Nuno Piloto: cinco anos entre os «efe-erre-ás» e os relvados

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Chong Li
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Nuno Piloto: cinco anos entre os «efe-erre-ás» e os relvados

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Entre os relvados e os apontamentos de Bioquímica. Assim tem sido a vida de Nuno Piloto, médio da Académica que está prestes a concluir a licenciatura em Bioquímica, após cinco anos em que teve de abdicar das farras para poder cumprir com os compromissos de um futebolista profissional. Uma opção da qual não se arrepende e que, acredita, muitos jovens fariam se pudessem conciliar os estudos com o futebol.

Antes de chegar a Coimbra para estudar, Nuno Piloto já jogava no Repezense, perto de Viseu, de onde é oriundo: «Sabia que tinha entrado para a Universidade de Coimbra e por isso fui treinar à experiência nos juniores da Académica e fiquei. No primeiro ano de sénior fui emprestado ao Anadia, depois joguei na equipa B. No ano passado estive na equipa principal, mas infelizmente lesionado durante a maior parte do tempo e só este ano tenho jogado com regularidade».

Conciliar o futebol e os estudos não foi fácil, mas com uma ajuda dos amigos tudo acabou por se resolver. «Como treinava não podia ir às aulas, mas tinha sempre colegas de anos mais avançados ou do meu ano que me emprestavam os apontamentos para eu poder estudar», contou ao Maisfutebol. Proibidas estavam as noitadas a preparar os exames da faculdade: «Estudo sempre de manhã. Preferia levantar-se um bocado mais cedo, até porque não dá muito jeito fazer noitadas a estudar sendo jogador», explicou.

Dito assim até parece simples, mas a verdade é que para chegar à licenciatura teve de gerir bem os seus horários: «É claro que custou, sobretudo nos primeiros anos, até porque era nessa altura que tinha disciplinas como a Matemática e a Física, que abaram por ser a base para o resto do curso. A partir daí foi mais fácil. No início era júnior e era mais simples. Quando fui emprestado ao Anadia os horários também não eram tão rigorosos». O jogador nunca ouviu «bocas» dos colegas até porque «poucos sabiam que jogava futebol, uma vez que não estava na equipa principal».

Em Coimbra, mas longe da boémia

O futebol levou-o a uma vida universitária pouco boémia. As noitadas e os excessos alcoólicos tiveram de ser postos de parte a bem da carreira de futebolista: «Passei um bocado ao lado. Ser jogador de futebol tem os seus custos. Há sempre jantares e festas a que posso ir, mas falhei a maior parte. Tudo depende das opções que temos de tomar. Muitas vezes questionei-me se estaria a agir correctamente ao perder os melhores anos da minha vida, mas se na altura não me arrependi, agora também não é a altura de me arrepender».

O curso está quase terminado. O estágio está feito, a tese está entregue e vai defendê-la para a semana. Se tudo correr bem, tornar-se-á um jogador licenciado, recuperando assim o espírito que durante muitos anos vigorou na «Briosa». Um espírito que gostava de ver recuperado.

«A actual direcção está a tentar promover esse espírito entre os jogadores. Faz parte da mística e da tradição e é uma coisa que se tem vindo a perder, até porque o futebol está agora mais competitivo e o mercado mais alargado. Mas penso que se fosse feita uma boa prospecção pelo país seria possível encontrar muitos casos de pessoas que gostariam de ser jogadores profissionais e de continuar a estudar. Há muita gente que deixou de estudar para jogar futebol e outros que deixaram o futebol para prosseguirem os estudos. Uma aposta nesses jovens faria com que tivessem possibilidades de sucesso nas duas áreas», considerou o jogador.

Aos 23 anos e quase com o «canudo» na mão, Nuno Piloto já tem em vista várias opções para quando deixar os relvados: «Na área na Bioquímica existem várias hipóteses. Há a investigação, mas em Portugal é complicado, porque funciona muito à base de bolsas e há também as análises clínicas ou algo ligado à anti-dopagem. Se no final da minha carreira como futebolista pudesse continuar ligado ao desporto era bom».

2005/10/07 in maisfutebol

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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Já existe um tópico para discutir o que ocorre na AAC/OAF esta época, pelo que vou bloquear este.

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