Governo contra Coimbra?

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daniel322
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Governo contra Coimbra?

Mensagem por daniel322 »

Em causa está a saída de Coimbra de sedes regionais de vários organismos públicos, sendo que o último caso (a Direcção Regional de Economia vai para Aveiro) motivou dois comunicados ontem divulgados pelo PSD, um da Comissão Política Concelhia, outro da Distrital.

Jaime Soares, líder distrital dos social-democratas, encara com «grande preocupação a saída de Coimbra de serviços desconcentrados do Estado» e lembra que além dos casos já conhecidos (Agricultura para Castelo Branco e Economia para Aveiro), «fala-se ainda na possível saída do IPPAR, da Direcção Regional de Educação, da Delegação de Coimbra da Agência Lusa ou da Delegação Regional do Instituto Português da Juventude».
Uma situação que Jaime Soares classifica de «gravíssima», ao mesmo tempo que acusa Vitor Baptista, líder distrital do PS, de ser «conhecedor das intenções do Governo» e de nada ter feito para o evitar.
Soares diz que, em Março, pediu a Baptista uma reunião para analisar esta situação, mas não terá recebido qualquer resposta. «Encaramos o futuro com grande preocupação», acrescenta, prometendo «lutar até ao fim pela defesa daquilo que são os interesses dos cidadãos de Coimbra, do distrito e da região».

A Concelhia do PSD, liderada por Carlos Páscoa, num outro comunicado, refere que «o afã governamental contra Coimbra está mais activo que nunca». A concelhia “laranja” discorda da argumentação do ministro da Economia (Manuel Pinho justificou a mudança com a maior proximidade em relação à actividade empresarial) afirmando que a DR de Economia fica «encostada à sua congénere do Porto» e «implica, isso sim, que os empresários que desenvolvem a sua actividade entre Coimbra e a região de Lisboa ficam mais longe deste serviço público». Além disso, o PSD diz que o mesmo não se está em passar em cidades como Porto, Lisboa, Évora ou Faro. Logo, acrescentam os social-democratas, «o Governo cismou em atacar Coimbra, querendo retirar-lhe a capacidade institucional de congregar, numa cidade, diferentes serviços públicos e aspirando a, por via disso, apoucar a sua importância regional, nacional e internacional». São medidas que o PSD adjectiva de «sem nexo casuísticas e incoerentes», prometendo assim «tentar congregar todas as forças sociais na denúncia e nos combate a estas atitudes do Governo».
Ouvido pela agência Lusa, Victor Baptista afirmou que a reestruturação em curso nos serviços do Estado é «questão muito séria, que não pode ser confundida com oportunismos e ganhos políticos».

Victor Baptista admitiu não conhecer, nesta altura, todo o âmbito do PRACE, reservando para mais tarde uma avaliação sobre as medidas de reestruturação em curso. «Vamos esperar para avaliar a situação, ver se é um problema nacional ou pontual do distrito de Coimbra. O PSD está a precipitar-se, não embarcamos em precipitações», frisou o dirigente socialista, que recusou a perda de influência da cidade, contrapondo às críticas de Jaime Soares a possível criação, em Coimbra, de uma direcção regional de Finanças «que não existia».
realmente não se entende, numa altura em que o governo concentra ao máximo os serviços públicos nas principais cidades em Coimbra retira tudo o que já havia..

E sem falar no Hospital Pediátrico que é a vergonha que se vê com a falta de vontade do governo em cumprir o projecto inicial..

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Lino
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Mensagem por Lino »

É uma vergonha o que se passa... Coimbra nunca foi cidade admirada pelos Governos e já é de longa data... há quanto tempo não vem um membro do governo cá, sem ser os secretários de Estado?
E esse Vítor Batista é só para o bolso dele, pois por Coimbra nunca o vi fazer nada... :roll:

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

não sou do ps ou psd mas neste caso dou razão às criticas.. o que tem sido feito a coimbra nos ultimos anos é para acabar de vez com a "capital" do centro..
Última edição por daniel322 em sexta-feira, 20 fevereiro 2009 17:57, editado 1 vez no total.

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Subbuteiro
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Mensagem por Subbuteiro »

Eu sei que me vai "cair o Carmo e a Trindade" em cima, mas fica aqui a minha opinião.

A culpa disto tudo é dos cabrões dos "coimbrinhas" que proliferam pela cidade. Coimbra nunca vai evoluir ao ritmo de outras cidades, e já está a ser mesmo ultrapassada enquanto existirem este tipo de pessoas. Estou farto de ver, ouvir e ler de pessoas que sempre viveram de Coimbra a falaram mal da cidade, a limitarem as virtudes da cidade e passam a vida a rebaixá-la comparando-a, ridiculamente, com Lisboa e Porto.

Estou farto de ouvir "Lisboa é que bom", "Coimbra nunca evolui", e até ver coimbrinhas que apoiam outros clubes que não os da cidade mete-me nojo.

A cidade está a ter aquilo que merece pelo povo que a reside. Infelizmente, são as pessoas de fora que adoram a cidade, que a amam, que cantam o seu fado, que apoiam os seus clubes, e que a evolui culturalmente. Eu até sou natural da G.A.M. do Porto, e no entanto, vejo uma enormidade de virtudes em Coimbra.

Enquanto a cidade não tiver uma população que se orgulha de si mesma, vemos-a ser ultrapassada por outras cidades.

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

Eu vejo isso dessa forma mas tb de outra maneira.. Coimbra sempre foi uma cidade de saber, uma cidade com amor-próprio muito grande e algum protagonismo na história do país.. e isso provoca invejas.. e tu que és do norte deves saber que a UC é bastante criticada (injustamente a meu ver) apenas por ter fama.

é usual ver pessoas de zonas como o porto e arredores (e não só) a dizerem que coimbra é só a fama e que já não vale nada.. tudo isto na expectativa de se sentirem os maiores.. (eu já ouvi estes comentários pessoalmente)

aliás basta ver que aqui na zona todas as cidades são "antipáticas" para com coimbra.. e vês facilmente se fores a leiria, figueira ou aveiro com algo que te identifique como conimbricense ;)

mas os habitantes tb têm culpa, claro.. e a falta de protagonismo político é resultado disso.. coimbra nas ultimas décadas nunca teve força de opinião na politica nacional enquanto que gaias, sintras, etc andam sempre na tv..

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Corsario-Negro
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Mensagem por Corsario-Negro »

Estou farto de ouvir "Lisboa é que bom", "Coimbra nunca evolui", coimbrinhas que apoiam outros clubes que não os da cidade mete-me nojo.
Caso te refiras ao apoio de "estar a torcer por" acho isso bairrismo pateta, desculpa-me a expressão.


Coimbra evolui e bastante, só não vê quem não reflecte. Num fórum de amigos há coisa de um ano reflectimos sobre isso num tópico que ia na linha de "eu ainda sou do tempo"... e no final verificámos que Coimbra mudou e MUITO.

Não trocava Coimbra por Lisboa nem pelo Porto.

Quanto aos Coimbrinhas que passam a vida a rebaixá-la, é mau quando só fazem isso, não obstante a crítica o motor da evolução, onde não há crítica tudo fica na mesma. Mas quer-se é crítica construtiva onde são patentes alternativas ao que existe ou se sugiram mudanças concretas.

Coimbra pode evoluir bem mais rápido que outras cidades (tal como outras cidades podem fazer o mesmo), para isso basta terem objectivos estratégicos vanguardistas e procurar alcançá-los.
Por exemplo acho que algo que já devia há muito ter sido feito era transformar a cidade numa capital nacional de empresas tecnológicas, arranjando espaço e facilidades para estas se instalarem cá todas juntas. Mas suponho que o negócio da especulação imobiliária seja mais atraente para certas contas bancárias.

No entanto também é a mania que alguns têm que prejudica Coimbra, pois deixam de trabalhar para manter a qualidade, especialmente na Universidade.
Coimbra não evolui com a fama, apenas com trabalho e esforço.

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Subbuteiro
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Mensagem por Subbuteiro »

Corsario-Negro Escreveu:
Estou farto de ouvir "Lisboa é que bom", "Coimbra nunca evolui", coimbrinhas que apoiam outros clubes que não os da cidade mete-me nojo.
Caso te refiras ao apoio de "estar a torcer por" acho isso bairrismo pateta, desculpa-me a expressão.
Se calhar é mesmo isso que falta a Coimbra, bairrismo=amor próprio.

E volto a sublinhar que não sou natural de Coimbra!

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Corsario-Negro
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Mensagem por Corsario-Negro »

Os clubes não fazem nada andar... se calhar o problema deste país é que se liga demasiado ao futebol e afins e menos ao resto (incluindo outros desportos). Torcer pelo clube X ou Y não vai fazer a cidade andar mais ou menos e bairrismo só funciona em países disfuncionais onde se é preciso chegar a esse extremo para se ter algo, prejudicando outros.

Tanto dinheiro que é gasto em futebol, patrocínios e estádios semi-vazios... quanto desse dinheiro não poderia ser gasto em cobrir o país com uma rede de ferrovia decente, aumentar os transportes públicos nas cidades (metro, autocarros, eléctricos), investir na investigação de modo a por termos à fuga de cérebros (alguns já começam a voltar, mas mais por amor ao país pois recebem bem menos e ainda têm que andar a pedinchar por fundos). Isso sim era evoluir!

Por isto tudo acho que "torcer pelo clube da nossa cidade" é das coisas que não interessa para nada. Já pratiquei desporto na AAC e era o meu pai que me tinha que pagar tudo, desde deslocações até refeições, por isso não me venham com tretas. Fiquei com amizades e boa forma física, mas também cicatrizes e problemas que ainda hoje ando a pagar (literalmente) por eles, se Coimbra ganhou alguma coisa com isso, não.

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Subbuteiro
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Mensagem por Subbuteiro »

Corsario-Negro Escreveu:Os clubes não fazem nada andar... se calhar o problema deste país é que se liga demasiado ao futebol e afins e menos ao resto (incluindo outros desportos). Torcer pelo clube X ou Y não vai fazer a cidade andar mais ou menos e bairrismo só funciona em países disfuncionais onde se é preciso chegar a esse extremo para se ter algo, prejudicando outros.

Tanto dinheiro que é gasto em futebol, patrocínios e estádios semi-vazios... quanto desse dinheiro não poderia ser gasto em cobrir o país com uma rede de ferrovia decente, aumentar os transportes públicos nas cidades (metro, autocarros, eléctricos), investir na investigação de modo a por termos à fuga de cérebros (alguns já começam a voltar, mas mais por amor ao país pois recebem bem menos e ainda têm que andar a pedinchar por fundos). Isso sim era evoluir!

Por isto tudo acho que "torcer pelo clube da nossa cidade" é das coisas que não interessa para nada. Já pratiquei desporto na AAC e era o meu pai que me tinha que pagar tudo, desde deslocações até refeições, por isso não me venham com tretas. Fiquei com amizades e boa forma física, mas também cicatrizes e problemas que ainda hoje ando a pagar (literalmente) por eles, se Coimbra ganhou alguma coisa com isso, não.
Mas quem é que falou em futebol? Falei no desporto em geral, ou esquecemo-nos que temos na cidade, desportivamente falando, a entidade mais ecléctica do país?

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Corsario-Negro
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Mensagem por Corsario-Negro »

Temos sim senhor... que sobrevive como disse com muita boa vontade e sacrifício dos atletas, pois os fundos disponíveis não dão para quase nada :P ... mais amor à camisola do que aquele que referi e pelo qual quase todos os atletas que jogam durante muitos anos pela AAC, União ou vários clubes da cidade, é um pouco impossível :wink:

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loirituh
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Mensagem por loirituh »

Os clubes não fazem nada andar... se calhar o problema deste país é que se liga demasiado ao futebol e afins e menos ao resto (incluindo outros desportos)
Os clubes são muito importantes para a divulgação de uma cidade. Braga que era praticamente desconhecida lá fora, por causa do Clube da cidade faz levar o nome dela por essa Europa fora. A Académica se estivesse nas competiçoes europeias levava o nome de Coimbra ainda mais longe. (O meu pai conhece cidades que quase ninguem ouviu falar por causa do seu clube ter jogado contra o Benfica à 20 e tal anos) :lol:

Lion
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Mensagem por Lion »

O problema de coimbra não será essencialmente o governos, seja este do PS ou outro PSD, o problema é que Coimbra continua a dormir à sombra da bananeira, ainda não acordou para a realidade, deixou de puder viver apenas a custo da UC, pois a UC no panorama nacional foi igualmente ultrapassada por outras universidades, e não me digam que os governos também estão contra a UC. É perfeitamente normal isto que está a ocorrer, Aveiro é neste momento um distrito muito industrializado e faz todo o sentido ter a Dir regional de Economia por lá. Mas depois há a deslocação da DREC ou da agricultura, aí se calhar fará menos sentido. Ao fim ao cabo teria de acontecer, se no fututo houver regionalização, o panorama será esse, havendo uma região centro que coincida com a CCDRC, ou seja, composta por Coimbra, Viseu, Guarda, Aveiro e Castelo Branco, sendo que o mais lógico é ser Combra a capital, terá de forçosamente de haver descentralização destes serviços. Caso contrário não fará sentido haver a regionalização.

Agora uma coisa é certo, Coimbra precisa de acordar para a realidade, deixar de viver à custa dos Serviços do Estado e da UC, porque isso já foi tempo. Penso que se tem tido muitas ideias mas poucos actos para o desenvolvimento de coimbra.

Enfim é a cidade que temos...

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

eu não entendo é pq que estes organismos (a ser verdade) possam deixar coimbra e que outra cidade da região precise mais deles que coimbra:
IPPAR, Direcção Regional de Educação, Delegação de Coimbra da Agência Lusa e Delegação Regional do Instituto Português da Juventude
:roll:

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

já agora, ainda no âmbito deste tema:
Coimbra deixa de ter arquivo dos Edifícios e Monumentos

Os fundos documentais do arquivo da Direcção Regional dos Edifícios e Monumentos do Centro estão a ser transferidos de Coimbra para Sacavém, de acordo com decisão governamental, não sendo de esperar que qualquer cópia permaneça na actual morada (junto ao Jardim da Manga), que será, mais dia menos dia, desactivada.
Neste momento, a secção dos edifícios já foi transferida, devendo a dos monumentos seguir idêntico destino ainda este mês.
A medida inscreve-se no processo de extinção e fusão da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (e das suas três direcções regionais), cujas competências de salvaguarda do património classificado passam para um organismo na dependência do Ministério da Cultura (MC) – o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, que passa a integrar também o IPPAR e o IPA –, enquanto que os restantes serviços públicos transitam para o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT), concretamente para o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
E é, justamente, para o IHRU que o arquivo das várias direcções regionais é transferido. Em rigor, para um forte em Sacavém, onde foram «criadas condições especiais de temperatura e humidade para conservação e preservação de fontes documentais», explica Afonso Mira, o director regional dos Edifícios e Monumentos do Centro.
No entanto, a “perda” deste espólio – processos de obras, mapas e fotografias – conseguido por uma estrutura que leva quase 80 anos de trabalho, está a gerar alguma controvérsia.
João Pinho, actualmente a trabalhar para a monografia da freguesia de Santa Cruz e de Eiras, é o rosto do descontentamento.
O investigador na área da História local e regional diz que esta é uma situação «cientificamente questionável», dado que «alguns dos maiores especialistas mundiais de arquivos defendem o princípio da não desafectação de um determinado fundo do local onde foi constituído».

“Quem fica a ganhar são as universidades de Lisboa”


Para João Pinho, está-se perante «um atentado ao património documental de Coimbra e da região Centro», sendo que uma das instituições que mais sofrerá é a própria Universidade de Coimbra (UC) e os alunos de cursos como História de Arte, Arquitectura e Arqueologia, ou mesmo de algumas engenharias.
É que, apesar de a consulta daqueles documentos – agora 200 quilómetros mais distantes – não dever ser posta em causa, haverá custos acrescidos com deslocações, ainda não sendo claro qual o nível de acesso, doravante, a esses mapas e fotografias.
«Se, hoje, alguém quiser fazer uma investigação sobre o Hospital do Sobral Cid, ou, a partir de Março, sobre o Mosteiro de Santa Cruz, tem de ir a Lisboa. Estamos a falar de milhares de documentos», insiste o investigador.
João Pinho desconhece, também, se o terminal online da direcção regional, através do qual se acede a parte da documentação, vai ficar a funcionar.
Para o historiador local, «quem fica a ganhar são as universidades de Lisboa, que têm tudo lá: a Torre do Tombo e o arquivo das várias direcções regionais».
Quanto às condições especiais de arquivamento, João Pinho argumenta que, se fossem dadas a Coimbra, a documentação não necessitaria de sair da cidade. E afirma que «o mais chocante é a cidade não estar a acautelar os seus interesses».
Por outro lado, o investigador diz não conseguir perceber a lógica de as competências das direcções regionais dos Edifícios e Monumentos passarem para um lado (MC) e o arquivo para outro (MAOT).
Ao DC, o director regional dos Edifícios e Monumentos do Centro, Afonso Mira, disse que «o que a Direcção-Geral está a fazer é preservar o arquivo» e que «a melhor maneira é num depósito central, onde não se perde».
Porém, admite não haver «uma determinação programada de como é que as coisas se vão encaixar», dizendo não fazer «a mais pequena ideia» sobre se a documentação (parte ou o todo) regressará, mais tarde, para Coimbra, onde, por ora, «vão ficar só as cópias de processos que estão em curso».
Apesar de entender que «o arquivo deve estar na região para facilitar a consulta», Afonso Mira ressalva que ela vai continuar a ser possível com a documentação em Sacavém. «Temos meios de transporte rápidos» e «de Castelo Branco aqui (Coimbra) é o mesmo que ir a Sacavém», desdramatiza, numa referência ao facto de muitos concelhos servidos pela direcção regional do Centro já, antes, terem de se deslocar para aceder à documentação. Afonso Mira sublinha estar «mais preocupado com a salvaguarda do património do que com o facto de ele se desviar» de Coimbra.
Ainda, assim, e mesmo com os arquivos a ficarem na dependência do ministro Nunes Correia, pensa que «terá de haver dupla tutela [do MAOT e do MC] no que reporta a alguma documentação».
O DC formulou um conjunto de questões ao MAOT, a propósito destas alterações, mas ainda não obteve respostas.

daniel322
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Mensagem por daniel322 »

Estado está a “servir clientelas”
Encarnação diz que PNPOT, ao não confirmar a centralidade de Coimbra e a Região Centro, não serve o país e acusa o Estado de «servir clientelas». Executivo quer saber qual é a visão estratégica do Governo para Coimbra e marca reunião extraordinária para discutir o assunto

Carlos Encarnação disse ontem que o Governo, no âmbito da política de transferência dos serviços centrais, estar a «servir clientelas». «O Estado está a fazer uma coisa que, se não fosse tão ridícula quanto é, seria muito perigosa», afirmou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, explicando: «se o ministro é de Aveiro, então vai para Aveiro a Direcção Regional de Economia».

«Queria que o Governo ponderasse no que está a fazer», continuou o autarca, concordando com opiniões expressas pela maioria dos vereadores de marcar para muito breve uma reunião extraordinária para que seja «tomada uma atitude» sobre que posição estratégica pretende o Governo que Coimbra tenha no futuro no contexto global do país.

A sessão, que não tem ainda data marcada, terá como ponto de partida a versão final do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) publicado no passado dia 4 e alvo de duras críticas, nomeadamente por parte de João Rebelo que comentando o teor do documento, se confessou «frustrado» com a ausência de propostas e de visão para Coimbra que «perpassam da leitura do documento».

«A maior evidência é a omissão, para não dizer quase total ausência de propostas para Coimbra», afirmou o vice-presidente da autarquia, considerando fundamental uma mobilização das forças vivas da cidade no sentido de exigir ao Governo que diga «qual o modelo de desenvolvimento» que pretende para o concelho, tendo em conta o seu posicionamento estratégico a vários níveis.

«Há uma total ausência no que respeita a Coimbra como pólo de Saúde, à importância de Coimbra como cidade média europeia, como alternativa às Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto na localização de serviços e equipamentos, como cidade do saber e do conhecimento», enumerou João Rebelo, deixando claro que «ou há um esquecimento ou então há um modelo assumido de país agarrado às Áreas Metropolita-
nas de Lisboa, Porto e Algarve e tudo o resto é praticamente idêntico».

Estado “centralizador e concentrador”

«Se é este o modelo de organização do país, eu, manifestamente, não posso estar de acordo», continuou o vereador, recordando que a versão final do PNPOT não responde a qualquer dos pontos levantados pelo executivo em Março de 2007 relativamente a este plano e nomeadamente relativamente à intenção do Governo de transferir, de Coimbra para outras cidades da Região Centro, serviços do Estado, como é o caso da Direcção Regional de Agricultura e Ordenamento do Território ou, mais recentemente, da Direcção Regional de Economia.

Mantendo o tom crítico em relação às opções do Governo nesta área, Carlos Encarnação mostrou-se preocupado com o facto de o Estado estar «a desenhar-se cada vez mais centralizador, concentrador e absorvente», referindo-se concretamente ao PNPOT como um programa que «não serve, porque não serve o país.
A minha questão não é Coimbra, é o país. O país fica pior se não for aproveitada a força centralizadora da região Centro».

O autarca mostrou-se confiante de que, na reunião extraordinária que se realizará, será criado «um documento que possa juntar todas as sensibilidades sobre esta matéria». Até porque, apesar de ter sido considerada unânime a necessidade de definir a posição de Coimbra, não foram totalmente coincidentes as visões do executivo camarário sobre esta matéria.

Horácio Pina Prata concordou que a «anulação dos poderes locais e regionais tem potenciado cada vez mais a centralização em Lisboa», com consequente «penalização para Coimbra», no entanto, recordou que foi criado em 2003 um Observatório Económico, composto por representantes de 26 entidades relevantes da cidade – que já não reúne há ano e meio, diz – e que seria o organismo ideal para desencadear uma tomada de posição do concelho perante este “esquecimento” do Governo.
Já a vereadora Fernanda Maçãs, eleita pelo PS, defendeu que «tem que ser a autarquia a liderar uma dinâmica» local junto do Governo para que o «esvaziamento» de serviços públicos de Coimbra e a perda de importância económica sejam contrariados, concordando, por isso, com a reunião extraordinária onde, para além da tomada de posição perante o Governo serão discutidas propostas para que Coimbra possa vir a ocupar lugar de centralidade na região Centro.

Victor Baptista considerou que o concelho terá na regionalização «uma oportunidade única para voltar a defender a sua capitalidade», confessando-se «expectante» em relação às consequências que esta política socialista terá para o desenvolvimento da cidade e da região. No que respeita ao PNPOT, o socialista diz não ir «na conversa do diz que disse», preferindo esperar pela versão final do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), um documento que considera «coerente», para tomar uma posição concreta sobre o assunto.
in diário de coimbra