Tinha a ideia que ele estava insatisfeito com o modo como as coisas estavam a correr (as últimas entrevistas indicavam isso mesmo), mas não esperava que saísse antes do fim do mandato, especialmente sendo o último.Carlos Encarnação sai mesmo de presidente da câmara
Carlos Encarnação chamou ontem “a reunir”, na Câmara de Coimbra. Em vésperas de Natal e fim de ano e com o orçamento municipal já “à bica”, o presidente da autarquia surpreendeu os seus mais próximos ao convocar os principais responsáveis partidários da coligação “Por Coimbra” para o seu gabinete.
A reunião começou ao princípio da noite. Entre os convocados estava o líder da bancada, na assembleia municipal, Maló de Abreu, recém-chegado da Namíbia. E também o vereador e líder concelhio do CDS/PP, Luís Providência.
O objetivo, ao que o DIÁRIO AS BEIRAS conseguiu apurar, foi um único: comunicar a intenção de Carlos Encarnação deixar a presidência. Ou seja, formalizar o que de há muito se comenta, nos meandros políticos locais.
Está aberta, portanto, a sucessão. Que vai trazer um sem-número de problemas. Primeiro: João Paulo Barbosa de Melo – que, nos últimos meses, se desdobrou em frenética omnipresença em tudo o que mexeu com a atividade pública da cidade – passa a presidente.
João Orvalho a vice-presidente
João Barbosa de Melo vai, obviamente, querer ser ele a controlar a “nova” equipa. Por isso, reclama a subida à vice-presidência do suplente, o ex-diretor da ESEC João Orvalho – curiosamente, apontado como hipótese para encabeçar uma candidatura contra Marcelo Nuno, na peleja distrital dos social-democratas.
Está visto que, dentre os que já estavam, impera o mal-estar. Desde logo a número três, Maria José Azevedo Santos, que está a meio tempo e sempre disse que tem um compromisso com o reitor, enquanto diretora do Arquivo da universidade… mas que agora também quer “entrar na liça”.
Depois, há o caso de Paulo Leitão, o jovem vereador a quem Encarnação entregou as obras municipais e que, tendo sido quarto na lista, aspiraria a subir mais do que a terceiro. Fora deste “campeonato” está Maria João Castelo Branco, que também está a meio tempo na vereação.
Experiência precisa-se
E por aqui se fica a “cor laranja” do executivo conimbricense pós-Encarnação. Uma equipa em que a experiência notoriamente não abunda, quer no plano político quer mesmo no que respeita ao exercício de funções executivas.
Por tudo isto, Luís Providência, o único vereador que transita do mandato anterior e claramente o mais experiente político e executivo de entre todos, é aparentemente o mais penalizado, com as mudanças agora adiantadas.
Percebe-se, pois, que os próximos dias não vão ser pacíficos. Ainda por cima, há o orçamento municipal para 2011 para discutir e aprovar, na reunião da próxima segunda-feira. Terá Encarnação de voltar a usar o voto de qualidade?
Fonte:As Beiras
Carlos Encarnação sai da Câmara
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Bem, vamos ver agora como se comporta o novo presidente.“Não me estou a ver noutro desafio político”
“A pressa de chegar/P’ra não chegar tarde/Tenho pressa de sair/Quero sentir ao chegar/Vontade de partir/P’ra outro lugar” são excertos da música “Estou além” celebrizada por António Variações. Ontem, na hora da despedida, Carlos Encarnação, que já não vai presidir a reunião quinzenal do executivo camarário de segunda-feira, onde será votado o Orçamento para 2011, apressou a retirada e começou a conferência de imprensa, convocada para as 17h30, 10 minutos mais cedo. Quanto ao encontro com os jornalistas, pouco acrescentou ao que já tinha dito, na véspera, em entrevista exclusiva ao Diário de Coimbra.
«Não me estou a ver noutro desafio político», disse Encarnação, já depois de se ter despedido dos funcionários da autarquia e de ter distribuído o novo livro com o título “As palavras necessárias”, obra onde resume os três mandatos em que esteve na liderança do município. «Não tenho nenhuma ambição política. Não estou agarrado ao poder e este é o exemplo claro disso. Já tenho 64 anos. Para mim, a questão fundamental é a família», reforçou o, desde ontem, ex-presidente da Câmara de Coimbra, acrescentando que o seu contributo para o país pode ser a trabalhar em instituições de solidariedade social.
Apesar de estar, «há um mês e meio», a reflectir na decisão revelada ontem, Encarnação, que cumpria o seu terceiro mandato consecutivo à frente da autarquia, confessou que decidiu, no passado dia 8 de Dezembro, abandonar a presidência do município para o qual fora eleito, pela primeira vez, há 30 anos, como vereador. «Não tendo idade, nem saúde, nem disposição anímica para continuar nisto, a única solução que tenho, como pessoa absolutamente livre e independente, é bater com a porta. Dizer: acabou o meu terceiro mandato hoje [ontem] e façam favor de ser felizes, mas continuando a fazer o que estão a fazer com Coimbra comigo não contem», declarou.
Obras desprezadas
«Em nome da minha dignidade e da dignidade de Coimbra, não posso continuar a tolerar isto. Se continuasse a tolerar isto, estava a cometer um acto de desonestidade política em relação à cidade que me elegeu. Tenho de dizer à cidade que me elegeu o que está a acontecer. Há um limite para tudo. Estou farto deste Governo. Já não tenho pachorra. Não estou para aturar esta gente, este Governo», prosseguiu Carlos Encarnação, dando conta que co-municou a sua decisão a Pedro Passos Coelho, presidente do PSD. A renúncia à presidência foi justificada com a revolta pelas atitudes do Governo, em que a “gota de água” foi o cancelamento do projecto do metro, que perspectivou ir «acabar mal», mas, também, por questões de saúde.
«Os governos do engenheiro Sócrates não têm prestado a Coimbra a atenção que deviam prestar. Não quero que seja nem mais, nem menos que às outras cidades, mas que seja prestada em equidade, que resolva os nossos problemas, não contribua para agravar os nossos problemas e não contribua para, em casos essenciais desta cidade, não termos soluções», lamentou, na sessão de despedida, Carlos Encarnação, que enumerou os entraves ou o cancelamento de projectos, como a estação ferroviária de Coimbra-B, o IC3, o IC2, a auto-estrada Coimbra-Viseu e o novo Hospital Pediátrico.
«Há uma quantidade de obras que, ao longo do tempo, têm vindo a ser olhadas com absoluto desprezo por parte do Governo e são absolutamente essenciais para o futuro de Coimbra, porque delas depende o planeamento da cidade e a organização da cidade. A questão do eléctrico rápido de superfície, colocada como está e como tem sido colocada nos últimos tempos, é verdadeiramente o limite dos limites», realçou o antigo autarca, lamentando o facto de o Governo não ter «qualquer sentido de equilíbrio» do desenvolvimento nacional e, em Coimbra, o que tem feito em relação às obras essenciais «é cancelá-las ou adiá-las ad eternum».
“Coligação vai funcionar melhor, porque fica mais coesa”
Sobre a sua substituição na presidência pelo até aqui vice-presidente João Paulo Barbosa de Melo, Encarnação sublinhou que «a democracia tem regras e a lei eleitoral também». «Quando sai um elemento, é substituído pelo seguinte na lista», prosseguiu, assegurando que «a coligação vai funcionar ainda melhor, porque fica mais coesa», antes de explicar que, «saindo uma pessoa, a única coisa que as pessoas têm de fazer é unir-se mais». «Tudo o que se passar, a partir de hoje [ontem], na Câmara de Coimbra, é da estrita esfera de competências da Câmara. Nunca mais me verão a participar em coisíssima nenhuma. Este é o último momento», concluiu.
Fonte: Diário de Coimbra
O que eu acho é que bater com a porta numa altura destas não é a melhor solução. O Carlos Encarnação diz que não, mas para mim isto é uma espécie de traição. É um abandonar do barco, deixando a população de Coimbra à sua sorte. Numa altura em que, mais do que nunca, se devia lutar para contrariar todas estas adversidades, ele simplesmente desiste.
Juízo eu tenho, o problema é utilizá-lo poucas vezes.
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Farto deste Governo? (também eu..). Desgastado? Problemas de Saúde? Aqui há gato...Nenhum político "de carreira" sai assim, tá a preparar a sucessão e por "jogos políticos" que nos escapam, foi aconselhado a fazer assim...Digo eu e como agora voto em Coimbra, o assunto interessa-me...
Isto também vai passar, mas agora, por favor FICA EM CASA!
Desde antes das eleições que esta possibilidade de não levar o mandato até ao fim era falada. Parece que tem tudo a ver com "trocas" politicas devido ao facto do seu filho ter integrado a lista de candidatos a deputado em vez do JPBM.
Isto do "cansaçoo", farto do governo etc. é tudo desculpa, até porque na verdade não mudou assim tanta coisa desde há um ano para cá, quando se candidatou.
Isto do "cansaçoo", farto do governo etc. é tudo desculpa, até porque na verdade não mudou assim tanta coisa desde há um ano para cá, quando se candidatou.