A riqueza nao-material da vida academica de Coimbra

[Viva_a_Historia]

Ola' a todos!

Decidi abrir este topico para que se possa discutir acerca de como as coisas vao na vida academica de Coimbra do ponto de vista da sua riqueza nao-material. Quero com isto falar acerca de toda uma forma de vida que caracterizou o ser-se estudante da Universidade de Coimbra ao longo dos seculos, excluindo disso a parte do estudar.

Tem-se verificado nas ultimas decadas o fecho de casas emblematicas da tertulia coimbra, como foi o caso do "A Brasileira", "O Pratas", o "Mandarim" e pelo que ouvi dizer (nao me encontro neste momento em Portugal) foi agora fechado pela ASAE o ultimo bastiao da tertulia coimbra, o "Pinto". Tem-se verificado tambem nos ultimos tempos uma cada vez menor uniao entre os estudantes para quem o bem da academia e da vida academica se tornou algo secundario nao so em relacao às suas aspiracoes individuais como tambem em relacao às suas aspiracoes politicas (voces sabem ao que me estou a referir). Embora eu esteja bem longe de ser contra as discotecas (eu tambem as frequento) vejo cada vez mais a antiga tertulia enriquecedora do espirito a ser substituida por esta nova forma de convivio que se esgota numa so' noite e era ver a reaccao de umas caloiras que havia no meu curso no ultimo ano em que por la' andei quando entraram no "Pinto" com um ar de "Que horror!". Veja-se para esse exemplo aquilo em que o bar da AAC se transformou (numa merda).
A acrescentar a tudo isto ha' a ajuda das politicas dos ultimos governos e de Bolonha que tendem cada vez mais a fazerem das universidades fabricas de licenciados em detrimento da sua vertente de escola da vida que muitas geracoes encantou e tornou Coimbra unica.

Isto pode parecer conversa de velho mas e' a realidade que se verifica.

[usaralho]

Isso de que falas morreu à muito, já nem vale a pena discuti-lo. Restam pequenos grupos de resistência que se juntam e lembram velhos tempos de parvoeira à séria.

[Corsario-Negro]

Pessoalmente já há alguns anos que digo que, por exemplo na Queima, havia de haver uma tenda de "chill out", musica baixinha, bem resguardada das agressões sonoras das outras onde as pessoas pudessem conversar à vontade e confortavelmente.

Hoje em dia quer-se é beber umas cervejas até cair... ir para a cama acompanhado... pensar e reflectir custa muito, mais que a ressaca.


P.S.: Não acho que o bar da AAC esteja uma porcaria, acho que está bem bom, podia era ser usado de forma diferente por quem o frequenta... e também não acho que a culpa seja de Bolonha, a culpa é indubitavelmente dos estudantes pois para discotecas e aventuras nocturnas há sempre tempo, com ou sem Bolonha.

[Lino]

O Pinto foi fechado? Rais'parta a ASAE, que só querem os cafés e bares todos xpto, iguais e estéreis de significado...
E é verdade, a Academia está a perder o seu significado e o que estão a fazer com a Queima contribui para isso... Uma pessoa divulga a Queima das Fitas e hoje em dia é só pessoal bêbedo (apesar de já ter visto bem mais), cacos no chão, pessoal desfraldado e a desrespeitar o código de praxe, etc. E é pena que a própria AAC contribua para essa morte...

[gunky]

Eu nao tenho a certeza se o pintos foi fechado.Mas se assim foi foi ainda este ano ou assim...

[CriCri_BlaBla]

O Pintos está aberto.

[mistertes]

Pá, cada vez mais a Universidade de Coimbra se torna como disseram, uma fábrica de Licenciados.

Este é o meu terceiro ano em Coimbra. Tenho aulas no Polo 2 e posso dizer que este sítio é o oposto à vida Académica. É por isso que tento passar aqui apenas o tempo necessário. Aqui cultiva-se a evolução profissional, o que tem as suas vantagens. Mas eu sou das pessoas que pensa que a vida não é só estudar e trabalhar.

Tb não sou daqueles que se dizem 'viver' a académia, mas que saem de casa ás 2 da manhã para se enfiarem na Vinyl ou Via Latina.

Para mim, 'viver' a academia é aproveitar o tempo ao máximo, estudar, conviver e apreciar a cultura também.

No entanto ainda há muita gente que não vê só estudo ou só discoteca e é isso que devia servir de exemplo. Coimbra tem muito para dar, há é que saber procurar.

Quanto á Praxe e Queima das fitas, é na minha opinião nada mais que um negócio, desde o dia da Serenata Monumental, em que a maioria das pessoas, infelizmente ou está bêbada ou axa aquilo uma seca, passando pelo uso de Capa e Batina como artigo de Moda, até aos dias de festa no parque que de académicos têm muito pouco.

[ricky@]

subscrevo o mistertes

[sou]

falando de cultura e de viver a vida académica indiquem-me se souberem uns bons locais, não elitistas e descontraídos onde possa ouvir fado na sua componente mais pura

[Lino]

Depende da carteira. Se queres Fado de Coimbra mas com um preçário no consumo mais puxadito há o A Capella. O Diligência é o melhor e mais barato. Tem fados de Coimbra e Lisboa, é barato e tem uma sangria das boas!!

[sou]

Depende da carteira. Se queres Fado de Coimbra mas com um preçário no consumo mais puxadito há o A Capella. O Diligência é o melhor e mais barato. Tem fados de Coimbra e Lisboa, é barato e tem uma sangria das boas!!

pois... a capela sabia mas qia uma cena mais de rua... num goto sangria lol

bigada

[Lino]

Tens sempre cerveja e etc. O Diligência é porreiro, até o dono canta, além de que numa boa noite és capaz de lá ficar até ao fecho à conversa...

[Viva_a_Historia]

No entanto ainda há muita gente que não vê só estudo ou só discoteca e é isso que devia servir de exemplo. Coimbra tem muito para dar, há é que saber procurar.

Quanto á Praxe e Queima das fitas, é na minha opinião nada mais que um negócio, desde o dia da Serenata Monumental, em que a maioria das pessoas, infelizmente ou está bêbada ou axa aquilo uma seca, passando pelo uso de Capa e Batina como artigo de Moda, até aos dias de festa no parque que de académicos têm muito pouco.

Nao podia estar mais de acordo em relacao ao teu primeiro paragrafo aqui transcrito.

Em relacao ao teu segundo paragrafo aqui transcrito: e' verdade o que tu escreves, no entanto nao concordo em que se venha a privar as pessoas que realmente ainda vivem a tradicao academica como algo de construtivo para a sua vida por causa de uma maioria (infelizmente) que ve aquilo apenas como uma oportunidade para outras coisas mais.

Eu enquanto estudei na universidade apanhei as minhas bebedeiras nas festas academicas e andei tambem ai' nas "parties" que se fazem depois da serenata, no entanto sempre assisti a todas as serenatas e senti aquilo como algo de meu enquanto estudante de Coimbra chegando ate' a mandar vir com quem batia palmas no final das musicas como se de fado de Lisboa se tratasse.

Nao posso dizer que o fado seja o meu estilo de musica favorita mas ha' que a valorizar (nao comercialmente, entenda-se) como algo que e' nosso, que faz parte do nosso ser enquanto povo portugues (embora eu concorde em que se fale em povo de Lisboa e estudantes de Coimbra). Uma das coisas que mais me indigna e' haver pessoas a considerarem que o fado deve ser banido da nossa cultura por ser triste. Qual e' o problema de se cantar musica triste? O facto de a musica ser triste nao significa que as pessoas que a estao a cantar tambem o sejam, e tambem nao podemos estar sempre alegres e ha' que poder expressar a tristeza e nao so' a alegria. So' queria dizer que este meu sentimento em relacao ao fado se evidenciou em mim exactamente quando sai' de Portugal e e' uma forma de me manter ligado às minhas origens.
Tambem se formos ao panorama musical de Coimbra podemos verificar um empobrecimento com o desaparecimento de muitas bandas nos ultimos tempos numa cidade que tinha quase tantos estilos musicais quanto bandas nos anos 90. Mas eu ja' me desviei do tema, reconheco, e nao me quero alongar mais.

Uma coisa e' inegavel: Coimbra esta'-se a tornar apenas em mais uma cidade com universidade como tantas outras "fabricas de licenciados".

[usaralho]

Talvez o que mais incomoda no fado não seja o ser triste. Talvez o que mais incomoda seja o ter alma. É fácil e menos cansativo entrar no rodopio de bebedeiras e festas sem significado, sem alma. A alma assusta a população de hoje como o papão assusta as crianças e essas descobrem mais tarde que, afinal, o papão existe. Não sei bem porque mas quando ouço fado de Coimbra sorrio.
À fábrica de licenciados podia acrescentar a secção de empacotamento emproado selados a aparência. É por isso que as bandas desaparecem.

[mackfireon]

Infelizmente isto é a geração "Morangos com Açúcar"...