Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

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Pedro
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por Pedro »

Falta de aderência entre rodas e carril originou colisão de comboios em Alfarelos

O inquérito ao acidente ocorrido na segunda-feira à noite na Estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, no concelho de Soure, concluiu que a colisão entre os dois comboios foi motivada por falta de aderência entre as rodas e o carril.

Essa falta de aderência originou deslizamentos de ambos os comboios e contribuíram para a não imobilização dos mesmos antes do sinal de entrada da Estação de Alfarelos, refere o documento hoje divulgado.

Fonte: Diário de Coimbra
E afinal foi algo tão "simples" como falta de aderência...

Entretanto, ontem a linha já ficou normalizada.

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jjmaia
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por jjmaia »

Falta de aderência? Duvido que tenha sido só isso...

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Pedro
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por Pedro »

Falta de aderência entre rodas e carril originou acidente

O inquérito ao acidente ocorrido segunda-feira na Estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, no concelho de Soure, concluiu que a colisão entre os dois comboios foi motivada por falta de aderência entre as rodas e o carril.

Essa falta de aderência originou deslizamentos de ambos dos comboios e contribuiu para a não imobilização dos mesmos antes do sinal de entrada da Estação de Alfarelos, refere o documento hoje divulgado.

O embate de um comboio 'intercidades' na retaguarda de um 'regional', parado à entrada da estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, na segunda-feira, pelas 21:15, provocou 15 feridos ligeiros, assistidos nos Hospitais da Universidade de Coimbra, além de oito outros, que receberam tratamento e/ou assistência psicológica de equipas do INEM, mobilizadas para o local do acidente. Já todos os feridos tiveram alta médica.

"De momento, pelos depoimentos obtidos e dados já apurados, não há indícios de falha humana", afirmam os responsáveis pela investigação.

A Comissão de Inquérito considera também que o comportamento do sistema de sinalização foi o adequado, "transmitindo aos comboios envolvidos no acidente o objetivo de paragem ao sinal de entrada da estação de Alfarelos".

"As informações recolhidas pelos comboios dos pontos de informação CONVEL (sistema de controlo automático de velocidade, partilhado entre os operadores e a REFER) correspondem à sequência de aspetos apresentada pelos sinais" e as "distâncias de frenagem de ambos os comboios foram superiores ao esperado nomeadamente face ao modelo teórico da curva de frenagem", acrescenta.

Nas conclusões preliminares do inquérito ordenado pelo Governo à REFER e à CP para apuramento das causas da colisão lê-se também que as atuações de frenagem de emergência espoletadas pelo sistema CONVEL ocorreram tardiamente.

"Como reforço das condições de segurança, e tendo em conta que se conclui ter havido falta de aderência roda/carril e atuação tardia das frenagens de emergência despoletadas pelo sistema CONVEL, cujas causas não foi possível nesta fase apurar", a Comissão de Inquérito recomenda a "imposição duma restrição de velocidade de 30 quilómetros/hora à aproximação dos sinais S1 e SC1 da Estação de Alfarelos".

"Pelos mesmos motivos, recomenda-se a realização de um ensaio de linha com um comboio constituído por uma locomotiva e composição idênticas às do comboio intercidades n.º 529, simulando condições de circulação semelhantes em termos de velocidade e locais de aplicação do freio", acrescenta.

Os responsáveis pela averiguação das causas do acidente sugerem que o ensaio deve ser realizado em condições atmosféricas próximas das verificadas aquando da ocorrência do acidente, ou seja, à noite, com carris molhados e previamente à abertura da via ascendente à exploração comercial.

Fonte: Diário de Notícias
No DN vem uma notícia mais completa. Também me parece meio estranho que tenha sido algo como uma "derrapagem" num comboio... sinceramente, nem sabia que era possível acontecer uma falha de aderência desta magnitude apenas com chuva (pela violência do choque, a travagem efectuada deve ter tido um efeito próximo do zero).

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Pedro
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por Pedro »

Película de gordura na origem do acidente ferroviário de Alfarelos

Reunião de circunstâncias improváveis contribuiu para um dos desastres mais espectaculares do caminho-de-ferro em Portugal. Um ano depois, relatório continua escondido.

Faz um ano esta terça-feira que ocorreu em Alfarelos, concelho de Soure, distrito de Coimbra, um dos acidentes ferroviários mais espectaculares da história do caminho-de-ferro em Portugal, quando um Intercidades irrompeu por um comboio regional adentro, abrindo duas carruagens como se fossem folhas de papel. Um mero acaso — o facto de nesse dia o regional ir com o dobro das carruagens e não circular nas da cauda um único passageiro — evitou que o acidente redundasse numa tragédia.

As causas do acidente não são nada óbvias — e podem surpreender ou até mesmo fazer sorrir de condescendência as pessoas menos familiarizadas com o sistema ferroviário —, mas tudo se deveu a folhas de árvores caídas sobre os carris, que, uma vez esmagadas pelos rodados de várias composições, criaram uma película gordurosa que fez deslizar os comboios quando estes frenavam.

Doze meses depois a Secretaria de Estado dos Transportes recusa falar sobre este assunto. O PÚBLICO enviou cartas para a secretaria de Estado e vários emails para um dos assessores. A secretaria de Estado também não respondeu à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) sobre as razões por que recusa divulgar o relatório do acidente. O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que coordenou o inquérito, também rejeita divulgá-lo, contrariando mesmo uma deliberação da CADA que diz ser aquele um documento público.

Factores que contribuiram para acidente

Para o acidente concorreram diversas circunstâncias: a noite estava chuvosa e especialmente húmida, na véspera tinha havido um fortíssimo temporal que fizera soltar vegetação das árvores, e uns dias antes a própria Refer tivera perto do local do acidente uma brigada a desmatar as imediações da via-férrea. Aliás, nessa mesma noite outros maquinistas queixaram-se de dificuldades em frenar noutros locais da Linha do Norte.

Cada um destes factores por si só nunca provocaria um acidente. Por exemplo, o cálculo da distância necessária para fazer imobilizar um comboio tem sempre em conta, nos sistemas de frenagem das composições e na distância entre sinais, a situação mais difícil (e, mesmo assim, com uma majoração) para abranger casos extremos e assegurar patamares de segurança. É isso que faz com que andar de comboio num dia de chuva tenha a mesma segurança que num dia seco, apesar de os carris terem menos aderência (ao contrário do que acontece com os veículos rodoviários).

Mas o que aconteceu nesse dia em Alfarelos foi a reunião de um conjunto de circunstâncias bastante improváveis, que redundou num acidente.

A película de gordura provocada por folhas esmagadas nos carris é uma realidade conhecida entre os ferroviários. No Outono, na Inglaterra, em determinadas regiões com bosques, os operadores adequam os horários dos comboios a uma marcha mais reduzida para manterem os padrões de segurança. E na Inglaterra, mas também no Canadá e em França, os gestores da infra-estrutura possuem veículos apropriados para pulverizar a linha com produtos químicos que lavam os carris, eliminando a tal película gordurosa.

Segundo a RFF (Réseau Ferroviaire de France), congénere da portuguesa Refer, em 2012 as “folhas mortas” caídas sobre as linhas foram responsáveis por mais de 40 horas de atrasos de comboios em toda a rede ferroviária francesa.

Pacto de silêncio

Na maioria dos países europeus, os relatórios de acidentes ferroviários são divulgados, até para evitar que estes se repitam. Mas a CP e a Refer, entidades envolvidas neste acidente e que colaboraram no referido relatório (do qual só se conhece uma versão preliminar), recusam divulgá-lo. A Refer nem se dignou responder à CADA e a CP, num jogo do empurra, remeteu o assunto para o IMT, justificando que foi aquele instituto que coordenou a comissão de inquérito.

O pacto de silêncio entre os organismos envolvidos no acidente (todos públicos) vai mais longe: o PÚBLICO perguntou à Refer e à CP se foram seguidas as recomendações da comissão de inquérito destinadas a evitar a repetição do acidente, mas as duas empresas não responderam. Ambas, também, recusaram divulgar quais os custos do acidente, bem como o montante de indemnizações pagas.

Tecnicamente, tendo o acidente sido provocado por deficiência da infra-estrutura, competiria à Refer indemnizar os operadores (CP, CP Carga e Takargo) pelos danos materiais (só no caso da CP) e pelos atrasos e supressões de comboios na sequência do acidente, pois a Linha do Norte esteve três dias interrompida em Alfarelos para remoção dos destroços.

O acidente ocorreu às 21h15 de 21 de Janeiro, quando um Intercidades Lisboa-Porto embateu numa composição regional que estava parada à entrada da estação de Alfarelos, concelho de Soure, distrito de Coimbra. Esta última, que deveria ter parado ao sinal vermelho para entrar para uma linha desviada (a fim de ser ultrapassada pelo Intercidades), tinha “escorregado” nos carris e ultrapassado o referido sinal.

Nestas circunstâncias, a sinalização fica automaticamente accionada para interditar a aproximação dos comboios que vêm no mesmo sentido. Foi o que aconteceu. O maquinista do Intercidades deparou-se com um sinal amarelo e depois com outro, vermelho. Tentou frenar o comboio e pará-lo, mas este, simplesmente, continuou a desizar pela linha fora, apesar de o computador de bordo (Convel) ter também accionado a frenagem de emergência. Décimos de segundos antes do embate, com todos os sistemas de imobilização da composição accionados, ao maquinista não restou alternativa senão atirar-se para o chão da locomotiva, o que lhe terá salvo a vida.

Fonte: Público
Tudo causado por chuva e folhas esmagadas? :shock:

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bluestrattos
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por bluestrattos »

Pedro Escreveu:[...]

Tudo causado por chuva e folhas esmagadas? :shock:
este artigo está em ingles, mas explica o problema: link

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Pedro
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Re: Choque frontal de comboios na Granja do Ulmeiro

Mensagem por Pedro »

Relatório final ao acidente ferroviário da estação de Alfarelos inconclusivo

O relatório ao ferroviário de Alfarelos, em 2013, concluiu que o embate de um comboio ‘intercidades’ na retaguarda de um ‘regional’ ocorreu por falta de aderência entre as rodas e o carril, causada por “fatores externos não identificados”.

O relatório final da comissão de inquérito, a que a agência Lusa teve hoje acesso, iliba os maquinistas, e refere não ter sido encontrada nenhuma anomalia ou problema técnico no material circulante e sublinha que o sistema de sinalização funcionou normalmente.

Segundo o documento, o acidente, que provocou 15 feridos e avultados danos materiais, foi causado pela “existência de condições degradadas de aderência devido a fatores externos” que não foram identificados pelos quatro elementos (dois da CP – Comboios de Portugal e dois da REFER – Rede Ferroviária Nacional) que compõe a equipa nomeada para investigar o acidente ocorrido a 21 de janeiro de 2013, no concelho de Soure, distrito de Coimbra.

“Tendo ficado comprovado que se verificaram sucessivas patinagens e escorregamentos dos comboios no troço antes do sinal da estação de Alfarelos, que nos sistemas de frenagem [travagem] dos comboios não foram encontrados indícios de mau funcionamento, e dado que não conseguiram efetuar paragem ao referido sinal, comprovou-se que o acidente teve como causa a existência de condições degradadas de aderência”, descreve o relatório.

A falta de aderência já tinha sido apontada no relatório preliminar, elaborado pela mesma equipa e divulgado três dias após o acidente, como causa provável do mesmo.

O relatório realça, porém, que, nos dois dias anteriores ao acidente se verificaram condições meteorológicas muito adversas, tendo sido declarado alerta vermelho para diversos distritos, nomeadamente Leiria e Coimbra. O mau tempo provocou a dispersão de uma elevada quantidade de folhas e de pequenos ramos ao longo da via-férrea.

Uma norma de instrução, citada no relatório, refere que a presença de líquidos, de óleos e de folhas húmidas nos carris são fatores que modificam a aderência, sendo “especialmente perigosa” para a circulação ferroviária a presença de folhas nos carris.

O relatório preliminar assim como este relatório final foi elaborado por uma comissão de inquérito, composta por responsáveis da REFER e da CP, uma vez que aquando do acidente o organismo independente que devia investigar estes acidentes estava inativo.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, o ministério da Economia informa que, “pelas entidades envolvidas, foram e estão a ser tomadas diversas medidas com vista a mitigar o risco de recorrência de tais acidentes, cuja probabilidade de ocorrência era já de si extremamente reduzida”.

O embate de um comboio ‘intercidades’ na retaguarda de um ‘regional’, parado à entrada da estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, no concelho de Soure, na Linha do Norte, provocou 15 feridos ligeiros, que foram assistidos nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Sete pessoas foram ainda assistidas no local e nove receberam apoio psicológico das equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica.

Fonte: As Beiras
Em resumo... não se percebeu porque é que aconteceu e pode voltar a acontecer novamente, se houver o azar de se reunirem as mesmas condições.

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