Começamos pelo exterior: tal como a maioria dos RAZR, o aspecto é o ponto forte. Fechado é um telemóvel pequeno e leve, aberto impressiona pela reduzida espessura. Ao contrário do habitual, o exterior é metálico, o que contribui para a estética agradável... mas também faz com que o telemóvel pareça muito frio ao toque (principalmente em dias com temperaturas baixas). O ecrã exterior é rodeado por uma superfície preta, com o símbolo da Motorola, que funciona como íman de dedadas. Lateralmente, existem algumas teclas (volume, câmera, etc)... o posicionamento é bom, mas a sua qualidade é reduzida, o que as torna pouco agradáveis de usar.
Tal como é habitual nos telemóveis com formato concha, possui um ecrã exterior e um ecrã interior. O ecrã interior é muito bom: resolução 176x220 e 262k cores, com um bom tamanho e agradável de ver. O exterior, por outro lado, é bastante fraco: pequeno e com baixa resolução - serve decentemente para o seu objectivo, mas podia ser melhor.
O teclado, devido à espessura do telemóvel nessa zona, é algo estranho de usar, pois a "sensação" que se tem é diferente. Ao contrário do que li em algumas reviews pela net, existe feedback quando se pressionam as teclas, apesar de ser diminuto. O teclado acaba por reflectir a opinião que se obtém do telemóvel: visualmente bastante agradável (a espessura, aliada aos tons metálicos e ao azul da iluminação combinam bem), mas perdendo em funcionalidade (até mesmo quando comparado com o meu 3300).
Passamos agora para a utilização do telemóvel. O interface, embora não seja dos melhores, é fácil de usar. Tem também a vantagem de permitir alguma configuração (é possível definir que opções pretendemos colocar no menu inicial, como atalhos do d-pad, por exemplo). Para atender chamadas podemos simplesmente abrir o telemóvel ou, em alternativa, optar por pressionar qualquer tecla ou a tecla de atender chamadas. Também podemos ter o SMS à distância de uma tecla, se assim o desejarmos, devido às possibilidades de configuração do telemóvel. O envio de SMS, no entanto, tem um problema irritante: a contagem de caracteres é efectuada a partir de 3 SMS. Ou seja, quando o contador chegar a zero, a vossa mensagem irá ocupar 3 SMS, sem haver qualquer indicação imediata de quando é adicionado mais um. Isto não afecta quem tem SMS grátis, mas é aborrecido para quem os paga, pois obriga a estar mais atento durante a escrita.
Infelizmente, quando tentamos explorar algumas funcionalidades mais avançadas, a opinião positiva começa a desvanecer-se: o telemóvel possui vários erros que considero básicos e perfeitamente evitáveis. O exemplo mais óbvio está no facto de não ser possível definir a partir de onde queremos carregar os números da agenda: telemóvel, SIM ou ambos. Por um lado, se queremos beneficiar das características mais avançadas da agenda do telemóvel (divisão dos contactos por categorias, múltiplos números por contacto, guardar informação adicional, etc), temos de os guardar na memória do telemóvel. Para facilitar esta tarefa, o telemóvel dá a possibilidade de copiar todos os contactos do SIM para a memória do dispositivo. No entanto, como o telemóvel carrega os contactos do SIM e da memória, se fizermos isso ficamos com os contactos duplicados na agenda. Logo, se pretendemos usar as funcionalidades extra, temos de apagar os contactos do SIM - se pretendemos manter os contactos no SIM (útil no caso de o telemóvel ter uma avaria, por exemplo), não podemos usar as características adicionais do telemóvel. Isto é algo que eu vejo como sendo uma opção básica... até o meu 3300 dava para fazer isto.
Outro exemplo surge nos toques. Tal como seria esperado num telemóvel desta gama, é possível definir toques personalizados (seja por pessoa ou por categoria). O que eu não esperava é que esse toque passasse a ser usado para tudo o que esteja relacionado com essa pessoa, quer seja uma chamada ou um SMS. Como o toque que definimos como SMS passa a ser ignorado nestes casos e como é impossível definir toques de SMS personalizados (apenas podemos definir um toque por categoria), quando recebemos uma mensagem temos de ouvir todo o toque que definimos para uma chamada (no meu caso, em vez de uns beeps durante um segundo, uma música durante 30). Isto, para todos os efeitos, torna os toques personalizados praticamente inúteis... acabei por voltar a "one ringtone to rule them all".
Mais uma falha irritante no interface consiste na troca dos botões Sim/Não. Em algumas coisas, o "Sim" é na softkey esquerda e o "Não" na direita... mas noutras situações acontece o oposto. Isto faz com que, por vezes, o utilizador acabe por se enganar... ou se apaga algo por engano ou cancelamos uma operação sem reparar e temos de a recomeçar. Resumindo toda a questão do interface e configuração: é um bom esforço, mas falha em coisas básicas. É como ter um Ferrari e apenas poder usá-lo nos 100 ou 200 metros da nossa rua.
Ainda na lista de falhas irritantes está a necessidade de pressionar uma tecla ou abrir o telemóvel para ver as notificações, pois elas não são mostradas no visor exterior quando este entra em modo screensaver (algo que era possível de fazer no 3300, por exemplo, pois esta indicação era mantida no ecrã). Penso que poderiam ter mantido essa indicação ou, em alternativa, usar o logo da Motorola para piscar quando há uma chamada não atendida ou um SMS recebido (algo possível de fazer, já que o referido logo é iluminado).
Continuando para as opções menos comuns, temos as aplicações em Java. O v3i possui Java MIDP 2.0, com um bom heap size e max JAR. Isto permite a existência de aplicações mais complexas, apesar de o processador do telemóvel ser algo lento. Quem costuma recorrer a estas aplicações não deverá ficar desiludido: existe uma boa variedade de jogos com qualidade, assim como de programas "normais". É possível também instalar as aplicações na memória do telemóvel (12 mb) ou no cartão de memória (microSD - o que acompanha o telemóvel possui 64 mb). As aplicações podem ser transferidas por WAP, bluetooth ou recorrendo ao cabo de dados mini-USB que vem com o telemóvel.
Dos "elementos de bónus" nos telemóveis, o v3i possui dois dos mais comuns: leitor de mp3 e câmera fotográfica (1.23 mp). O leitor, infelizmente, é uma desilusão tremenda (especialmente para mim, que vinha do 3300, que foi dos primeiros "music phones"). Para começar, o telemóvel não vem com headphones, que têm de ser adquiridos à parte... o que acaba por prejudicar logo a sua utilização como leitor de mp3. O leitor de sons incluído com o telemóvel é um leitor de ficheiros simples: apenas suporta ouvir uma música de cada vez. Para utilizar as funcionalidades habituais de um leitor de mp3, é necessário recorrer a uma aplicação Java (há uma incluída no telemóvel), o que significa perder algum tempo a carregá-la (que saudades do meu 3300 e do seu "music button", que carregava imediatamente o leitor).
A câmera é relativamente fraca, mas fácil de usar. Está muito longe do standard existente em vários telemóveis actuais, não possui flash e não tem auto-focus, mas tira fotografias e grava vídeos (embora com uma resolução extremamente baixa: 176x144). Praticamente não usei esta parte do telemóvel, pelo que apenas tenho on-line uma fotografia de exemplo. Serve para aquelas situações em que só têm o telemóvel à mão, mas não tem qualquer comparação com uma máquina digital (mesmo de entrada de gama).
Passamos para a bateria, que foi um dos pontos que me surpreendeu positivamente. Sempre com bluetooth desligado, fiz dois géneros de utilizações: gastadora e conservadora. A utilização "gastadora" consistiu em ir experimentando tudo o que o telemóvel tinha: jogar com alguma frequência, experimentar sons para toques, tirar uma ou outra foto, etc. Nesta situação, a bateria dura 3 ou 4 dias. A utilização "conservadora" consiste em usar o telemóvel apenas para as coisas mais básicas: chamadas e sms (e, mesmo essas, durante pouco tempo) - apenas com o jogo ou fotografia ocasional. Nesta situação, a bateria sobreviveu 9 dias, o que me parece um valor muito bom.
Em termos de acessórios, o telemóvel vem com um cartão microSD de 64 mb (indispensável para o leitor de mp3 e para as fotos - sem cartão não é possível gravar no formato de maior qualidade), com um carregador e com um cabo de dados. Eu esperava mais. Penso que devia incluír, pelo menos, uns headphones e um cartão de memória com maior capacidade (64 mb foi o que trouxe o 3300, há 4 anos).
Em conclusão, é um telemóvel decente, mas do qual esperava mais. Mantenho a opinião que já tinha mencionado noutro tópico: vale os €5 que paguei por ele, mas definitivamente não vale os €170 que a Optimus pede fora da promoção (vale, na melhor das hipóteses, metade desse valor). Um preço justo para este telemóvel rondaria os €60 a €80... com o N70 a €140 e o K800i a €150, comprar este por mais do que €80 a €90 é para esquecer (e mesmo esse preço é só mesmo para quem adorar o visual do telemóvel).
Em relação ao meu telemóvel anterior, fiquei a perder em algumas coisas e a ganhar noutras. Ficar a ganhar em algumas coisas era esperado, mas dada a diferença de 4 anos entre os telemóveis, não esperava ficar a perder. Ganhei uma câmera (3300 não tinha), uma autonomia ligeiramente superior (no 3300 andava pelos 7 dias), aplicações Java melhores (o 3300 tinha apenas MIDP 1.0, um heap baixo e max JAR de 64 kb), um ecrã muito superior e um aspecto melhorado. Perdi em funcionalidade, no leitor de mp3 e no teclado. Considero uma troca positiva, mas não tão boa quanto devia ter sido.
Vou tentar ir mantendo este tópico actualizado à medida que vou usando o telemóvel (caso surja algo de novo para dizer).






