Artigo Público: comparação de preços entre supermercados

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Pedro
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Artigo Público: comparação de preços entre supermercados

Mensagem por Pedro »

Apesar das promoções, há preços que pouco diferem entre supermercados

Durante 13 semanas, o PÚBLICO visitou oito lojas, concluindo que quando uma loja baixa o preço, as outras imitam.

As campanhas e promoções são cada vez mais agressivas, as cadeias de distribuição competem pela carteira dos consumidores e quase todos os dias os corredores reluzem com cartazes a prometer os melhores descontos. Mas a verdade é que, em alguns produtos mais básicos, há preços que pouco divergem entre lojas.

Durante 13 semanas, nos meses de Fevereiro a Maio, o PÚBLICO visitou oito hipermercados e supermercados nas zonas de Lisboa, Oeiras, Cascais, Almada, Seixal, Matosinhos e Póvoa de Varzim, de seis cadeias diferentes - Continente (da Sonae, dona do PÚBLICO), Pingo Doce, Modelo Continente, Jumbo, Lidl e Minipreço - e encontrou valores nas prateleiras muito semelhantes. No leite, em quatro das semanas analisadas todas as oito lojas tinham o mesmo preço no pacote de uma marca líder (0,59 euros). O mesmo se passou com o arroz (1,15 euros). O néctar de sumo ostentou 0,99 euros durante cinco das 13 semanas. Já o preço do óleo foi igual durante sete semanas em sete lojas diferentes (2,19 euros).

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Para esta experiência foram escolhidos oito produtos de marcas reconhecidas e mais comuns. Além do leite, arroz, néctar e óleo, junta-se à lista atum em conserva, cenoura, detergente líquido para a roupa e pasta de dentes. Em média, os preços na prateleira mudaram apenas 2,65 vezes no período em análise. Há um valor de referência para cada artigo que parece nunca ser ultrapassado pelas cadeias de retalho alimentar e todas cumprem essa meta. Por exemplo, o atum em conserva nunca ultrapassa os 1,49 euros, e o arroz não excede os 1,15 euros.

No caso do néctar, o valor mínimo encontrado foi 0,99 euros, menos 20 cêntimos do que o preço mais alto. As diferenças mais acentuadas registaram-se na pasta de dentes (ver infografia): houve preços de 3,49 (o mais alto) e de 2,89 (o mais baixo), 60 cêntimos a menos, entre as oito lojas visitadas. Foi no leite que o preço menos baixou. Apesar das promoções de que foi alvo, o desconto máximo foi de cinco cêntimos.

Pedro Pimental, director-geral da Centromarca, Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca - que tem entre os seus associados desde a Coca-Cola à Delta - diz que há vários factores que explicam esta relativa estabilidade de preços. O fornecimento dos produtos aos supermercados é feito através de contratos válidos, no mínimo, um ano e com prazos definidos. A mesma explicação é avançada pelo departamento de comunicação do Lidl. Se não houvesse promoções ou campanhas, em teoria, o preço negociado inicialmente deveria manter-se inalterado.

Seguir a concorrência

Além disso, todos os operadores fazem o chamado "shopping", ou seja, visitam todos os dias as lojas da concorrência para anotar preços. "Quando uma cadeia faz um movimento de descida, as outras sabem e reagem. Isso justifica este alinhamento de preços", diz Pedro Pimentel, acrescentando que no caso dos produtos básicos é ainda mais notório. "Se uma cadeia tiver preços muito diferentes no leite, arroz, azeite, nota-se. São produtos que se tiverem grande variação, levam o cliente a escolher outra loja", revela.

Por seu lado, José António Rousseau, presidente do Fórum do Consumo e antigo director da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), sublinha ainda que nos produtos não transformados (como o arroz ou o leite) "é natural que os valores sejam iguais" também devido ao preço das matérias-primas nos mercados internacionais.

Apesar das semelhanças nas prateleiras, todos os artigos sofreram alterações nos preços, que mudam por muitas razões. Porque a taxa de IVA se alterou, porque as marcas reconfiguram embalagens, oferecendo mais por menos. Mudam porque há promoções. Ou ainda porque há excesso de stock e é preciso escoar mercadoria.

Do lado da distribuição, "a gestão não é feita produto a produto, mas sim por categoria [por exemplo, categoria de produtos frescos]", diz José António Rousseau. "O que interessa é ter uma boa margem [de lucro] na categoria toda", continua, acrescentando que a iniciativa da promoção pode ser tanto do produtor como do distribuidor.

Sílvia Faria, professora de Gestão de Preços no IPAM Porto (Instituto Português de Administração de Marketing), sublinha ainda que "o preço de venda ao público depende da oferta - locais de pouca oferta permitem a prática de preços mais elevados. Depende também da quantificação da procura".

O produto que mais oscilação teve foram as cenouras, o único artigo fresco da lista. Fonte oficial do Lidl adianta que "alguns produtos têm acordos de [fornecimento] de curta duração e, como tal, poderão existir variações de preço com maior frequência".

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Entre as oito lojas visitadas, o preço do quilo variou em média 5,87 vezes, chegando, em algumas, a mudar dez, sete ou seis vezes em apenas três meses. De uma semana para a outra, descia de 0,55 euros para 0,35 euros, por exemplo. Seguiram-se o arroz, a pasta de dentes, o leite, o atum, o óleo, o néctar e o detergente - um dos casos de maior estabilidade de preços semana após semana.

Analisando com mais detalhe o caso do leite, é possível constatar o tal limite, a referência de preço que parece nunca ser ultrapassada. Nunca subiu além dos 0,59 euros por litro e, na maioria das vezes, quando baixou de preço nunca ia abaixo dos 0,54 euros.

Nas últimas três semanas do período em análise registou-se uma tendência pouco habitual: o leite de marca de fabricante teve o mesmo preço do leite de marca da distribuição no Continente Sul (em duas semanas), Modelo Continente (durante duas semanas) e Jumbo (uma semana).

Esta tendência "não é habitual", diz Pedro Pimentel e altera a "hierarquia natural que existe nas prateleiras". Os produtos mais caros são, geralmente, os das marcas mais reconhecidas pelos consumidores, não os que são detidos pelas cadeias de supermercados. Foram identificados casos semelhantes no arroz, no Jumbo e no Continente.

O PÚBLICO contactou a APED e as cadeias envolvidas mas não foi possível obter comentários de todos, com excepção do Lidl. O Dia/Minipreço entende que "a amostra é pouco representativa" para se pronunciar "de forma conclusiva".

Nota: A recolha de preços foi efectuada entre Fevereiro e a primeira semana de Maio em oito lojas diferentes e mais próximas da residência dos jornalistas que fizeram o levantamento dos dados: Lisboa, Cascais, Oeiras, Seixal, Almada, Póvoa de Varzim e Matosinhos. Foram escolhidos produtos de primeira necessidade, que geralmente não faltam no carrinho de compras, e de marcas reconhecidas. Esta análise não tem cariz científico e pretende olhar para as prateleiras do ponto de vista do consumidor. Salvaguardam-se eventuais erros no levantamento de preços.Não foi possível registar preços no Lidl na segunda semana de Fevereiro e no Jumbo na última semana desse mês. O mesmo se passou no Modelo Continente nas duas primeiras semanas de Abril e no Pingo Doce na segunda semana de Abril. No Lidl, também não houve registo do preço do arroz na última semana de Abril, e da pasta de dentes na última de Março. Não se registou o preço do atum no Continente na primeira semana de Abril.

Fonte: Público
É um artigo relativamente interessante, embora pudesse ser mais completo. Também já tinha reparado que há sempre tentativas de price matching nos produtos essenciais e que, muitas vezes, a diferença é reduzida... mas também há produtos que acabam por compensar mais num lado do que noutro.

Também interessante na análise do preço da cenoura é ver como, no Jumbo, na semana 8 atingiu o valor mais baixo de todos e, na semana a seguir, o valor mais alto (e depois voltou a nivelar por baixo).

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bluestrattos
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Re: Artigo Público: comparação de preços entre supermercados

Mensagem por bluestrattos »

O comportamento é semelhante no que toca ao combustível, principalmemte nas auto-estradas.

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