Coimbra é candidata a Capital do Livro
A autarquia candidatou Coimbra a Capital Mundial do Livro 2007. Uma decisão tomada e concretizada em três dias mas que vem confirmar a importância da actividade livreira em Coimbra e para Coimbra. Projectos não faltam, teremos agora que esperar pela decisão da Unesco
Coimbra poderá vir a ser a Capital Mundial do Livro em 2007. Depois de três dias de trabalho intenso da autarquia, com a colaboração da Universidade, da Livraria Almedina e de outras personalidades ligadas a esta área, Coimbra torna-se na primeira cidade portuguesa a aceitar este desafio, lançado anualmente pela Unesco.
«Somos uma cidade onde o livro é dos elementos mais importantes e uma das bases mais significativas no que respeita às actividades económicas», afirmou Carlos Encarnação, que deu a novidade durante a cerimónia de lançamento da segunda edição da obra “Guia do Autarca”, de Edgar Valles, que decorreu ontem no Edifício Chiado (ver caixilho).
«Uma verdadeira corrida contra o tempo» que começou quinta-feira e terminou sábado, «o último dia em que era possível entregar a documentação». A autarquia apenas soube da candidatura através da Internet, três dias antes do prazo limite. Um desafio que, mesmo assim, decidiu não deixar escapar, convicta da importância de Coimbra na produção livreira e do livro para a promoção de Coimbra, «até do ponto de vista mundial».
Uma verdadeira «aventura positiva», acrescentou Mário Nunes, vereador da Cultura, não desmentindo que é «um grande desafio para Coimbra», mas que terá os seus frutos ao nível da «difusão e promoção do livro, do apetrechamento de equipamentos e da construção de empreendimentos para promover o livro na cidade».
Projectos ligados ao tema “Livro” não faltam. Mário Nunes destacou alguns: no Parque Verde do Mondego está previsto o lançamento do espaço “Saber Ler ao Cubo”, a funcionar numa das infra-estruturas já montadas naquele local, e onde «os cidadãos poderão ter acesso à leitura, desfrutando da paisagem».
A presença em Coimbra dos escritores Jacques Derrida, em 2003, e a do cubano Pedro Marqués de Armas, ainda durante este ano (no âmbito das Cidades Refúgio) será motivo para um conjunto de iniciativas ligadas ao livro, à literatura e à sua obra. O mesmo deverá acontecer com alguns dos escritores que já foram Prémio Nobel da Literatura, aos quais será solicitado «um contributo para a difusão do livro» e a partir dos quais a autarquia está a pensar lançar um concurso.
Uma “guerra difícil”
Mário Nunes referiu-se ainda à vontade da autarquia de recorrer a algumas personalidade mundiais na área Política, Cultural ou Social – como Dalai Lama ou Koffi Annan - para que escrevam «pequenos trechos, que serão compilados e editados» e a partir dos quais se produzirá uma exposição que deverá percorrer todas as Capitais Mundiais do Livro até este momento.
O vereador não esqueceu ainda na força da Biblioteca Joanina, depositária de muitos livros únicos no Mundo, para a decisão da Unesco por Coimbra. A candidatura de Coimbra é uma certeza, mas são ainda desconhecidas da autarquia as concorrentes da nossa cidade.
«Será uma guerra difícil de vencer», confessou Carlos Encarnação, mostrando, no entanto, confiança na força, entre outros, da Livraria Almedina, uma editora de Coimbra e «uma das mais prestigiadas editoras a nível mundial, nomeadamente na área do livro jurídico» e «dos cidadãos que emprestam a sua máxima capacidade na feitura de um livro».
A esperança é, portanto, que dentro de dois ou três meses a Unesco possa divulgar que Coimbra será, tal como as cidades de Turim, Alexandria, Madrid, Nova Deli e Montereal (actual Capital Mundial do Livro), a cidade maior da actividade livreira em 2007 em todo o mundo.
in Diário de Coimbra
EM 2007 – Cidade é candidata a Capital Mundial do Livro
Em 2007, Coimbra pode ser a Capital Mundial do Livro. A Câmara Municipal enviou a candidatura no passado sábado, mas o resultado só é conhecido dentro de dois ou três meses.
Ao candidatar–se à organização da Capital Mundial do Livro, depois de “três dias de intenso trabalho”, a autarquia fez com que Coimbra se tenha tornado na única - e primeira - cidade portuguesa a tentar alcançar o estatuto de “capital do livro”.
O anúncio foi feito ontem, durante a apresentação do livro “Guia do Autarca” da autoria de Edgar Valles (ver página 6), pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação. “Agora vamos ter uma “guerra” e esperamos por um resultado positivo”, frisou o edil, tendo lembrando que “Coimbra é uma cidade onde o livro é muito importante”.
O Comité de Selecção da Capital Mundial do Livro aceitou candidaturas até ao passado dia 20 de Março. E foi, precisamente um dia antes, “cinco minutos antes de os CTT fecharem”, que o vereador da Cultura enviou a proposta para a UNESCO. “Soubemos do concurso quase in extremis e, por isso, foram três dias de trabalho intenso”. Um trabalho que contou com o apoio de responsáveis da Universidade de Coimbra e da Livraria Almedina - que tem, segundo Mário Nunes, “um relacionamento importante com editoras estrangeiras”.
Ainda de acordo com o responsável pelo pelouro da Cultura, caso Coimbra venha a ser escolhida, o evento “vai envolver muitos meios”. Porém, trata–se de “uma aventura positiva”, salientou.
As cidades interessadas deveriam apresentar programas que “visem a promoção do livro e a criação de hábitos de leitura ao longo de um ano”. A realização de eventos, a promoção do livro e da leitura, acções com autores e a intervenção em equipamentos são alguns domínios contemplados nesta iniciativa da UNESCO. Além disso, e caso venha ser a cidade escolhida, “a autarquia pretende criar um concurso que conte com os contributos de alguns prémios Nobel da Literatura”. Outra das intenções da câmara passa pela elaboração de um trabalho constituído por pequenos trechos escritos por personalidades mundiais de reconhecido mérito, como o Dalai Lama ou Koffi Anan. O resultado desse projecto pode, numa fase posterior, percorrer todas as cidades que já foram Capitais Mundiais do Livro.
Iniciativa da UNESCO, que conta com o envolvimento da Federação Internacional de Livreiros, da Associação Internacional de Editores e da Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas (IFLA), a Capital Mundial do Livro foi criada em 2001 com vista a prolongar a celebração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, (que se assinala a 23 de Abril), durante um ano inteiro.
Depois de Madrid (2001), Alexandria (2002), Nova Deli (2003) e Antuérpia (2004), a escolha do Comité de Selecção da Capital Mundial do Livro recaiu, este ano, sobre Montreal (Canadá). Em 2007, pode ser a vez de Coimbra.
Carlos Encarnação explicou à agência Lusa que a candidatura à organização da Capital Mundial do Livro surge em coerência com as iniciativas que a autarquia têm vindo a realizar ligadas ao livro e leitura.
A criação da Casa da Escrita, um espaço dedicado ao livro e à leitura, que servirá também para acolher um escritor perseguido no seu país, no âmbito da rede de cidades refúgio, e a criação da Casa Museu Miguel Torga, no edifício que serviu de lar a este escritor falecido, são iniciativas em curso pela autarquia.
in As Beiras