Fórum Coimbra

"O Encontro Nacional da Cultura Científica “abriu o apetite” para os museus. Mário Nunes quer criar um museu e Seabra Santos está a trabalhar na criação do grande museu da ciência.

Coimbra tem espólio “para um grande museu das ciências, de nível internacional”. A frase é de Seabra Santos, mas subscrita por “vários especialistas” internacionais que avaliaram o espólio da universidade e da cidade. O reitor da universidade de Coimbra encerrou o Encontro Nacional da Cultura Científica para a Educação e o Desenvolvimento, que decorreu nos últimos dois dias, com o anúncio da “Fundação para o Museu das Ciências”, uma estrutura em que a Universidade está a trabalhar conjuntamente com a autarquia e o Museu Nacional da Ciência e da Técnica e que vai congregar todos os espaços museológicos da cidade.
Esta fundação, cuja constituição está para “muito próximo”, vai englobar num só museu todos os que actualmente funcionam de forma autónoma. “Existem muitos museus da ciência em Coimbra e, por isso mesmo, não existe nenhum museu da ciência. Queremos deixar de ter pequenos grupos e ter um grande museu da ciência que junte o enorme espólio e conte histórias transversais que englobem várias áreas científicas”, afirmou o reitor, referindo que as colecções da Universidade e do Museu Nacional da Ciência e da Técnica “não se sobrepõem, antes se complementam”.
Seabra Santos explicou que a criação de um grande museu da ciência pode trazer vantagens para a cidade a vários níveis. Para além das científicas e culturais, acarreta vantagens económicas. “As estatísticas dizem que um projecto destes é capaz de fazer duplicar o tempo de permanência dos turistas na cidade”, frisou, apelando, por isso, à adesão de promotores privados e públicos com “capacidade de investimento necessário à reconstrução de edifícios e ao funcionamento do museu”.
Também Mário Nunes, vereador da Cultura da Câmara de Coimbra, não deixa de parte a possibilidade da autarquia ter o seu próprio museu, referindo que Carlos Encarnação pretende, no seu mandato, lançar as bases para criação do museu da cidade no Convento de S. Francisco.
As duas intervenções decorreram na sessão de encerramento do Encontro Nacional da Cultura Científica que pretendia divulgar a rede de museus, analisar a sua relação com a escola e promover o conhecimento mútuo entre os museus e centros de ciência."

in As Beiras

Coimbra “perde” Museu da Ciência e da Técnica

O Museu Nacional da Ciência e da Técnica Dr. Mário Silva irá ser integrado no “Museu do Conhecimento” em Lisboa. O director da instituição demitiu-se.

O Museu Nacional da Ciência e da Técnica dr. Mário Silva, constituído em 1976, foi integrado na nova direcção–geral do Museu do Conhecimento, em Lisboa. Na prática, o espaço museológico de Coimbra deixa de ter a sua própria autonomia e passa a depender da referida entidade com sede na capital do país. A decisão foi deliberada pelo Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior através da publicação, a 6 de Janeiro deste ano, de uma Lei Orgânica onde estão bem patentes as referidas alterações, segundo o director do museu.

A notícia da “anunciada extinção” do Museu caiu que nem uma bomba em Coimbra, principalmente na instituição e na própria Universidade de Coimbra.

Paulo Gama, director do Museu, apresentou a demissão das funções que exercia há dois anos.

“Tomei essa decisão por não concordar com o que constitui, na prática, a extinção do museu”, disse.

Para Paulo Gama “trata–se de um atentado à cidade de Coimbra porque era a única no país que tinha um museu desta dimensão e importância fora de Lisboa”. O director demissionário não consegue perceber os objectivos do Ministério de um Governo que estando apenas em gestão publica leis com efeitos imediatos. Paulo Gama adiantou que gostaria que o futuro Governo não esquecesse o assunto e recuperasse a situação anterior. Paulo Gama esclareceu que não foi consultado pelo Ministério e aguarda a decisão da ministra sobre o seu pedido de demissão. Até ser aceite, Paulo Gama mantém–se em funções.

A Reitoria da Universidade de Coimbra também já reagiu.

“Trata–se de uma decisão incompreensível que só pode ter resultado de um descuido que urge corrigir com rapidez que o bom–senso determina”, esclareceu.

Para a Universidade de Coimbra a medida é “extemporânea e inconsequente”.

No documento que foi enviado ao DIÁRIO AS BEIRAS, a Reitoria esclarece que em tempo oportuno manifestou a sua discordância.

“A Universidade de Coimbra mantém a convicção profunda de que este episódio será rapidamente ultrapassado, de forma a fazer justiça ao Museu e ao seu patrono e defender a continuação de um projecto de grande contemporaneidade e interesse histórico e científico para a cidade e para o país”, concluiu.

Fonte: As Beiras