O milagre da multiplicação

Para professores, alunos e funcionários do ensino superior
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Chong Li
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O milagre da multiplicação

Mensagem por Chong Li »

ISEC converteu 1.400 bacharéis em licenciados sem exigir provas adicionais

Todos os ex-estudantes do ISEC, que pediram reingresso na escola, viram convertidos os seus bacharelatos em licenciaturas de Bolonha.
Não precisaram de fazer qualquer prova. Limitaram-se a pagar a propina e mais umas taxas (tudo no montante entre 800 e 900 euros). Já nas restantes escolas do Instituto Politécnico de Coimbra, a metodologia seguida foi a de aplicar planos adicionais de unidades de crédito, dando sequência, aliás, ao estipulado, em regulamento, pelo conselho de gestão do instituto. Ao DIÁRIO AS BEIRAS, o presidente do conselho directivo do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra admitiu que todos os cerca de 1.400 pedidos de reingresso foram aceites e, consequentemente, todos os cerca de 1.400 ex-bacharéis passaram, automaticamente, a licenciados. Embora remetendo a decisão para o conselho científico, Jorge Bernardino justificou a ausência de um plano de formação adicional com o facto de os ex-bacharéis terem, todos, experiência profissional acumulada, no mercado de trabalho. "O espírito de Bolonha legitima que a formação, mesmo que feita fora do ensino superior, seja creditada e foi o que se entendeu", especificou.
O processo de conversão de bacharelatos em licenciaturas de Bolonha, no IPC, foi objecto de um regulamento específico. Este atribui aos conselhos científicos de cada escola a responsabilidade por definir, ouvidos os conselhos pedagógicos, a metodologia a seguir. Em concreto, é necessário, primeiro, atribuir um número de ECTS (European Credit Transfer System) ao bacharelato e, depois, definir os créditos em falta – através de um plano adicional de formação – para atingir os 180, exigidos por Bolonha, para a licenciatura. No ISEC, como o próprio Jorge Bernardino reconhece, a formação académica ao nível do bacharelato, mais a experiência profissional, chegam para atingir os 180 ECTS.
Com tudo isto, o ISEC viu, no presente ano lectivo, o seu número de alunos aumentar de cerca de 2.800 para os quatro mil, sendo que 1.400 só lá terão ido para entregar o requerimento de pedido de reingresso, pagar a propina e mais qualquer coisa, e, no fim, levantar o certificado de licenciatura. Entretanto, a escola "embolsou" entre 1,1 e 1, 26 milhões de euros a mais.

Diário das Beiras
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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Eu até consideraria essa uma notícia sem grande interesse, já que a licenciatura de hoje é praticamente a mesma coisa que um bacharelato antigo... não fosse a questão de cobrarem a propina na totalidade. É uma tentativa de tirar aproveitamento da situação e que dá a sensação de, efectivamente, andarem a vender licenciaturas a quem quiser. Querem converter automaticamente, muito bem... mas cobrem apenas uma taxa mínima. Propinas de um ano inteiro, sem que os alunos tenham tido qualquer aula ou realizado qualquer trabalho, é aproveitamento puro. No total é mais de um milhão de euros que o ISEC ficou a ganhar com isto... mas também ganha publicidade negativa.

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carlacs
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Mensagem por carlacs »

Segundo apurou o CM, alguns dos ex-alunos dos cursos de Engenharia têm obtido a equivalência ao grau de licenciatura, mediante o pagamento de uma propina anual. Além da avaliação curricular, o percurso profissional de cada candidato tem sido valorizado para os processos de equivalência.
No ISEC, o valor da propina varia entre 523,90 euros (alunos em tempo parcial) e 650 euros (alunos em tempo integral). Certo é que o financiamento das instituições de Ensino Superior depende, de outros factores, do número de estudantes.

Tendo em conta que com Bolonha o Bacharelato antigo->Licenciatura actual, e Licenciatura antiga -> mestrado actual, acho que essa equivalência deveria ser dada a ex-alunos sem se cobrar dinheiro..
Não acho muito justo o Isec estar a cobrar uma propina anual para dar essa equivalência.. mas não sei qual é a política das outras escolas, espero que isto seje um caso raro..

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Pelo titulo do CM até parece que o pessoal chegou lá e comprou o curso sem nunca ter estudado uma cadeira de engenharia... manchetes destas ajudam a tirar a credibilidade a qualquer engenheiro..

CriCri_BlaBla
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Mensagem por CriCri_BlaBla »

Eu conheço bem esse caso. O meu irmão acabou o bacharelato no ano passado no ISEC. Quando se foi candidatar a um mestrado de Bolonha não lhe davam equivalência a uma licenciatura, ou seja, este ano anda a pagar propinas, sem ter aulas só para lhe fazerem as equivalências. Segundo o que lhe disseram até tinha cadeiras a mais :shock: Basicamente anda um ano a encher choriços...

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Corsario-Negro
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Mensagem por Corsario-Negro »

É complicado julgar isto, pois se por um lado podemos achar que 3 anos = 3 anos, por outro Bolonha não é uma mera operação de cosmética, já que envolve formas de avaliação diferentes, correspondência entre o tempo de trabalho previsto e o valor em ECTS das cadeiras, etc.

Se para quem foi apanhado a meio, serem dados créditos (repare-se que não são equivalências, a pessoa não fica com cadeiras a mais feitas, apenas lhes são dados os créditos) faz sentido, para quem já terminou o curso não fará assim tanto sem uma ordem geral para todas as instituições, vinda do Ministério com as regras bem definidas. Afinal um bacharelato (antigo) é um bacharelato antigo e não deve ser igual à nova licenciatura, a não ser que Bolonha tenha sido distorcida e apenas tenha sido feita uma operação de cosmética, nesse caso realmente fica igual... mas também não se poderá dizer que está de acordo com Bolonha. :roll:

É um título sensacionalista sem dúvida... e nem abordam a questão de fundo sobre os princípios de Bolonha. A meu ver as questões que deveriam ter sido abordadas neste artigo eram:

- Como foi contabilizada e avaliada a experiência Profissional de cada aluno, se é que isto foi sequer verificado caso a caso?
- Será que podemos estabelecer uma relação directa entre o programa do antigo bacharelato e da nova licenciatura por forma a ser feita uma equivalência destas?
- Será que a instituição fez bem em pedir um ano completo de propinas para este efeito, ao invés de uma simples taxa administrativa?
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chabeli
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Mensagem por chabeli »

Sendo aluna do Politécnico e pelo que sei, posso afirmar que o isec apenas está a aplicar o que saiu em Decreto-Lei, a questão da propina é apenas uma forma de arranjar mais dinheiro...

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carlacs
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Mensagem por carlacs »

http://www.correiomanha.pt/Noticia.aspx ... B4D1BF3D61

Os comentários à noticia do Correio da Manha roçam um pouco o ridiculo.. há pessoas que acreditam mesmo que os alunos 'compram' o curso e relacionam isso com o facto de ter sido a escola do Primeiro Ministro.

Eis um comentário interessante:


21 Março 2008 - 11.35h | AFAA
Com o processo de bolonha o grau de bacharel foi eliminado. Assim sendo todos os cursos foram avaliados e atribuidos Unidades de credito para cada disciplina/cadeira. No ISEC nem todos os cursos de bacharel consigaram obter os 180 Creditos necessarios para obter a equivalencia à Licenciatura de Bolonha. Porem aqueles que obtiveram os creditos necessarios apenas tiveram que requisitar a equivalencia. Quanto a forma de obter a equivalencia é que se pode levantar questões... no total cada aluno pagou um minimo de 793 euros podendo este valor ir até aos 920 euros resultando numa receita extra para a instituição superior a 1 milhão de euros. Aqui sim, penso existir um claro sentido de oportunismo de uma instituição publica.

___________________________________



Um aluno paga propinas para poder usufruir de um espaço (que envolve contas de àgua, luz, limpeza, etc), para poder ter acesso a aulas dadas por bons professores, que requerem um bom salário.. e é a manutenção do espaço, mais salários dos professores, empregados (limpeza, cantina), pessoal da secretaria..enfim, que justificam o valor da propina.

Se eu fosse ex-aluna do Isec e me encontrasse nesta posição, (em que pedem propinas por uma requisição de equivalencia, e se posso requerir essa equivalência é porque já conclui o Bacherelato pagando propinas para tal) apresentava queixa..

wazdriak
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Mensagem por wazdriak »

Está a faltar aí um pequeno detalhe...

Se por exemplo as novas Licenciaturas de Bolonha começam no ano lectivo 07/08, para que os ex-alunos tenham a equivalência, têm de "frequentar" o curso nesse ano lectivo, não podem ter um curso acabado numa data em que nem existia, daí terem de pagar as propinas.

Agora o facto é que lhes é dada a equivalência sem que tenham de fazer mais nenhuma cadeira, e é isso mesmo que esses 1400 alunos querem, e o ISEC apenas quer o dinheiro, sejamos francos... é a chamada ajuda mútua, e só pede quem quer, quem não quer continua com o Bacharelato.

Não vejo onde está a razão de tanta polémica...

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carlacs
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Mensagem por carlacs »

wazdriak Escreveu:Está a faltar aí um pequeno detalhe...

Se por exemplo as novas Licenciaturas de Bolonha começam no ano lectivo 07/08, para que os ex-alunos tenham a equivalência, têm de "frequentar" o curso nesse ano lectivo, não podem ter um curso acabado numa data em que nem existia, daí terem de pagar as propinas.
Basicamente têm de fingir que vão ser alunos durante um ano lectivo.. para terem a equivalência, coisa que lhes deveria ser dada gratuitamente no caso de terem os créditos exigidos.

wazdriak
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Mensagem por wazdriak »

Sim, é isso mesmo. Eu também não sou muito de acordo que paguem a propina, pelo menos na sua totalidade, mas o facto de terem de se inscrever no curso tem lógica... Eu pensava assim como alguns aqui, mas depois de falar com uma professora pertencente ao CD, até faz algum sentido. Na altura ainda não se sabia se tinham de pagar a propina, pelos vistos e infelizmente para os alunos, tem!

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Corsario-Negro
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Mensagem por Corsario-Negro »

Agora o facto é que lhes é dada a equivalência sem que tenham de fazer mais nenhuma cadeira, e é isso mesmo que esses 1400 alunos querem, e o ISEC apenas quer o dinheiro, sejamos francos... é a chamada ajuda mútua, e só pede quem quer, quem não quer continua com o Bacharelato.
A isso eu chamaria abuso de confiança e deturpação do que foi estipulado.

Ouu frequentam realmente cadeiras e/ou lhes são dados créditos pela tal experiência profissional, após cada um dos alunos apresentar os trabalhos e estes serem analisados e classificados. Não é pagar propinas e toma lá o diploma só porque andas a trabalhar, mesmo que isso não te tenha dado competências chave em áreas que a nova licenciatura dá.
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wazdriak
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Mensagem por wazdriak »

"mesmo que isso não te tenha dado competências chave em áreas que a nova licenciatura dá"

Longe de ser verdade isso....

Exilada
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Mensagem por Exilada »

Que sensacionalistas.... Este tipo de títulos mete-me nojo.... :evil:

Eu concordo com a transição automática mas não concordo nada com o pagamento de propinas... É o ISEC a meter dinheiro ao bolso. Por estas e por outras que me ficaram atravessadas é que fui pra FCTUC. Tem os seus defeitos, mas em muita coisa é bem melhor que o ISEC.
Vamos Mover-nos pela Esclerose Múltipla!

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