Baixa de Coimbra

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freejoin
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Mensagem por freejoin »

"Câmara de Coimbra cria roteiro de tabernas

A Câmara de Coimbra vai criar uma «Rota das Tabernas», e promover a sua classificação como património municipal, para as revalorizar como espaços de cultura e turismo e evitar o seu desaparecimento.

A intenção da autarquia é contribuir para a preservação desses «pólos de sociabilidade» de todas as classes sociais, e que tem vindo a perder influência, e a desaparecer, mercê das transformações e sociais, revelou à agência Lusa o vereador da cultura da autarquia, Mário Nunes.

A Câmara pretende «promover as tabernas em rede», facultar-lhes apoio técnico e jurídico, ajuda-las a certificar produtos próprios, realizar pesquisas em fundos bibliográficos para reconstituir a sua história ao longo dos séculos e fazer uma edição municipal que evidencie a sua importância social, cultural, económica e política.

«Queremos que este património seja mantido», referiu o autarca e estudioso das tradições populares e história da cidade, salientando que a taberna «foi sempre um local importante na vida das comunidades» que foram perdendo influência ao ponto de serem classificadas como espaços pouco recomendáveis. "

In http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=356917

Talvez venha a ser uma boa medida para revitalizar a baixa não?

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userN
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Mensagem por userN »

em termos de turismo sim, agora aquela vida que a baixa precisa só os habitantes e as pessoas que por lá passam no dia-a-dia podem dar; na minha opinião.

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banjix
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Mensagem por banjix »

O problema da baixa é demasiado complexo e a solução para a revitalização não pode ser baseada apenas numa acção. Têm que ser várias acções, com prazo de execução relativamente grande, de modo a poder criar novos hábitos. Na minha opinião, iniciativas como a Noite Branca são boas, sim senhor, mas... sabem a pouco! Noites Brancas sim, mas por que não durante 2 ou 3 meses, até as pessoas se habituarem à ideia de que as lojas da Baixa estão abertas até mais tarde e que, assim, podem lá ir fazer as suas compras? E depois desses 2 ou 3 meses, por que não manter a acção mais tempo?

Os problemas da Baixa estão identificados, mas está a fazer-se alguma coisa para resolver isso? Eu acho que não! Os horários das lojas deviam ser adaptados; as casas abandonadas deviam ser ocupadas; as casas degradadas deviam ser requalificadas... Está a fazer-se alguma coisa para inverter esta situação? Chegou-se a um ponto que, em vez de se deitar mãos à obra, cruzam-se os braços e espera-se por um fim que parece inevitável!

A passagem do Metro pela Baixa não vai resolver nada. A esperança que existe de que isso possa trazer mais pessoas à Baixa é uma utopia. Enquanto os comerciantes e o poder local não fizer nada concreto para chamar as pessoas, o que vai acontecer é ver-se as pessoas a passar pela Baixa, dentro do Metro, em direcção sabe-se lá aonde! Tudo ficará um deserto. Vê-se a Baixa a transformar-se num subúrbio bem no centro da cidade. É uma pena, de facto.
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

O texto é longo, mas vale a pena ler.. reflecte algumas das opiniões aqui colocadas ao longo da discussão
Como alguns sabem, sou comerciante na Baixa da cidade já há muitos, muitos anos. Para além dos imensos defeitos que possuo, e que não vou contar aqui, tenho pelo menos três, que são do pior que pode haver. Para não criar muito “suspense”, posso já dizer quais são: Gosto demasiado de escrever, sou terrivelmente curioso e não consigo calar uma qualquer injustiça, venha ela de onde vier. Se repararem, as três juntas, metaforicamente, são um barril de pólvora. Porque, atentem, se me faltasse uma qualquer das três a “coisa” até passava despercebida, mas assim, não. Os três defeitos juntos são uma espécie de fósforo, de pólvora e de objecto a implodir. Não preciso de dizer as “chatices” que me traz, mas isso é outra questão.

E se comecei por aqui é para entenderem a razão deste texto. Sempre que sei de determinada notícia de um comerciante, como “cusca”, lá vou eu tentar conversar com ele. Alguns, até esse momento, nunca tínhamos falado antes. Não sei se é bom ou mau. Uma coisa percepciono; sei, com aqueles que converso, o que pensam de determinada instituição. É evidente, e podem dizê-lo, que, o facto de me contarem determinado desabafo, isso, pode não querer dizer nada. Às vezes é a frustração do momento. É verdade, porque na maioria das vezes, muitas pessoas dizem uma coisa e estão a pensar outra. Mas, mesmo que seja assim, para o caso é irrelevante. Aqui, o que conta, para eu chegar onde quero, à minha argumentação, será aquilo que me dizem, quase em queixume. E, um dos muitos, demasiados quanto a mim, é a acusação de que a Câmara Municipal não se interessa minimamente pela zona histórica da cidade.

Se me perguntarem o que penso acerca disso, direi o mesmo. Mas acrescento mais qualquer coisa. A autarquia é uma “máquina” pesada, obsoleta, burocrática e pouco sensibilizada para os pequenos problemas de cada um. Como está dividida em vários pelouros e secções, uns chegam a atrofiar-se e a sobrepor-se a outros e a contradizer-se mutuamente. Há dias, em conversa com um comerciante que encerrou portas, dizia-me ele que ia embora porque entre outros motivos, era a insensibilidade da Câmara. “Repare, durante vários anos, paguei licença de toldo. Este ano recebi uma comunicação de que teria de o retirar porque não fazia parte da planta do edifício comercial”, referia-me ele, numa catadupa de queixumes.

É certo que poderemos dizer que o Centro histórico tem um director. É verdade. Mas os pequenos problemas, a “lana caprina”, aquelas coisas ínfimas que incomodam as pessoas no dia-a-dia, passam-lhe ao lado. Posso dar um exemplo: a reparação de um buraco numa rua estreita pode demorar duas semanas a ser reparado. Dirão vocês: “que raio, é apenas um buraco, tenha dó!”. Pois!, mas se lhe disser que várias pessoas já lá caíram, algumas com escoriações, e foram directamente para a farmácia?
“E, então?”, interroga você, sem saber onde quero chegar.
O que quero defender aqui é que deveria ser criada uma comissão para debater, discutir e, rapidamente, resolver qualquer assunto sobre a Baixa (Para a Alta deveria ser criada uma congénere). De uma forma rápida, uma espécie de linha azul de gabinete desburocratizada.
Nestas comissões, para além da autarquia, deveriam estar representados um elemento dos inquilinos, dos senhorios, das duas juntas de freguesias (S. Bartolomeu e S. Cruz); da ACIC, da associação de hotelaria (Restauração e dormidas); da APBC; um elemento da Diocese; um elemento dos Bombeiros; um da PSP; Um elemento da esfera judicial, um Juiz, do Tribunal de Comarca, etc.
Qualquer assunto, por muito residual que fosse, desde que respeitante à zona histórica, ainda que não sendo órgão deliberativo, deveria obrigatoriamente passar por aqui. A Câmara Municipal, ao descentralizar os seus serviços, só tinha a ganhar, sobretudo ao perder o ónus do odioso de certas decisões que ninguém entende.

E, na Baixa, há imensas questões urgentes a debater e a resolver:
Ultimamente, desde há um ano para cá é a segurança nocturna de pessoas e bens. Durante a noite não há um único agente da PSP. Como se sabe, desde Agosto do ano passado, com imensos estabelecimentos a serem assaltados e, muitos deles, várias vezes; as inúmeras lojas comerciais a encerrarem; o paulatino avanço do comércio chinês nas ruas estreitas –num perímetro de 200 metros quadrados existem seis estabelecimentos, com possibilidades de abrirem mais dois nos próximos dias; a tensão lactente entre senhorios e inquilinos, com intervenção de restauro no edificado e sobretudo pelas rendas de miséria; o necessário convencimento dos comerciantes-proprietários para que arrendem os seus andares superiores vagos por cima dos estabelecimentos; a necessária intervenção na negociação para que se acabe com alguns negócios em entradas únicas para os andares superiores vazios e cuja entrada é apenas aquela para todo o edifício; os vários prédios entaipados há vários anos –como exemplo, indico um no Largo da Freiria e outro no Largo da Maracha; a questão da mendicidade, que está a regressar em força por pessoas de leste; as arbitrariedades da Polícia Municipal, com imensas queixas de comerciantes e residentes, a parecer que esta força civil actua “sem rei nem roque”, quase a raiar o autoritarismo; as questões de estacionamento para residentes, que apesar de Carlos Clemente, o presidente da Junta de São Bartolomeu, tentar levar o assunto à Assembleia Municipal, ninguém lhe liga; a saída presumível do Tribunal; o encerramento da Estação-Nova; a limpeza das ruas, se atentarmos, algumas, o seu empedrado está ensebado, e não se pense que é agora por causa da Latada; o lixo espalhado pelas artérias ao fim-de-semana, é preciso sancionar quem o abandona fora das horas convencionadas; a reparação da calçada, que apesar de se dar conhecimento à autarquia, os buracos jazem abandonados como crateras “ad eternum”.

Este meu plano pode até parecer complicado. Num país onde a tendência é para centralizar, admito que possa parecer utópico. Mas, uma coisa é certa, actualmente, como as coisas estão, pura e simplesmente, não funcionam mesmo e cada vez se nota mais um azedume contra a autarquia, como se esta entidade fosse estranha e, para além de inimiga da Baixa, nada tivesse a ver com tudo aquilo que diz respeito a esta parte histórica.

Uma coisa é certa, e furtando o título ao Diário de Coimbra de ontem, “A Baixa está a morrer”. E, apelando um pouco à cidadania que existe dentro de cada um de nós, estará na nossa mão, de todos, para que isso não aconteça.
Publicada por Luis Fernandes, em Questões Nacionais

SusanaP
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Mensagem por SusanaP »

Bom, isto parece ser um problema que necessita de uma atitude de consertação a diversos níveis.

1. Atitude pró-activa dos comerciantes para contornar a situação. Muitos deles parecem esperar por soluções para os seus problemas, que lhes permitam manter a óptica actual de negócio. Estão muito acomodados ao funcionamento ortodoxo do comércio, e não procuram alternativas válidas em conjunto, para fazer frente a uma nova realidade que é a existência das grandes superfícies comerciais, mais cómodas e apelativas.

2. A Baixa urge de intervenções várias, mas igualmente de um empenho diferente de todos. Necessita de estacionamentos gratuitos e em maior quantidade. Necessita de requalificação das casas, e aqui surge um novo problema. Como intervir na requalificação de fachadas e interiores de casas, com rendas de valores pré-históricos praticados?

3. Será que eu quereria morar na baixa nos moldes actuais? A polícia é escassa, a falta de segurança aumenta. A falta de iluminação nalguns sítios é notória. Ruas estreitas, com becos e os problemas atrás mencionados não convencem ninguém para habitação. É necessário gente a circular depois das oito na baixa para que todos sintam presença humana e vontade de lá estar.

4. Acrescento um outro problema que transmite um ar decadente... A falta de cuidado com o lixo. Falta de caixotes em condições ao longo das ruelas. A calçada portuguesa, por ser clara, facilmente fica suja e manchada, devendo-se tem um cuidado especial na sua preservação. O funcionamento da limpeza municipal em Coimbra foi algo que sempre me enervou, pela negligência constante demonstrada. Com a arquitectura da baixa e da alta, já muito antiga, há uma maior necessidade de ausência de lixo para que não pareçam zonas degradadas e sujas, mas sim locais antigos, limpos, organizados, bonitos e cheios de história.

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Defendo a preservação da calçada que, apesar da necessidade de maiores cuidados, dá um ar leve, jovem e solarengo.

Há cidades que, com um ordenamento antigo semelhante à baixa de Coimbra, conseguem ser completamente atractivas para habitação. Estão com as fachadas e arruamentos recuperados, muito organizados, limpos e com pequenos espaços nocturnos (com funcionamento limitado para não haver barulho) espalhados que lhes dão vida. Deste modo pode-se usufruir a todos os níveis do lugar onde se habita.
Saudades

Maia
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Mensagem por Maia »

outro grande problema
“As nossas vidas estão na Baixa”
Ontem, os comerciantes queixaram-se, mais uma vez, da falta de segurança na Baixa, garantindo que “dois terços dos cerca de 500 estabelecimentos foram assaltados nos últimos dois anos”


Quando chegaram, os comerciantes eram muitos - o representante falou em «40 colegas» -, mas as mais de duas horas que esperaram para apresentar as suas queixas - o período de intervenção aberto ao público estava marcado para as 17h00, mas começou já passava das 19h15 - convidaram à retirada, acabando por ficar pouco mais de uma dezena para assistir a uma “calorosa” troca de opiniões entre os vereadores e o presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
Luís Fernandes, proprietário de uma loja de antiguidades na Baixa, foi o porta-voz da insegurança sentida por quem exerce, nesta zona da cidade, a sua actividade profissional. «Dos cerca de 500 estabelecimentos da Baixa, dois terços foram assaltados nos últimos dois anos», garantiu, antes de exemplificar: «Eu, no último ano, fui assaltado três vezes e tenho grades e alarme». «Estamos muito preocupados com o clima - que não é recente - que se vive na Baixa», sublinhou.
Segundo dados recolhidos junto dos comerciantes, «a partir de Janeiro, os assaltos paulatinos começaram a acentuar-se». Aliás, assegurou Luís Fernandes, «cerca de 25, dos que aqui estavam, foram assaltados nos últimos dois anos». «Um deles já foi assaltado 16 vezes e outro, por detrás da antiga Zara, de Janeiro até agora, foi assaltado quatro vezes com recurso a uma rebarbadora», apresentou o comerciante, que já tinha dado conta da situação, «no ano passado, no pico dos assaltos», ao executivo municipal.
De seguida, Luís Fernandes relembrou o “pingue-pongue” institucional a que se assistiu na altura. «O governador civil aconselhou guardas-nocturnos. A PSP [Polícia de Segurança Pública] dizia que os comerciantes tinham de pôr grades e meios resistentes aos assaltos. Os comerciantes apelavam à divina providência que os salvasse», retrocedeu no tempo para explicar que «as nossas vidas estão na Baixa, nos 500 estabelecimentos, não são coisas».
O representante dos comerciantes disse precisar da «vossa [executivo] ajuda. «Não podemos continuar nesta situação. As câmaras de videovigilância podem ser um meio de prevenção se estiver alguém a ver o que se passa, pois se for só para gravação nem de prevenção serve. Precisamos da PSP na rua», afirmou Luís Fernandes, antes de Carlos Encarnação responder para dizer o mesmo que já tinha dito, anteriormente, numa sessão camarária na qual Luís Fernandes se queixou dos assaltos.

«Não trazia nada e nada levo»
«A Câmara não tem responsabilidades na segurança pública. É a PSP que tem. A Câmara está farta de apresentar ao comando da PSP as situações que as pessoas descrevem e que se passam na Baixa. A Polícia Municipal [PM] não pode ter funções da PSP», disse o presidente da autarquia, que, de seguida, falou no sistema de videovigilância a instalar na Baixa. «Continuamos à espera que a Comissão Nacional de Protecção de Dados [CNPD] se pronuncie sobre o nosso pedido», divulgou, antes de revelar que «a questão fundamental da Baixa é a desertificação».
Segundo o autarca, «com a alteração do código penal, as pessoas têm a noção de impunidade». Perante as respostas de Encarnação, Luís Fernandes foi esclarecedor no comentário: «Não trazia nada e nada levo. Lamento profundamente que não tenha nenhuma resposta. Quer que peguemos em armas para defender o que é nosso? O presidente diz que é a PSP, a PSP diz que são os comerciantes e os comerciantes dizem que é a divina providência».
Apesar de ter admitido «alguma razão» à Câmara, Victor Baptista logo criticou a postura de Carlos Encarnação. «Não me satisfaz a forma como o presidente da Câmara está a enfrentar este problema. Não é argumento dizer que isto é matéria exclusiva da PSP. Um presidente de Câmara tem muitas formas de fazer sentir problemas que existem e para os quais têm de existir respostas. Seja, mais uma vez, reivindicativo e não prime pelo conformismo. Não aceito que se demita das responsabilidades de segurança da cidade», declarou o vereador do PS, defendendo que «a presença da PM pode servir como factor dissuasor».
Victor Baptista, que revelou ter tido «uma surpresa», pois não sabia que a situação dos assaltos tinha «chegado a este ponto», garantiu ir inteirar-se, junto da CNPD, sobre a videovigilância, antes de solicitar uma intervenção rápida do comando da PSP e criticar o papel da PM. Mantendo o discurso reprovador, Pina Prata lamentou que a PM não esteja «a cumprir medidas preventivas», queixando-se da posição de Encarnação: «Não pode chutar para canto».
Já depois de Gouveia Monteiro ter proposto que «se vá ao Governo, onde estão as responsabilidades, pois se não há meios temos de ir onde têm de ser pedidos», solicitando para tal o pedido de uma reunião com o ministro da Administração Interna, o socialista Luís Vilar lembrou que o executivo municipal aprovou «a criação da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra e lá estava escrito que a responsabilidade da segurança era da Agência». Luís Providência revelou que a situação na Baixa de Coimbra «reflecte algo que se passa no país».
oram assaltados nos últimos dois anos”
site da baixa de coimbra (desconhecia tal coisa)

link: http://www.baixadecoimbra.com/

Portis
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Mensagem por Portis »

Olá a todos!

Antes de mais quero dizer que sou um dos muitos comerciantes da baixa de Coimbra e não queria deixar de responder ou comentar determinadas coisas que li.
Fuzzy Escreveu:O primeiro grande problema da baixa começa nos estacionamentos. Para combater os centros comerciais, a baixa deveria ter estacionamentos gratuitos. Depois na minha opinião, a baixa tinha uma boa solução. Manter as lojas históricas e fazer algo tipo Freeport ( este ao inicio fracassou tb devido a sua localização, mas agora está mt fixe). Pelas ruas da baixa colocar outlets abertas até as 22h (isto apenas porque ao fechar as 19h as pessoas que trabalham tem poucas hipoteses de ir a baixa ), com isto zonas como a praça velha teriam mais animação (concertos, teatro,etc) e os consumidores de Coimbra ficavam a ganhar. As outlets atraem mt gente pelos preços baratos.Para além da cidade dar uma vida nova a uma zona historica.
A baixa tem de facto muitos problemas mas sinceramente o estacionamento não será o principal problema isto porque se este fosse gratuito o que se iria verificar seria as pessoas que aqui trabalham a ocupar esses lugares durante o dia todo que era o que acontecia à uns anos atrás. Desta forma esses lugares pagos estão sempre a "rodar" depois não podemos dizer que há falta de estacionamento isto porque se virmos bem temos pelo menos 5 estacionamentos cobertos e em todos eles a lotação nunca está completa também penso que não é por pagarmos 0.75€ por hora que vai acabar o mundo principalmente porque se fizermos algumas contas ao compararmos os preços de um mesmo produto verificamos que estes são mais caros (às vezes bem mais) nos shopings do que na baixa (ou noutra loja de rua noutra localização qualquer).

Quanto aos outlets não deixa de ser uma boa ideia mas o conceito outlets é escoar material que está fora de colecção, tem defeito, não se vende por este ou aquele motivo, etc e para isso seria necessário uma "casa mãe" onde esses produtos apareceriam e só então nas situações que referi passariam para esse outlets e se reparares bem o outlet que falas são precisamente de algumas casas da baixa. Como o conceito é vender o produto mais barato de forma a que se venda seria muito difícil para esse comerciante poder tirar lucro uma vez que muitas vezes esse produtos chegam a estar mais baratos do que o preço de custo.

Em relação ao facto de estarmos abertos até às 22h não sei o que te dizer à primeira vista até podia ser uma coisa que resultasse mas sinceramente tenho algumas duvidas que as pessoas deixassem de ir a este ou aquele shoping e passassem a vir fazer as suas compras à baixa senão reparem numa coisa: quem é que sai de casa à noite depois de um dia de trabalho?!?!? Alguém que tenha necessidade de fazer as habituais compras no continente, jumbo ou outro qualquer (por norma) e depois aproveita que está ali e vai fazer uma ou outra compra que tenha necessidade, mas mais que este ou aquele motivo penso que o que é mais importante é a cultura e essa neste momento é Centros comercias para tudo, desde passear, comer, comprar, passar tempo, etc Quantas vezes no verão não tive de ir a um shoping e não estava aquilo a abarrotar no entanto estava um dia prefeito na rua e as pessoas andavam ali com os filhos a passear ou a passar o tempo.

Já agora peço que reparem numa coisa que é quando vão a um shoping depois das 20h qual é a percentagem de pessoas que trazem um saco de compras na mão e irão reparar que por norma é muito baixa (tirando a época de Natal como é óbvio) ou seja será que para nós comercio tradicional terá realmente vantagem em estar aberto até essas horas?!?! não se esqueçam que para estar aberto até essas horas provavelmente 90% das lojas teriam de contratar um ou mais funcionários, e desta forma será que não se perdia uma das características e vantagem principal (pelo menos para mim) do comércio tradicional em relação aos shopings que seria a quebra da relação loja/cliente em que me refiro ao facto do cliente ser tratado pelo nome, de nós já sabermos que este cliente gosta disto e a mulher já gosta de outra coisa. Pelo menos da minha parte isso seria impensável. Seria humanamente impossível alguém trabalhar desde as 9 da manhã até às 22h e por isso seria necessário criar turnos de trabalho o que implica que se hoje um cliente é atendido por uma funcionaria amanhã seria atendido por outra e eu inevitavelmente iria perder o contacto com o cliente que para mim é fundamental, saber o que ele gosta, o que procura, os problemas dele, etc, etc.
De referir que durante um período ainda longo estive aberto durante o período da hora de almoço, ou seja, fazia horario das 9 às 19h seguido e chegamos à conclusão que não se justificava passando a fechar das 13 às 14. De qualquer das formas gostaria de saber a vossa opinião à cerca disto.


Outra coisa que costumo ouvir é que nós os comerciantes não fazemos nada para dinamizar, modernizar, etc as nossas lojas e agora vou falar de mim em particular.
À cerca de 1 ano e meio quis colocar um reclamo luminoso novo e fui à Câmara pedir licença e tudo o que era necessário para tal, resultado: recebi uma carta em que não me davam autorização para esse reclame e que teria que tirar os toldos que tinha porque como está numa parte histórica e como um "SR DR ENG" não gosta deles teria então de os tirar como aproveitaram a embalagem e para não gastarem mais selos mandaram-me tirar também o ar condicionado. (Nota: os toldos são uma referência da loja, qualquer explicação onde é a loja tem sempre como ponto fulcral os toldos).
Procurei alternativa, perguntei o que queriam, queria saber o que podia colocar que opções tinha mas da parte deles só tinha a seguinte resposta: não sei... isso é consigo, esses é que não ficam de certeza, mande um projecto e depois logo se vê. Conclusão tive de contratar um arquitecto para me fazer um (que acabaram por ser vários) projectos, vou ter de inventar uma forma de meter ar condicionado na loja uma vez que os técnicos dizem que não é tecnicamente possível meter ar condicionado de outra forma senão a que está. A minha sorte no meio disto tudo é que como esta câmara trabalha muito bem e muito rápido já estou à espera da aprovação do ultimo projecto à uns mesitos.

Conclusão: será que eu não estava melhor quietinho?!?!?


Existem como é óbvio coisas que podemos e temos de melhorar, mas infelizmente muitas delas não dependem só de nós, mas não queria deixar de ouvir as vossas opiniões, de saber o que procuram, o que vos atrairia mais. A vossa ajuda será sempre muito bem vinda para nos ajudar a salvar a baixa.

Abraço a todos

Fuzzy
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Mensagem por Fuzzy »

O estacionamento continuo a dizer ajuda muito. Quem é que não gosta de andar a vontade sem pensar que a praga(PM) anda lá a ver os tickets. As outlets podiam ser feitas apenas numa pequena zona. Este tipo de lojas atraem muita gente. Quanto a Camara. Sem comentarios. Daqui a 2 anos vem a resposta. Se fosse na Alta o problema ja estava resolvido, é que mora lá alguem. A camara de Coimbra e isto é verdade não ajuda muito os comerciantes da cidade. E não me venham falar de programas X, etc. Este post anterior mostra isso. Ninguem sabe explicar nada, so complicam e depois demoram anos a fazer algo. Até para por gas natural minha casa ha uns anos atras foi uma confusão. E disseram que não podia ser porque a conduta passava do lado direito da rua e não iam furar uma estrada nova. Resposta de uma engenheira da Camara!!! O pavimento da minha rua tem no minimo quase 30 anos.

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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Eu também considero o estacionamento como sendo um dos pontos-chave da questão. Um dos motivos que me leva a ir a centros comerciais é, precisamente, poder deixar o carro estacionado enquanto vou fazer as minhas compras, sem ter de andar a olhar para o relógio para não chegar ao carro e ter uma multa.

Os horários alargados também são importantes. Uma alternativa pode passar por abrir mais tarde e fechar mais tarde. Com a contratação de mais um funcionário pode-se inicialmente perder a proximidade com o cliente, mas a maior flexibilidade que o cliente ganha é importante, pois deixa de ter de realizar as suas compras no seu horário de trabalho.

Portis
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Mensagem por Portis »

Só para lembrar que na baixa existem que eu me lembre pelo menos 5 estacionamentos cobertos:
- Arnado
- Braga Parques na loja do cidadão
- No D.Dinis ( em frente dos bombeiros)
- Por trás do D. Dinis ( não sei o nome)
- No Edificio Coimbra (parte de trás do Hotel Tivoli)

Em todos estes estacionamentos se consegue resolver o problema de não estarmos preocupados com a nossa grande Policia Municipal (que não serve para mais nada a não ser passar multas). Já agora informo que algumas lojas na baixa têm senhas de estacionamento para dar aos clientes que lá façam compras onde estes não pagam a 1ªhora. Não é muito divulgado mas é verdade e se os clientes sempre que fizerem compras perguntarem por essas senhas podem ter a certeza que se nessa loja não tem mais cedo ou mais tarde passam a ter, se na realidade o numero de clientes for significativo o comerciante percebe que vale a pena suportar esse custo.
Mas lá está para isso é necessário a ajuda de todos. Da vossa parte porque ao pedirem essas senhas resolvem o vosso problema de estacionamento e do comerciante que verificando que há procura e que os clientes vão às lojas deles nem que seja por não pagarem estacionamento tal como nos shopings passam a suportar esse custo

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banjix
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Mensagem por banjix »

Eu também considero que o estacionamento é um ponto-chave para uma solução para a Baixa. Essa coisa das senhas é uma excelente ideia e acho que os comerciantes podiam ter um papel fundamental. Se o cliente não sabe, acho que o comerciante devia informar. Sempre que um cliente faz uma compra, os comerciantes deviam perguntar se o cliente deseja uma senha que pague a 1ª hora de estacionamento. Eu, por exemplo, não tinha conhecimento disto! Soube agora, aqui no fórum.

A degradação das casas também é um problema (de difícil resolução). Eu não me sinto bem a passar ao lado de casas que parecem estar na eminência de ruir. Devia haver um maior cuidado e atenção quanto à manutenção dos edifícios. Afinal de contas, são eles os primeiros a dar a cara. O primeiro contacto visual que há, estabelece-se com o cenário que nos rodeia. Se as casas são velhas, mal cuidadas e em risco de ruína, inevitavelmente, a primeira impressão que temos não será boa.

Como já disse atrás, acho que as lojas deviam ter um horário de funcionamento mais flexível. Não digo que se fechem as lojas às 22h, mas se calhar, se fechassem 1h ou 2h mais tarde do que actualmente, seria o suficiente. Se em vez de fecharem às 19h, fechassem às 20h ou 21h, podia ser o suficiente para que mais pessoas pudessem ir lá fazer as suas compras. Que sentido faz as lojas fecharem à mesma hora que as pessoas saem dos empregos!? O Portis diz que, à noite, o número de pessoas com sacos de compras é reduzido. Mas estamos a falar de horas "indecentes", isto é, a horas de jantar e pós-jantar. Eu estive ontem no Fórum Coimbra (no outro) até às 19h30 (antes da hora de jantar) e aquilo estava cheio de gente! A essa hora, já as lojas do comércio dito tradicional estão fechadas! Não é preciso cair no exagero de ter as lojas abertas até às tantas, porque há sempre um limite e, neste caso, parece-me que a hora de jantar (20h/21h) é o limite e, a partir daí, já começa a não fazer sentido ter as lojas abertas (principalmente na época de Inverno - tirando o Natal, eventualmente). IMPORTANTE: É absolutamente fundamental, que sejam todas ou uma grande parte das lojas a fazê-lo. Se for apenas uma minoria, todo esse esforço se perde.

Outro problema da Baixa de Coimbra, reside aí mesmo: na Baixa de Coimbra (mais propriamente na Praça 8 de Maio). Estou a falar da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Há uns dias atrás, a ler o Diário de Coimbra, pude constatar a ineficácia e falta de interesse desta autarquia. Para falar verdade, acho que a CMC tem falta de interesse em muitas outras coisas, não é só com o comércio tradicional e com a Baixa, mas isso já são outros assuntos. É muito bonito e politicamente correcto vir a público demonstrar preocupação, mas quando se trata de meter mãos à obra é que "a porca torce o rabo". A brutal inércia, a burocracia, a falta de sensibilidade e até mesmo ignorância de alguns funcionários é um dos maiores entraves para se fazer o que quer que seja. Fazer alguma coisa é sempre extremamente complicado, como o Portis relatou e, se a CMC pode fazer alguma coisa, é neste aspecto que o podia fazer e não faz. Em vez de facilitar e apoiar as acções dos comerciantes, aquilo que faz é precisamente o contrário. Mas estar a falar disto é como chover no molhado, ou seja, a CMC continuará a agir como até agora.

Mas há outro grande problema na Baixa e que também reside na Baixa: a falta de cooperação e dinamismo de alguns comerciantes. Eu acredito que haja comerciantes que queiram fazer alguma coisa e que até tenham excelentes ideias para dinamizar a Baixa. Mas têm uma grande barreira logo à partida, que são os seus colegas de trabalho. Mas isto é um problema que não reside apenas na Baixa de Coimbra. É um problema geral. Isso verifica-se facilmente nas reuniões da ACIC, por exemplo. Segundo sei, elas são sempre pouco frequentadas e, embora a ACIC tenha centenas de sócios, se calhar, só 10% têm presença nessas reuniões. O que dizer disto? É muito mais fácil pagar uma quota mensal e estar confortavelmente sentadinho no sofá, à espera que as coisas se resolvam por si. De uma vez por todas, os comerciantes têm que entender que são eles os principais interessados em que se faça alguma coisa para revitalizar a baixa. Os clientes, se não puderem ir à Baixa, vão a outro sítio qualquer e é isso que é necessário combater.

Uma ideia para tornar a Baixa mais atractiva é a animação de rua. Não sei o que as outras pessoas pensam, mas eu acho agradável ver a prestação de alguns artistas de rua. Admiro o trabalho deles e gosto de ouvir uma música, de ver um teatro de rua... Eventualmente, isso até pode servir como uma atracção, que chame as pessoas, que faça com que elas se sintam bem por lá. Sei que a CMC tem um papel fundamental nisto. Acho que é necessário obter uma licença para poder exercer uma actividade num espaço público, mas quanto a isso, só a CMC tem uma palavra a dizer...
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

Mister
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Sugestão

Mensagem por Mister »

Quando estive na Austrália reparei que tinham uma gestão de horários bastante diferente daquilo a que estamos habituados. O comércio tradicional (e tudo o resto) fecha bem cedo na maioria dos dias da semana, cerca das 17h30, no entanto existem dias em que fecha mais tarde, principalmente nas 5as em que fecha por volta das 21 horas. Este é um dia em que se nota uma grande massa da população a ir com as famílias até ao centro para um passeio, compras e até jantar.

Julgo que seria algo interessante de colocar em prática em Coimbra, nem que inicialmente fosse apenas uma vez por mês. Num dia específico e devidamente anunciado poderia gerar massa crítica em termos de clientes para que justificasse abrir as lojas até mais tarde. Isto levar à criação de um hábito saudável para todos. A primeira quinta de cada mês poderia ser publicitada com o "dia da baixa" ou algo assim.

Também julgo que seria interessante que o dia escolhido fosse a Terça ou a Quinta por forma a coincidir com os dias em que há mais jantares de estudantes Universitários. Aproveitando o movimento e bom ambiente gerados (antes de entrarem nos restaurantes e atingirem níveis impróprios de alcoolémia) que poderiam contribuir para a própria animação através da actuação de tunas.

Além disso seria algo fácil de experimentar em termos de esforço ou investimento..

+3 horas / mês * 12 meses = 36 horas/ano

Com uma certa capacidade negocial e de vendera a ideia julgo que os estacionamentos da baixa se disporiam a oferecer condições especialíssimas nas primeiras tentativas.

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

Esta história de horários do comércio, estacionamentos etc. são importantes, mas não são o principal problema que está a "matar" a Baixa. O problema da Baixa (e já agora da Alta também) é a falta de habitantes. Nenhuma parte da cidade pode ser dinâmica se não morar lá ninguém, e a primeira medida a tomar é promover politicas de incentivo à habitação nas centenas de casas às moscas que por lá há.

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Ricky147
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Mensagem por Ricky147 »

Enquanto os poíticos andarem reféns da ditadura dos construtores civis e da especulação imobiliária, os centros históricos vão ficando cada vez mais desertos.

Seria tão simples: bastava dificultar o licenciamento de novas obras em benefício da reabilitação do património imobiliário já existente.
E para que não venham dizer "ah! e o problema do estacionamento e tal", reservam-se alguns prédios para servirem como silo automóvel, mantendo, obviamente, as fachadas originais.

Simples, não é?
Também acho...
Ricardo Nuno

DaniFR
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Mensagem por DaniFR »

A reabilitaçao e ocupação de todas aquelas casas era o ideal, mas o problema é que as casas não são da camara e muitos dos proprietários nao esta dispostos a gastar um único centimo na reabilitação dos edificios, preferindo vê-los em ruina.

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