Baixa de Coimbra ganha nova visão empresarial
A Baixa estará a funcionar, já a partir de Outubro, como um Condomínio Comercial. O projecto é da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra e será apresentado hoje à cidade. A ideia é que esta zona da cidade deixe de ser olhada como espaço comercial «antiquado» e se transforme num novo e moderno pólo de atractividade de Coimbra. “Uma nova visão da Baixa” que Armindo Gaspar e Raul Marques explicaram ao Diário de Coimbra
Fazer compras em várias lojas e ter um cartão que permita pagar até meio ano depois. Ganhar uma hora de estacionamento gratuita na troca de um par de sapatos, um perfume ou uma peça de roupa. Ou ainda ter uma carrinha que leve as compras a casa. Parece uma coisa inacessível mas, dentro de pouco tempo, será tudo possível na Baixa de Coimbra.
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As vantagens para os comerciantes deste condomínio são, garantiu Armindo Gaspar, «evidentes ao nível da promoção dos produtos e de uma maior visibilidade deste espaço, enquanto novo e moderno espaço comercial». Aliás, o pagamento de uma mensalidade – uma loja com dois funcionários pagará uma média de 15 euros – dará direito a cada condómino de ficar incluído em todas as campanhas de promoção dinamizadas para a Baixa.
Cartão de crédito e estacionamento grátis
E será fácil aos clientes perceberem quem faz ou não parte deste projecto. Á entrada de cada estabelecimento estará um placard identificativo da “loja aderente” e no início de cada rua da Baixa estarão directórios com a identificação de cada espaço comercial e do tipo de ramo a que se dedica. Para além de estar a ser criado um site de Internet específico com informação sobre as actividades do condomínio e sobre cada loja aderente e ainda de estar prevista a disponibilização de meios de formação em atendimento ou vitrinismo a proprietários e funcionários das lojas aderentes ao condomínio.
Serão também muitas as vantagens para quem decida ir fazer compras à Baixa. O “kit” entregue a cada loja que faça parte deste projecto incluirá cartões de crédito exclusivos para a Baixa. «Trata-se de um cartão de compras inédito em Portugal» que permitirá fazer compras em qualquer um dos estabelecimentos que façam parte do condomínio e pagar o que comprou num prazo máximo de meio ano, sem mais despesas. «Para obter o cartão basta dirigir-se à Caixa Geral de Depósitos ou a qualquer membro do condomínio», explicou Armindo Gaspar, convencido que «este será um dos grandes trunfos deste projecto», uma vez que «em mais nenhum espaço comercial da cidade será possível usufruir desta regalia».
Ao cartão junta-se a possibilidade de ter estacionamento grátis. A APBC conseguiu um acordo com os parques de estacionamento privados e públicos da cidade que lhe permite obter bilhetes de estacionamento «a preços reduzidos» para os associados, para que depois sejam oferecidos aos clientes. «Cada estabelecimento fará a gestão dos bilhetes conforme entender, mas cada cliente terá direito a até duas horas de estacionamento por dia», explicou o responsável. A agência pretende ainda ter à disposição uma carrinha que permita fazer a entrega das compras efectuadas nos estabelecimentos que fazem parte do condomínio.
Tudo isto para que «a Baixa seja um pólo de atractividade e um espaço comercial onde as pessoas se sintam bem». Até porque, continuou Armindo Gaspar, «temos na Baixa tudo o que qualquer centro comercial tem e muito mais, porque temos património e espaços fantásticos ao ar livre», já para não falar nos mais de quatro mil lugares de estacionamento público e privado e nas 800 lojas, de vários ramos, que estão à disposição de todos quantos se deslocarem a esta zona da cidade.
Hoje, cerca de 40 estabelecimentos da Baixa irão já formalizar a sua adesão a este novo Condomínio Comercial. A ideia é que, muito em breve, todos os comerciantes e responsáveis por serviços adiram à ideia e, juntos, «criemos uma nova visão da Baixa, concorrencial com outras zonas comerciais da cidade». «Não nos vale de nada lamentarmo-nos com a concorrência, temos é de arranjar estratégias para a combater e argumentos não nos faltam», garantiu Armindo Gaspar, confiante no êxito do projecto e no renascimento da Baixa enquanto espaço comercial moderno e atractivo.
Lojas abertas à hora do almoço e ao sábado à tarde
Nem tudo será um mar de rosas. Armindo Gaspar admite que há projectos que demorarão algum tempo a implementar. Um deles é o do alargamento do horário das lojas aderentes ao condomínio. «Para já, a ideia é fundamentalmente estarmos abertos à hora do almoço e ao sábado à tarde, mas o que pretendemos implementar no futuro é um horário das 10 às 20h00», explicou o responsável, admitindo que «falta a alguns comerciantes da Baixa adaptarem mentalidades às novas regras do consumo».
«Estamos confiantes que este projecto irá criar uma nova dinâmica, também de mentalidades», afirmou, explicando que estão a ser preparadas campanhas para épocas específicas, nomeadamente no Natal, onde, por exemplo, «um dia por semana, as lojas possam estar abertas até à meia-noite». Aliás, o comerciante não tem dúvidas de que só será possível manter lojas abertas à noite na Baixa se «criarmos pólos de interesse para trazer aqui pessoas», porque caso contrário «elas não virão».
Fará, por isso, parte do projecto do condomínio, não só a dinamização de iniciativas próprias, como a participação em outras, organizadas por entidades externas, nomeadamente a Feira do Mel, a Feira das Velharias ou os Encontros Mágicos, entre outros que animam a Baixa todo o ano. A informação sobre as iniciativas culturais que decorrerão nesta zona da cidade «passará a ser entregue pelos lojistas a todos os clientes, juntamente com o saco das compras», explicou Armindo Gaspar. «Isto para que as pessoas se apercebam que a Baixa é um local com vida».
Boa alternativa aos toldos velhos e de várias cores
«Se em vez de um toldo amarelo, um verde, um maior e outro mais pequeno, tivermos uma cobertura homogénea de todas as lojas, parece-me que dignifica a Baixa». A APBC não se mostra totalmente contra o polémico projecto da cobertura das ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, mas tem uma condição: «desde que não descaracterize».
«Entre toldos sujos, reclames mal tratados ou algo que dignifique a Baixa com uma imagem única e uniformizada, preferimos a segunda», afirmou Armindo Gaspar, mostrando-se contra «a cobertura da Baixa na sua totalidade».
Fonte: Diário de Coimbra
Afinal até me parece que vão fazer mudanças muito positivas, ao contrário da ideia com que tinha ficado na notícia anterior. O cartão de crédito não me parece algo determinante, mas o estacionamento gratuito, o horário alargado, a maior quantidade de informação sobre as lojas (onde está incluído o site) e a possibilidade de entregas em casa já poderão marcar a diferença na revitalização da baixa. A questão da cobertura parece-me algo secundária, embora tenha de admitir que uma Baixa coberta seria bastante mais atractiva em dias de chuva (mas como os planos são para uma baixa semi-coberta, não sei se terá a mesma eficácia).