Consenso em torno da Penitenciária
Todos concordam com a renovação urbana da Penitenciária e que a transferência para o Botão é essencial. É também unânime a vontade de prolongar a zona verde para além da Sereia e do Botânico e de criar uma Casa do Conhecimento
O executivo camarário vai escolher um elemento de cada partido com assento na Câmara Municipal de Coimbra para criar uma equipa que defenda a transferência da Penitenciária para a freguesia do Botão e a renovação urbana dos 4,5 hectares de terreno ocupados neste momento por este serviço, na Alta de Coimbra.
A ideia foi lançada por Victor Baptista e imediatamente aceite por Carlos Encarnação, que confirmou a sua intenção de «tudo fazer para que este seja um processo irreversível». «Eu quero mesmo fazer isto», afirmou, mostrando-se disposto a «encontrar o maior consenso possível em torno deste processo, da maior importância para a cidade». Aliás, o autarca apontou este como um «projecto interessante caso o Governo queira candidatar Coimbra a Capital Europeia da Cultura, em 2012».
O mesmo considerou Victor Baptista. «É preciso ver se isto chega a bom fim e esta é uma oportunidade única para resolvermos este problema», afirmou o vereador socialista, e também deputado na Assembleia da República, confirmando «a intenção do Governo de, durante esta legislatura, construir uma nova cadeia no Botão e, portanto, de resolver esta situação».
A proposta para a criação desta equipa surgiu, não só porque «esta é uma questão que há muito vem a público, mas sempre sem que tenha passado disso», mas também porque, segundo o socialista, «é preciso que se ultrapasse a abordagem meramente técnica» e a Câmara de Coimbra «defina exactamente o que pretende fazer daquele espaço».
Ora, a proposta ontem levada para conhecimento do executivo camarário passa, antes de mais, por tentar, após a transferência da Penitenciária para o Botão, por «devolver este magnífico espaço à cidade, preservando o edifício principal e abrindo um corredor verde», que fará a ligação entre os jardins de Santa Cruz e Botânico, como aliás acontecia há muitos anos, com «um corredor verde que envolvia a cidade universitária».
Integração urbanística com a cidade
A intenção é manter, reintegrando, o edifício actualmente ocupado pela cadeia - ainda não está definido o que funcionará ali, mas Encarnação avançou com um grande arquivo ou uma biblioteca do município - sendo que a percentagem de ocupação do solo com edificação «não deverá ultrapassar os 30% na área actualmente ocupada pela Penitenciária» e que a área bruta de construção máxima a instalar (incluindo esse edifício) é de 20 mil metros quadrados, refere a proposta.
Nada que invalide a vontade de criar ali um Complexo Vivencial e Cultural, a chamada Casa do Conhecimento, que deverá incluir espaços de vivência cultural incluindo áreas expositivas, pequeno comércio de conveniência ligado ao turismo, galerias de exposição, espaços para artistas plásticos e/ou associações artísticas, escritórios e serviços diversos, potenciando a vocação universitária próxima e ainda funções residenciais limitadas e específicas, nomeadamente hotelaria e residenciais académicas.
«Não podemos esquecer que o Ministério da Justiça vai investir 40 a 50 milhões de euros na nova penitenciária e que, por isso, deverá querer fazer algum dinheiro neste terreno para a sua construção», afirmou Carlos Encarnação, recordando que o documento levado ontem à reunião de câmara é «uma mera proposta indicativa desenhada pelo Planeamento» e que servirá de base para a discussão em torno deste tema, marcada para sábado, às 10h00, por iniciativa da Assembleia Municipal.
A proposta da autarquia, que também se refere a intenção do Governo de «gerar meios financeiros capazes de suportar pelo menos parcialmente os encargos» com a nova infra-estrutura, sublinha ainda a necessidade de a intervenção a realizar ali ser «marcante em relação ao meio envolvente, a nível urbanístico, arquitectónico e paisagístico».
Está, por isso, pensada a supressão dos muros, a criação de uma nova ligação rodoviária entre a Praça João Paulo II e a Rua Santa Teresa, bem como de novos eixos de circulação pedonal, assim como a futura articulação com o traçado do eléctrico rápido de superfície e até a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, para dar resposta às funções residenciais, de serviços e turísticas que este passo passaria a ter.
Fonte: Diário de Coimbra
Parece que vão avançar para a opção "Jardim + Centro Cultural".