Câmara de Lisboa cedeu Casa da Severa por 350 euros/mês

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Pedro
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Câmara de Lisboa cedeu Casa da Severa por 350 euros/mês

Mensagem por Pedro »

Câmara de Lisboa cedeu Casa da Severa por 350 euros/mês sem consulta ao mercado

Autarquia gastou 281 mil euros na recuperação do espaço. Foi convidada uma única empresa.

A Câmara de Lisboa, através da empresa municipal que gere os seus equipamentos culturais (EGEAC), cedeu a exploração de um espaço dedicado ao fado, por 350 euros mensais, a uma empresa acabada de criar e antes de a convidar a apresentar a sua proposta.

No local, situado na Mouraria e denominado Casa da Severa, por se supor que lá nasceu Maria Severa, uma das figuras marcantes da história do fado, a autarquia investiu 281 mil euros.

O edifício foi totalmente reabilitado e dotado de infra-estruturas e equipamentos de cozinha que permitem a instalação de um pequeno restaurante/casa de fado. A intervenção surgiu no âmbito do plano de requalificação da Mouraria, que o presidente da câmara, António Costa, tem vindo a protagonizar, e visa a criação de uma extensão do Museu do Fado, dependente da EGEAC. Do ponto de vista museológico não são conhecidas quaisquer propostas para o local, mas a sua componente de restauração e divulgação do fado foi inaugurada no dia 23, na presença de António Costa e de outros membros da vereação.

Para explorar e dinamizar a casa, a EGEAC escolheu a empresa Conquistamelodia, criada em Maio pelo fadista e produtor Helder Moutinho e mais dois sócios. De acordo com a directora do Museu do Fado, Sara Pereira, a proposta de lhes atribuir a exploração do espaço foi sua, atendendo a que "os outros interessados não ofereciam as mesmas garantias de qualidade", em matéria de programação cultural e de "experiência na área da restauração".

Helder Moutinho é um nome destacado no mundo do fado, não só como artista mas também como promotor de espectáculos, tendo-lhe sido adjudicados pela EGEAC, por ajuste directo, contratos de produção num valor próximo dos 460 mil euros, entre 2009 e 2012.

A documentação disponibilizada ao PÚBLICO pela EGEAC mostra que o seu presidente, Miguel Honrado, aprovou no dia 28 de Junho uma proposta da directora do Museu do Fado que contemplava "a celebração de um protocolo de parceria" com a Conquistamelodia para a Casa da Severa. A proposta dizia que a empresa "assumiria todos os encargos decorrentes da exploração do espaço (restaurante, cafetaria e programação regular de fado)", pagando à EGEAC uma "renda" mensal "não inferior a 350 euros".

Anexos a esta proposta e igualmente aprovados por Miguel Honrado estavam a "minuta de convite", que fixava o dia de 2 de Julho como limite de resposta, e o "caderno de encargos", que impõe um desconte de 25% para os funcionários da EGEAC. No dossier não constam os ofícios ou emails que terão acompanhado os convites formulados, mas a EGEAC confirma que apenas foi contactada a Conquistamelodia. A proposta subscrita por Helder Moutinho entrou no prazo previsto, 2 de Julho, e foi acompanhada, conforme solicitado, de um "plano estratégico de dinamização" da casa.

A empresa propôs-se pagar 350 euros por mês e manter o espaço aberto de terça-feira a sábado, entre as 19h e as 2h, com espectáculos de fado de quinta a sábado. Paralelamente comprometeu-se a projectar filmes, organizar tertúlias, conferências, workshops temáticos, e "outras actividades em parceria com o Museu do Fado". No que respeita à restauração, a oferta, diz a proposta, será constituída por "gastronomia nacional" e "produtos nacionais" - sendo certo que a sala dificilmente comporta mais de vinte pessoas à mesa.

Três dias depois, a 5 de Julho, Miguel Honrado aprovou a minuta do contrato que foi celebrado a 10 de Julho com a Conquistamelodia.

Numa taberna da Mouraria alguém dizia esta semana que Helder Moutinho já acompanhava as obras da casa em Maio. E comentava-se: "350 euros é quanto custa aqui o aluguer de um quarto."

Fonte: Público
Já nem se preocupam em disfarçar... :roll:

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