PATRIMÓNIO – Porta de Almedina muda-se para as Lages
Monumento nacional desde 1921, a Porta de Barbacã ou Arco pequeno de Almedina passará a dar as boas vindas a todos os que entrarem em Coimbra pela EN1, na rotunda das Lages.
Terra de tradições e monumentos, Coimbra parece querer fazer justiça à sua história recebendo com um arco ilustre os visitantes que lhe chegam de Sul. E assim será se, como o DIÁRIO AS BEIRAS conseguiu apurar, os responsáveis pelo património histórico da autarquia levarem por diante a intenção de desmontar o Arco Pequeno de Almedina, ou Porta de Barbacã, para o remontarem em plena rotunda das Lages, próxima da nova ponte e de um dos mais importantes eixos viários da cidade.
Embora não tenha sido possível obter qualquer confirmação ou comentário das entidades ligadas ao património histórico e arquitectónico, nomeadamente o Gabinete do Centro Histórico da Câmara Municipal de Coimbra ou a delegação regional do Instituto Português do Património Arquitectónico, o DIÁRIO AS BEIRAS soube que a desmontagem do monumento se encontra já em execução.
Fonte da autarquia adiantou mesmo que a intenção é levar por diante a desmontagem e remontagem do monumento na rotunda das Lages, aproveitando a “capa” das obras de recuperação em curso.
Numa pequena consulta realizada ontem em plena Baixa de Coimbra, junto a Almedina, o DIÁRIO AS BEIRAS pode constatar a “indignação” de muitos conimbricenses, alguns nascidos e criados no centro histórico, com a intenção de remover a Porta de Barbacã.
Não será, pois, de estranhar que Almedina sirva hoje de local de reunião a um grupo de cidadãos mais empenhados que, ainda ontem, decidiram organizar um movimento contra a intenção da autarquia, procedendo à dinamização de um abaixo–assinado para endereçar à Câmara Municipal de Coimbra.
HISTÓRIA – De entrada defensiva a casa de habitação
Ao uso militar que lhe deu origem - a de entrada defensiva integrada na muralha medieval da cidade -, a Porta de Barbacã fez suceder uma utilização mais serena e pacífica: a de porta de acesso e casa de habitação.
Com uma importância histórica, arquitectónica e arqueológica que levou à classificação como monumento nacional por portaria de 16 de Junho de 1921, a Porta de Barbacã - ou Arco Pequeno de Almedina (uma vez que antecedia na muralha medieval o célebre Arco de Almedina) - encontra–se, provavelmente, entre os mais conhecidos e fotografados monumentos da cidade.
Isto porque, como é fácil constatar no local, os inúmeros grupos de turistas que diariamente circulam pela Baixa da cidade, ao subirem para a Universidade, deparam–se com o arco, que muitos “tomam” pelo de Almedina.
Do monumento, reza a história que foi mandado construir por um comerciante da cidade, entre os séculos XV e XVI. De então para cá, as voltas do tempo levaram o arco à propriedade de uma entidade bancária instalada no edifício vizinho, que - já como Fundação Millenium - cedeu o monumento à Câmara Municipal de Coimbra em 2002, no início do mandato de Carlos Encarnação.
Construído com a finalidade de proteger Almedina, a principal porta da cidade, o Arco de Barbacã é de menores dimensões, apresentando no lado exterior da cerca uma bela escultura renascentista da Virgem e uma bela janela moldurada com pilastras da mesma época e estilo. Sobre o fecho do arco, encontram–se as armas do reino, com 16 castelos contornando as quinas.
Na parte superior da Porta de Barbacã foram construídas, umas casas que comunicam com dois prédios contíguos.
in As Beiras
