Jogos Olímpicos de Pequim 2008

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RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

Lino Escreveu:
duffy Escreveu:Acabaram :) Daqui a 4 anos há mais e esperemos que seja com melhores resultados para Portugal.
Temos os paralímpicos em que veremos os nossos atletas a ganhar o triplo das medalhas, como sempre! E sem apoios nenhuns do Estado!!
Duvido que seja só o triplo! :lol: E só levam 33 atletas!

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

Isto é um brasileiro a dizer, mas podia perfeitamente ser um português...


UM PAÍS QUE CAI E CHORA

James Pizarro

Sou tomado de profunda melancolia ao contemplar o desempenho do Brasil nas Olimpíadas... e constatar nossa colocação no quadro de medalhas...comparar nosso país com os países que estão à nossa frente.
Fico triste ao ver que na nossa seleção olímpica de futebol existem jogadores que ganham milhões e milhões de dólares, enquanto representantes do nosso judô choram e são humilhados por não ter dinheiro para pagar o exame de faixa preta.
Fico irado ao ver o Galvão Bueno, nas transmissões da Globo, enaltecer delirantemente 'o gênio mágico' do 'fenômeno' Phelps, nadador norte-americano... e não falar no mesmo tom do nosso nadador Cielo, este sim, um fenômeno. Fenômeno porque treinou seis horas por dia nos três últimos anos, numa cidade do interior dos EUA, sustentado pelos próprios pais e pela generosidade de alguns amigos, pois não recebe um auxílio oficial.
Fico depressivo ao contemplar na TV nossas minguadas medalhas de bronze.
E fico pensando que, de cada mega-sena e outras loterias oficiais, o governo paga apenas 30 % do arrecado ao ganhador e propaga que os outros 70 % são destinados a isso ou aquilo, sem que a gente possa fiscalizar com nitidez essa aplicação.
Estou por completar 66 anos. E desde pequenino tem sido assim. Lembro do Ademar Ferreira da Silva, nosso bicampeão olímpico do salto tríplice que foi competir tuberculoso!
E jamais me sairá da mente o olhar de estupor de Diego Hipólito caindo de bunda no chão no final da sua apresentação, quando por infelicidade e questão de dois segundos deixou de subir ao pódio. E de suas lágrimas pedindo desculpas, quando ele não tem culpa de nada. Das lágrimas de outros atletas brasileiras dizendo que não deu. Pedindo desculpas aos familiares e ao povo.
Meus Deus!
Será que vou morrer vendo um povo que só chora e pede desculpas?
Será que vou morrer num país que se estatela de bunda no chão, enquanto os políticos roubam descadaradamente e as CPIs não dão em nada?
Será que vou morrer num país que se contenta com o assistencialismo e o paternalismo oficiais, um povo que vende seu voto por bolsa-família e por receber um botijão de gás de esmola por mês?
Até quando, meu Deus?

RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

Não tendo já tudo haver com o tópico, Naide Gomes ganhou hoje o Meeting de Lausana, na Suiça, deixando a campeã olímpica no 4º lugar! :lol:

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bluestrattos
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Mensagem por bluestrattos »

RuiSantos Escreveu:Não tendo já tudo haver com o tópico, Naide Gomes ganhou hoje o Meeting de Lausana, na Suiça, deixando a campeã olímpica no 4º lugar! :lol:
Essa vitória tem o valor que tem, mas o que realmente importa são os JO, pois essa a mãe de todas as competições, e onde muitos jogadores se superam e dão o máximo de si (ou pelo menos deveriam).

O Nelson Évora provou nos JO que os títulos que conseguiu não foi por sorte, pena é que foi o único a provar isso....

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Ruizito
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Mensagem por Ruizito »

Parabéns ao conimbricence António Marques, pela sua prata nos paralimpicos.

RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

Ruizito Escreveu:Parabéns ao conimbricence António Marques, pela sua prata nos paralimpicos.
Salvo erro mais especificamente de Penacova e o que ganhou o ouro também é da zona centro, de Vale de Cambra. :)

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duffy
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Mensagem por duffy »

Um momento bem captado :lol:

http://www.uhull.com.br/wp-content/uplo ... 2adbfe.jpg

Imagem passada a link por infracção a esta regra. Primeiro aviso.

RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

duffy Escreveu:Um momento bem captado :lol:
Ahah!
Podes ver aquimais duas! :)

RuiSantos
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Mensagem por RuiSantos »

por Manuel João C. Silva - docente da FCDEF

A participação olímpica para além do óbvio

Sem o ruído de funileiros, cartomantes, cineastas, cirurgiões e outros iluminados dedicados a explicar o insucesso da delegação portuguesa, parecem existir condições para inventariar argumentos e ensaiar orientações para o futuro.
Apesar de termos levado nove elementos entre os três melhores classificados em ranking mundiais, jogos olímpicos precedentes e ainda campeonatos da Europa ou do Mundo [atletismo, esgrima, judo, tiro, vela], o comandante Vicente Moura não era obrigado a assinar um contrato-programa obrigando-se a quatro medalhas e 60 pontos. A improbabilidade constitui um dos principais atributos do fenómeno desportivo, tornando-o fascinante. Que o diga Pedro Póvoa, apurado a três meses da competição de Taekwondo, acabou por ser dos poucos contribuintes para os diplomas olímpicos.
Sabem os portugueses quantas medalhas foram conquistas por atletas do Wyoming ou do Dakota do Norte, estados sociodemograficamente correspondentes ao nosso país? Se a China ganhasse duas medalhas por cada 10 milhões de habitantes existiriam medalhas suficientes para distribuir?
Antigamente, os governantes aproveitavam a onda neurótica para prometer uma nova política para o Desporto Escolar. Desta vez, não tiveram essa desfaçatez. O Desporto Escolar, onde João Ganço descobriu Nelson Évora, é uma aposta intermitente e dependente dos jogos de sorte e azar. O subsistema funcionou com as receitas do totobola. Só entre 1999 e 2002, e muito por culpa do Euromilhões, esta fonte de receita desceu de 4.249.478€ para 2.548.314€, somando-se 484.377€ provenientes do OE. Apesar da anorexia orçamental, o programa registou 120 mil jovens escolares. Quanto tínhamos professores motivados não tínhamos pavilhões nas escolas, agora com as escolas bem equipadas, o Desporto Escolar eclipsou-se.
A penúria do desporto português não é específica de actual governo nem se circunscreve ao subsistema escolar. O desinvestimento tem sido disfarçado pela capacidade do associativismo desportivo assegurar a oferta desportiva a mais de 400 mil praticantes. As federações com estatuto de utilidade pública desportiva funcionam com dotações inferiores a 100 euros/atleta/ano. Valores incompatíveis com os investimentos necessários nas tecnologias de optimização do rendimento no desporto contemporâneo, como bem pode atestar a empresa portuguesa que trabalhou com a NASA e o Instituto Australiano do Desporto para produzir o fato do nadador Michael Phelps.
Elogie-se o apoio de 15 milhões à preparação olímpica. O valor é substancialmente superior ao disponibilizado no ciclos anteriores com a vantagem de ter sido calendarizado e rigorosamente cumprido. Na arena internacional, a quantia supramencionada é inferior aquilo que a Austrália está a investir para tentar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Inverno. A mesma Austrália, sabendo que o apuro da forma desportiva em esforços de longa duração resulta de um ciclo de treino onde os atletas ficam vulneráveis a episódios críticos de depressão imunológica, transportou os seus nadadores para Pequim, alugando um avião com ar purificado e ventilado em máscaras individuais Este detalhe custa o equivalente ao orçamental anual da preparação portuguesa.
Por cá, fui professor de dois atletas presentes em Pequim. A lançadora do martelo que confessou não ter sido talhada para este tipo de competições treina no Juventude Vidigalense, estuda com aproveitamento na Universidade de Coimbra, tendo como substrato a dieta dos serviços sociais. Quantos de nós conseguiríamos nestas condições estar entre os 40 melhores do Mundo naquilo que sabemos fazer. Outra aluna, tendo recebido a convocatória quando a comitiva já estava em Pequim, viajou numa carreira aérea comercial e depois de dezenas de horas de viagem afirmou-se entre a melhor vintena do planeta.
Estamos perante problemas culturais, demográficos e económicos que nos devem levar à não comparação com outros países. É preferível elogiar o facto de termos levado a Pequim mais de 70 atletas ou ainda termos portugueses na elite mundial de 17 modalidades. Mais importante, em modalidades como o atletismo, onde tradicionalmente marcámos presença no pódio, o sucesso desportivo transferiu-se de especialidades sacrificais (como a maratona e os 10 mil metros, Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro) para desempenhos onde só é possível alcançar o pódio com tecnicidade e investimento tecnológico. É isso que se espera para outros sectores sociais e de desenvolvimento económico.

asBeiras
Achei particularmente curioso o que o comité australiano fez só para a selecção da natação! :mrgreen:

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