Coimbra: Turismo e Eventos Culturais

Para divulgar e comentar trabalhos artísticos de Coimbra (novas bandas, lançamentos de livros, etc)
araszurc
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Coimbra: Turismo e Eventos Culturais

Mensagem por araszurc »

Olá!

Bem.. este é o meu primeiro post aqui, por isso quer antes de mais dizer Olá a todos, e felicitar o fórum porque tem informações muito interessantes.
Estou de momento a fazer um trabalho de seminário em que o estudo de caso é Coimbra, versando sobre o tema "Turismo e Eventos Culturais".
Como tal, e considerando que preciso recolher impressões sobre a questão cultural e os eventos nesta cidade, lanço aqui o apelo à discussão. Espero que isto me possa ajudar no trabalho, de certa forma :)
Outra questão que queria colocar-vos é a seguinte: quais são, para vocês os locais que dão voz a eventos culturais na cidade, por excelencia? Pensam que são suficientes? Qual acham ser a posição da Câmara Municipal actualmente, na programação cultural de Coimbra?
Para finalizar, consideram que Coimbra podia atrair e fazer permanecer mais tempo os turistas, caso oferecesse actividades culturais com mais frequência?

Bem... mais perguntas hão-de surgir.
Até lá... bons comentários :wink:

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{mineirinha}
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Mensagem por {mineirinha} »

No dia 20 de Fevereiro, houve no TAGV um debate:
Cidade, Arte e Política
O valor estratégico da Cultura
Eu sou de estudos artísticos e tenho uma cadeira de politica e programação cultural onde falamos disso, inclusive connosco temos estudantes de turismo lazer e património.
Vou passar o meu texto para cá, pois pode ser que seja útil. Na verdade é apenas um resumo do que foi dito nesse dia.

Ao falar de Cultura precisamos conceber uma estratégia através de valores. A Cultura é um direito humano que faz com que o ser humano possa e deva exercer de uma forma plena esse direito.
Praticar cultura pode ser visto como uma religião dado que quando o Estado entra a Cultura sai, ou seja, não estão ligados quando deveria ser algo automático para quem está a governar.
Isto acontece, devido ao pensamento tabu existente do qual a “cultura não serve de nada”. Pensamentos erróneos pois a cultura participa de tensões e contradições que não são de todo um beco sem saída.
O que há a entender é que a Cultura é uma casa aberta a todos, um espaço de troca e criatividade, ou seja, é vital para a identidade de uma cidade. É como se fosse o bilhete de identidade da cidade, é o que a torna cidade e a define como tal.
Durante o debate, foi possível igualmente ver que a câmara municipal de Coimbra é uma causadora de problemas, pois não vê a Cultura como solução no desenvolvimento urbano.
Foi possível igualmente compreender que se não houvesse a cidade onde vivemos não seria possível projectar outra cidade melhor.
Daí vemos, que é importante todas as cidades estarem unidas em propósito que é cultivar a cultura e o saber geral entre os habitantes dessa mesma cidade.
A cultura não está sozinha e para que não permaneça sozinha é preciso que seja articulada com outras áreas de modo a criar um equilíbrio.
É necessário pensar de uma forma estratégica e não avulsa. A cultura não é avulsa, portanto.

Pessoalmente creio que isto serve para dar continuidade ao que pediste, pois não se pode pensar em eventos culturais e turismo, se não se pensar para quem é se programa(eventos)ou até mesmo o que é falamos quando falamos de cultura e o que é que falamos quando falamos de programação/eventos.
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Lino
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Mensagem por Lino »

Turismo, na minha opinião, será muito mais enriquecido se estiver aliado à cultura. Os turistas gostam de conhecer a cultura local e a mistura de culturas existente em Coimbra poderia dar muito mais frutos se se apostasse nelas. Com tanta gente de todo o lado, poderia haver mais eventos que aproximassem Japoneses, Chineses, Ingleses, Portugueses, Timorenses, Espanhóis, Brasileiros, pessoal dos PALOP's, etc. etc. etc.

Visitar monumentos não é só ver paredes, objectos e quadros, há que os fazer mexer, deve haver interacção entre visitante e o espaço visitado para que aquele possa tirar o máximo partido daquela vivência.

A própria cultura Coimbrã é muito esquecida, sendo a própria oferta cultural muito limitada a alguns concertos em 2 ou 3 salas, e bem poderia haver mais salas, arenas, teatros se se apostasse verdadeiramente na cultura.
Estudantes, a religião, doces conventuais, o Fado, tudo o que há por cá poderia ser bem mais aproveitado e conhecido. Seria interessante haver mais feiras, até para aproveitar o folclore e artesanato da região. Antigamente havia vendedoras de Bolos de Ançã na rua e agora não há nada. Não há artistas de rua, as ruas estão mortas...
Hoje vi na Cabra que Coimbra está atrás de Lisboa, Porto e S. João da Madeira no que diz respeito à cultura...
Coimbra tem mais encanto... terá?
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banjix
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Mensagem por banjix »

Desde há muito tempo que a Cultura é o elo mais fraco na nossa sociedade. Isso é bem visível quando é necessário fazer cortes orçamentais, em que a Cultura é a primeira a sofrer. Neste momento, a cultura não é vista como algo necessário ou fundamental e, como tal, não lhe é dada a importância merecida.

Em Coimbra, como em muitas outras vilas e cidades, o papel da Câmara Municipal é praticamente o de apoiar eventos organizados por particulares e/ou privados. É muito comum ver-se nos cartazes de eventos "Com o apoio de: ...". Já não é mau que assim seja, mas Coimbra precisa de mais e devia apostar-se mais em vertentes que estão a cair em desuso, como o teatro (que em Coimbra tem pouca expressão), a animação de rua (praticamente inexistente e que traria mais pessoas à Baixa, que tanta gente se queixa de estar a ficar deserta) ou espectáculos que eu considero diferentes do que é normal. Isto é, embora eu considere que um concerto de alguma banda mundialmente conhecida seja importante para trazer pessoas à cidade (nem que seja só por um dia), acho que se devia apostar também em espectáculos temáticos (festivais de música celta, música cigana...).

Há quem diga que não vale a pena organizar eventos porque em Coimbra não há procura. A opinião que eu tenho é diferente. Para mim, é a oferta que gera a procura!
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

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Lino
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Mensagem por Lino »

Sim, por exemplo Santa Maria da Feira e Óbidos têm feiras medievais de vários dias, completas com torneios e jantares e etc. Coimbra poderia ter uma mais completa...
Depois há a doçaria, o artesanato, que poderiam ter mais feiras... a Barca Serrana já poderia estar no rio, pois é muito interessante... e aquele slide sobre o Mondego que havia no Euro (foram embora os camones e também o slide) seria muito interessante se estivesse lá mais tempo...

Critico ainda a distribuição dos postos de turismo... como é que fecham o da Praça da República, obrigando os turistas a subir à Universidade? E depois os bilhetes para a visita à UC têm que ser comprados na Biblioteca Geral em vez de ser na entrada do espaço visitável... que coisa idiota...
E todos aqueles Museus das Faculdades e Departamentos (Zoologia, Antropologia, etc.) bem poderiam estar abertos a todos em vez de só receberem visitas de escolas e pouco mais...
Coimbra tem mais encanto... terá?
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daniel322
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Mensagem por daniel322 »

banjix Escreveu:Há quem diga que não vale a pena organizar eventos porque em Coimbra não há procura. A opinião que eu tenho é diferente. Para mim, é a oferta que gera a procura!
concordo.. e até acho que isso é bem visível, qd existe algum evento nesta cidade os bilhetes esgotam logo.. qd se diz que o gil vicente tem uma média de espectadores baixa é de perguntar quais as peças que lá passam.. alguém se lembra de alguma apelativa?

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{mineirinha}
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Mensagem por {mineirinha} »

Eu gostei quando la foi o Allandin.
Mas tipo,há que pensar se existem estruturas para isso tambem.
Não adianta dizer "peças apelativas" se o TAGV não tem condiçoes para receber essas peças apelativas.
E como disse o banjix: oferta gera procura
Oferta existe e não é apenas no TAGV.
Se calhar, temos é que ir a outros lugares com outras peças de teatro(exemplo apenas) e abrir nosso leque não de conhecimento,mas de gosto.
E agora perguntam aonde está essa oferta? Pois, a questão passa por estar atento a cartazes, por exemplo.
Algumas coisas são até mais baratas que o próprio TAGV.
Não podemos limitar o TAGV como fornecedor de cultura.
Aproveitar também o que existe é uma boa opção. Há coisas q pelo nome podem não interessar,mas arriscando e aprendendo a gostar, não se perde nada.
E há coisas q não são caras.
Desde workshops(sim fazem parte de eventos culturais) até coloquios(muitos é entrada livre).

Exemplo:
Alguém já foi a alguma peça de teatro do TEUC? Lá fazem peças frequentemente e são 3 euros normalmente.
As vezes não confiamos no que temos.
Curso de Tecnicas Jornalisticas na cabra. Inscrição gratuita
Nova acropole(fica perto da AAC, mesmo atras da paragem de autocarro q faz curva) tem conferencias, coloquios que são abertos ao publico.

Acho que estamos a reduzir-nos a poucas coisas e seria bom abrir o nosso leque
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daniel322
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Mensagem por daniel322 »

não concordo ctg mineirinha.. eu acho que a propaganda cultural passa completamente ao lado da cidade. A não ser que seja assinante do Diário de Coimbra e todos os dias veja a coluna social uma pessoa não sabe o que vai ser apresentado.

Quando falei acima de ofertas apelativas estava-me a lembrar, por exemplo, do concerto do André Sardet no TAGV e no concerto dos tenores no Pateo das Escolas..

É que nesta cidade a uma pessoa não basta ser interessada, tem de andar mesmo é à procura da oferta.. E eu já fui ver actuações ao Museu dos Transportes, TAGV, Auditório Fac. Letras, Auditório ISEC, Edifício Chiado e até ao Pavilhão no Parque do Urso.. e tenho newsletters do Teatrão e tb do DRCC regulares no meu mail..

mas faz falta algo maior nesta cidade.. eu quando quero ver alguma peça de maior produção tenho de ir ao Porto.. :(
Última edição por daniel322 em sábado, 15 março 2008 20:43, editado 1 vez no total.

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banjix
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Mensagem por banjix »

{mineirinha} Escreveu:Se calhar, temos é que ir a outros lugares com outras peças de teatro(exemplo apenas) e abrir nosso leque não de conhecimento,mas de gosto.
E agora perguntam aonde está essa oferta? Pois, a questão passa por estar atento a cartazes, por exemplo.
(...)
Não podemos limitar o TAGV como fornecedor de cultura.
Aproveitar também o que existe é uma boa opção. Há coisas q pelo nome podem não interessar,mas arriscando e aprendendo a gostar, não se perde nada.
{mineirinha}, isto é tudo verdade. Se calhar um dos problemas dos promotores de eventos é não darem continuidade ao trabalho que começaram. Muitas vezes fazem um espectáculo, que até nem teve muita adesão de público, e parte-se logo para o princípio de que aquilo não interessa às pessoas. Muitas vezes, o que acontece é que as pessoas não estão habituadas a determinadas rotinas e nem sequer têm conhecimento desses eventos. Será a continuidade que chama as pessoas. As pessoas vão começar a aperceber-se e parar para pensar: "Espera lá, há aqui qualquer coisa!". Não é um evento esporádico, que acontece de forma irregular, que vai criar nas pessoas o hábito de assistir a determinados espectáculos. E não estou a falar daqueles concertos que movem multidões, porque esses nós sabemos que têm adesão. Eu estou a falar de espectáculos com menor dimensão (até porque é impensável fazer-se um grande concerto todos os meses, por exemplo), que aproximem as pessoas de algumas formas de arte que, embora sejam dignas de serem vistas, não lhes é dado o devido valor.

Depois há o problema que tu referiste e que tem a ver com a divulgação. Há muitos eventos que passam completamente ao lado porque houve pouca ou nenhuma divulgação. O passar a palavra pode não ser suficiente, é preciso fazer chegar a informação às pessoas de uma maneira mais eficaz! No ano passado, o concerto que a Astedixie Jazz Band e os Dixie Gringos fizeram na Praça Velha teve a adesão que teve porque os ensaios e o check sound começaram cedo e o "barulho" atraiu as pessoas. Muito do público que ali esteve ia a passar e parou. A maior parte das pessoas nem sequer tinha conhecimento que ia haver ali um espectáculo!

A publicidade pode ser um excelente chamariz. Se calhar não interessa só dizer que há um evento tal no espaço X. Interessa também que as pessoas saibam do que se trata, que saibam o que podem esperar. Isso de existirem coisas que, pelo nome, podem não interessar, é uma realidade. Mas as aparências iludem e é preciso dar a conhecer, não só onde e quando se faz, mas também o que é que se faz.

EDIT: daniel322, a divulgação (ou a falta dela) é o maior problema.
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

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{mineirinha}
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Mensagem por {mineirinha} »

daniel322 Escreveu:não concordo ctg mineirinha.. eu acho que a propaganda cultural passa completamente ao lado da cidade.
Exemplo de um lugar com muita propaganda:
Cartola.
Nos vidros do café tem imensa publicidade. Desde quartos para alugar,até algumas coisas que acontecem.
Dentro da faculdade de letras está cheio de publicidade.
Acredito que até na casa da cultura ha um biombo cheio disso também.
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daniel322
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Mensagem por daniel322 »

mas isso são pequenas peças orientadas para a comunidade estudantil.. o que é que esses anuncios interessam para as 200 mil pessoas que vivem na região de Coimbra? Vão todas as semanas à Faculdade de Letras ler os anúncios? :wink:

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banjix
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Mensagem por banjix »

Mas {mineirinha}, essa divulgação tem que ser feita doutra forma, através de info mail, outdoors, nas rádios locais... O exemplo que deste, da divulgação de um espectáculo que estar no meio de anúncios de quartos para alugar, não faz sentido! Eu, que não estou interessado em alugar um quarto em Coimbra, nem sequer para lá olhava e, portanto, não ficava a ter conhecimento da existência de um determinado evento, entendes? A divulgação tem que chamar a atenção das pessoas, tem que se meter no caminho delas. As pessoas vêem, se interessar, porreiro; se não interessar, continuam a sua vida, mas ao menos tiveram conhecimento, coisa que parece não estar a acontecer!
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.

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Mensagem por {mineirinha} »

Penso que está a existir também o problema de esperar apenas coisas grandes e que nos interessem.
Não se começa do maior.
Aqui ha uns tempos houve o bailado da bela adormecida e eu ja sabia desse bailado desde novembro.
Creio que falamos da atenção aos cartazes.
Pode não estar em todo o lado,mas aonde está é bem visivel.
É necessario gostar do que temos. Não é muito bom,mas é o melhor que temos agora.
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daniel322
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Mensagem por daniel322 »

{mineirinha} Escreveu:Penso que está a existir também o problema de esperar apenas coisas grandes e que nos interessem.
Temos de esperar coisas grandes e pequenas.. mas ao menos que tenha a liberdade de escolher qual quero ver ;) não me quero resignar com pequenas peças académicas enquando os meus vizinhos de Aveiro ou Porto vêem o Cats..

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{mineirinha}
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Mensagem por {mineirinha} »

Não disse para irem à faculdade de letras, apenas o que quero focar é a nossa atenção.
As vezes estamos a espera de algo muito grande e muito barato e talvez as coisas não sejam nada assim.
Teve o bailado da bela adormecida e agora uma opera também.
São apelativos.
Eu não fui nem a uma nem a outra,mas considero-os apelativos e estava bem visivel no TAGV.
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