecer?
Por um lado as pessoas mais idosas e com menos recursos, que constituem a maioria dos actuais habitantes da baixa, terá de lá sair pois não poderá pagar as novas rendas. Por outro lado as pessoas com mais possibilidades económicas e/ou mais jovens também não irão para lá.
Porque sejamos francos, quem é que, podendo pagar casa noutros lados, vai escolher a Baixa, com as suas ruas estreitas, frias e sem sol, falta de estacionamento, casas cheias de escadas e sem elevador, fachadas antigas misturadas com partes novas com problemas de humidade, infiltrações etc.?

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banjix
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Mensagem por banjix »

Ruizito, isso que dizes leva-me a perguntar porque é que em outras cidades de outros países vive tanta gente nas zonas históricas e a coisa até funciona e aqui em Portugal não?
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

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dawn_to_dusk_
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Mensagem por dawn_to_dusk_ »

eu acho que o principal problema é a sensação de insegurança à noite nas partes historicas...

SusanaP
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Mensagem por SusanaP »

A beleza da baixa está exactamente na sua estrutura...ruas estreitas, casas de dois andares (para quê elevador?)... .
Não têm exactamente uma exposição solarenga, mas terão outros atributos concerteza. É clarinha, a calçada portuguesa permite-lhe essa característica.

Neste momento, com uma boa política de reabilitação, habitação e segurança, eu não me importaria de viver na baixa. Estaríamos exactamente no centro, inseridos na vivacidade do funcionamento citadino, a viver lado a lado com outras pessoas...

Porque é que existem bairros com essas características noutros países e estão habitados???

Todos os sítios têm vantagens e desvantagens, depende dos gostos pessoais. Eu retiro aspectos positivos de todos os lugares a habitar e, se a baixa estivesse completamente recuperada, habitada e com dinamismo, seria interessantíssimo lá viver.
Saudades

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Ricky147
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Mensagem por Ricky147 »

Eu adoraria viver na baixa ou na alta, caso houvesse condições.
O exemplo que dei da limitação de licenciamentos a novas construções, não é peregrina. Por exemplo na Holanda fazem-no. Aqui, pelos vistos, seria mal recebida...
Ricardo Nuno

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

Eu pessoalmente não conheço ninguém que queira viver na Baixa ou na Alta, mesmo com os edifícios recuperados. É que uma coisa é o pitoresco dos locais para se visitar, outra é viver de facto lá.
E mesmo as pessoas que agora dizem que não se importavam de lá viver, se se apanhassem lá, com os carros estacionados a centenas de metros de distância, lanços e lanços de escadas, casas onde não dá o sol nem durante uma hora por dia, e outros problemas que tais, duvido que aguentassem muito tempo. É que para uma pessoa solteira e jovem até pode ser uma ideia romântica, mas para familias com filhos pequenos seria um pesadelo autêntico.
Não conheço a realidade de outros países, mas se de facto têm zonas históricas muito habitadas então deveriamos ir lá copiar o modelo deles.

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duffy
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Mensagem por duffy »

Ruizito Escreveu:Eu pessoalmente não conheço ninguém que queira viver na Baixa ou na Alta, mesmo com os edifícios recuperados. É que uma coisa é o pitoresco dos locais para se visitar, outra é viver de facto lá.
E mesmo as pessoas que agora dizem que não se importavam de lá viver, se se apanhassem lá, com os carros estacionados a centenas de metros de distância, lanços e lanços de escadas, casas onde não dá o sol nem durante uma hora por dia, e outros problemas que tais, duvido que aguentassem muito tempo. É que para uma pessoa solteira e jovem até pode ser uma ideia romântica, mas para familias com filhos pequenos seria um pesadelo autêntico.
Não conheço a realidade de outros países, mas se de facto têm zonas históricas muito habitadas então deveriamos ir lá copiar o modelo deles.
Eu por acaso conheço, e quando lhe digo que a baixa não dá nivel de vida, ela quase que me bate :D

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Ricky147
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Mensagem por Ricky147 »

Isto é tudo uma questão de gosto. Viver na Alta é um dos meus sonhos. É uma zona com vida própria, diferente do resto da cidade. Chamem-me doido, mas é uma mania minha :lol:
Ricardo Nuno

DaniFR
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Mensagem por DaniFR »

Lojas do Chiado aplicam horário alargado
12 | 11 | 2008 08.00H

Na época natalícia vai ter mais tempo para fazer compras, acompanhado do cheiro a castanhas.

Este Natal, não faça compras no centro comercial. A rima pode parecer forçada, mas não podia vir mais a calhar. A Associação de Valorização do Chiado apresentou ontem o seu programa de Natal para esta zona nobre da cidade, lançando um horário especial: de 15 de Novembro a 21 de Dezembro, mais de uma centena de lojas estarão abertas até às 20h de segunda a sexta-feira, até às 23h ao sábado e das 11h às 20h ao domingo.
Destak - noticia completa
Um exemplo que podia ser seguido pela lojas da baixa de Coimbra.

jayniga
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Mensagem por jayniga »

Ruizito, isso que dizes leva-me a perguntar porque é que em outras cidades de outros países vive tanta gente nas zonas históricas e a coisa até funciona e aqui em Portugal não?
Porque é que existem bairros com essas características noutros países e estão habitados???
Digam-me por favor de que países falam......porque dos que eu conheço e das suas cidades com mais de 100 mil hab. nicles! Em Portugal cidades com mais hab. que Coimbra e com gente no centro só Braga e Viseu, Aveiro tbm tem gente no centro mas tem menos 40 mil hab.+-.

Lá fora...... Espanha nem uma, só alguns pontos específicos de Madrid que se tornaram "especiais"; França idem aspas; Suécia mais do mesmo; Rússia.......o mesmo, Noruega toca igual, Polónia MIL vezes pior, Rep Checa vira o disco e toca o mesmo...... e podia continuar...............

Esta realidade não é Portuguesa mas sim universal. As pessoas mudam-se para as periferias à procura de mais espaço e melhor qualidade de vida, depois temos de gastar fortunas em estradas e vias rápidas para movimentar essa malta.........enfim é uma pescadinha de rabo na boca.

Agora uma coisa vos garanto, com a quantidade de bares e de estudantes bêbados a fazer barulho à noite, mais a falta de luz e salubridade dispenso a alta e a baixa. Gosto muito mas é para passar lá e ver ao longe, agora para viver não me convence, e posso-vos garantir que ao longo da minha vida e de várias cidades por onde já vivi é a única onde não morei no centro.

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Ricky147
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Mensagem por Ricky147 »

Só há uma coisa que eu não entendo: se estão identificados os problemas que afugentam as pessoas dos centros históricos (e concordo que é um problema quase universal), não temos que tentar inverter essa mesma fuga e tentar criar condições para que as pessoas se aí fixem?
Parece-me que o conformismo é que não nos leva a lado nenhum.
Evidentemente que, neste momento, parece-nos inconcebível viver no centro histórico da cidade - os problemas de salubridade, de falta de luz, etc, são uma realidade - mas há que criar as condições para deixar de ser assim.
Ricardo Nuno

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